Dilma se compromete com metas que dependem da Petrobras
Presidenta promete ampliar investimentos na educação que estão vinculados aos recursos do pré-sal, e novos projetos de infraestrutura que requerem apoio de empreiteiras
Todo discurso oficial é recheado de otimismo e de boas intenções que nem sempre serão factíveis de cumprir. À vontade com a confirmação de seu segundo mandato, a presidenta se comprometeu com novos projetos de infraestrutura e educação que são de fundamental importância para o país, mas dependem de como vai evoluir o imbróglio da Petrobras, por exemplo. Dilma garantiu que educação será a “prioridade das prioridades” e que a área vai ganhar mais verba para cumprir o novo lema do país, “Brasil, pátria educadora”. “Ao longo deste novo mandato, a educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e do fundo social do pré-sal. Assim, à nossa determinação política se somarão mais recursos e mais investimento”, garantiu a presidenta.
A Petrobras, efetivamente, vem cumprindo suas metas de produção, inclusive batendo recordes de extração da matéria-prima. A questão é saber como o processo de investigação na estatal, que já obrigou a empresa a atrasar a divulgação do balanço do terceiro trimestre para o final deste mês, pode afetar o desempenho da companhia, sob a pressão da severa investigação da Polícia Federal. A presidenta procurou mostrar tranquilidade quando se referiu à companhia. “A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de implantar, na Petrobras, a mais eficiente e rigorosa estrutura de governança e controle que uma empresa já teve no Brasil”, disse ela em seu discurso no Parlamento, ouvido também pela presidenta da Petrobras, Graça Foster, que prestigiou a posse de Dilma no Palácio do Planalto.
Outro compromisso assumido durante o seu discurso é com um projeto ousado na área de infraestrutura e logística. Ela anunciou o lançamento de um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o segundo Programa de Investimento em Logística, além da ampliação do seu programa de habitação popular, Minha Casa Minha Vida. “Assim, a partir de 2015 iniciaremos a implantação de uma nova carteira de investimento em logística, energia, infraestrutura social e urbana, combinando investimento público e, sobretudo, parcerias privadas”, explicou. A questão é saber se as principais empreiteiras do país, hoje arroladas com as investigações da Petrobras, estarão aptas, ou com dinheiro em caixa, para aportar bilhões de reais em projetos de longo prazo.
As promessas feitas neste primeiro de janeiro reforçam ainda mais o papel que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assume. Caberá a ele o papel de tranquilizar o mercado e resgatar a confiança abalada dos investidores no primeiro mandato. Dilma mandou diversos recados nesse sentido para o mundo econômico. “As mudanças que o país espera para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia”, discursou. Mas, Dilma disse também que sempre se orientou por valores como a “o imperativo da disciplina fiscal”, hoje um calcanhar de Aquiles do seu Governo. Por isso, a presidenta começa o segundo mandato com mais dúvidas do que certezas quanto à realização de suas boas intenções. Ela fechou a sua fala com um verso subjetivo: "O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois". Para seus eleitores, a colocação traz esperança. Mas para metade do Brasil parecem metas impossíveis de cumprir, somente factíveis por um milagre da eficiência.
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