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Coluna
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Erros e acertos dos astros

Afinal de contas, quais das previsões para este ano realmente se realizaram?

No dia 25 de dezembro do ano passado, publiquei aqui neste espaço um texto intitulado Previsões para 2014, onde, consultados os videntes Janjão do Jardim Paraná e Tia Maura, tentava antecipar alguns fatos que ocorreriam ao longo deste ano. Vamos conferir as predições.

Começávamos assim: “O assunto mais comentado de 2014, no Brasil, e na maior parte do planeta, será, sem dúvida alguma, o futebol”. E continuávamos: “Haverá manifestações, tímidas umas, arrojadas outras, contra a corrupção que triplicou o orçamento dos estádios – elefantes brancos, muitos jamais voltarão a ser utilizados – e de obras de infraestrutura que, embora necessárias, talvez não fossem prioritárias. Quando junho chegar, o país será invadido por hordas de torcedores ávidos por bebida e prostituição – que a beleza de um espetáculo de futebol significa apenas 90 dos 1440 minutos do dia. Em meados de julho, quando tudo estiver findo, o que restará?” A Copa do Mundo só não foi o assunto mais comentado do ano por causa do retumbante, e impensável, fracasso da seleção brasileira, que calou a todos de maneira definitiva, tanto os entusiastas, quanto os adversários. Findos os jogos, iniciamos a semana do dia 14 de julho em silêncio, como sempre agimos no Brasil frente a qualquer tema desagradável: acreditamos sinceramente que, se não abordarmos determinado problema, ele não existe... Quanto ao resultado da Copa do Mundo, o acerto foi claro. À pergunta, “quem guardará a Taça Fifa pelos quatros anos seguintes”, respondemos: “um país, já vencedor anteriormente, com a cor branca estampada em seu uniforme ou em sua bandeira”, ou seja, a Alemanha...

Outro acerto: “a campanha eleitoral (...) invadirá as ruas, os bares, as casas e dividirá famílias, encerrará amizades e romperá namoros e casamentos... Muitos analistas dirão que o desempenho da seleção nacional nos campos de futebol determinará o humor dos eleitores nas urnas. Porém, não é isso que quem caminha pelas cidades escuta... A percepção é, chova ou faça sol, a situação dificilmente verá abalada suas pretensões de permanência no poder. E, isso, por uma razão simples: no Brasil, a educação e a saúde nos envergonham, a corrupção grassa em todos os níveis da administração pública e da sociedade civil, os cuidados com o meio ambiente são ignorados, a violência nas ruas, emulada pelo tráfico de drogas, é dado corriqueiro, e, entre quatro paredes, opressiva. Mas, e esse ‘mas’ é fundamental, a classe média baixa nunca esteve tão bem: com um pouco mais de dinheiro injetado no orçamento doméstico come mais, compra carros e eletrodomésticos, anda de avião, consegue colocar o filho na universidade, seja pelo regime de cotas, pelo sistema de acesso via Enem ou com bolsas do Prouni”. Estas palavras valem por si mesmas...

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Mas também erramos... Ou melhor, os astros erraram... Apostamos num “modesto crescimento” do PIB, algo em torno de 2% – e o resultado deve ser um medíocre desempenho de 0,16%. O que preocupa, na verdade, é que a expectativa inicial do governo para 2014 era de crescimento de 3,8% – e agora a previsão oficial é de crescimento de 0,8%... Ou seja, nossa perspectiva para 2015 não é das melhores... Erraram também os astros com relação à inflação: estimamos em 5% a alta de preços – e encerraremos o ano com 6,5%...

Apesar da seca que atinge o Brasil – à exceção do sul do país – este vaticínio é todo correto, mas, neste caso, infelizmente, não precisaríamos nem recorrer aos astros, basta conhecermos a historia do país onde vivemos: “No verão, chuvas causarão desmoronamentos e mortes em bairros pobres de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina e incêndios consumirão florestas em Minas Gerais, Mato Grosso e Amazonas. Grandes empresários serão denunciados por corrupção, e políticos serão presos em orgias de cocaína e mulheres – uns e outros aparecerão indignados na televisão, alegando inocência, retidão de caráter, vida ilibada. Mulheres serão assassinadas pelo companheiro, homossexuais serão vítima do preconceito, amarildos serão mortos pela polícia, animais silvestres serão dizimados por fazendeiros comedores de árvores”.

Por fim, anotamos: “Nos manteremos como a sétima economia do mundo. E nos manteremos como a terceira mais injusta distribuição de renda do planeta”. Porém, essa sentença qualquer pessoa, minimamente informada, poderia proferir...

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