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Combate ao terrorismo

Dois reféns morrem em um resgate malsucedido no Iêmen

São o jornalista norte-americano Luke Somers e o voluntário sul-africano Pierre Korkie

O jornalista norte-americano Luke Somers.
O jornalista norte-americano Luke Somers.YAHYA ARHAB (EFE)

O jornalista norte-americano Luke Somers, sequestrado pela Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) em setembro de 2013, morreu na sexta-feira durante a operação de resgate lançada pelos Estados Unidos para conseguir sua libertação na província de Shabwa. A missão, na qual colaboraram as forças militares norte-americanas e iemenitas, tinha como objetivo resgatar Luke e outro prisioneiro de origem sul-africana, que também morreu.

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O presidente Obama assegurou no sábado em um comunicado que ordenou a operação de resgate ao concluir que a vida de Somers estava “em perigo iminente”. Segundo fontes consultadas pelos veículos de comunicação norte-americanos, Obama deu sinal verde para a tentativa de resgate na manhã de sexta. “Minha maior responsabilidade é fazer todo o possível para proteger as vidas dos norte-americanos. Como essa e operações anteriores de resgate demonstram, os Estados Unidos não medirão nenhum esforço militar, de Inteligência ou diplomático para trazer seus cidadãos para casa, estejam onde estiverem”.

O segundo prisioneiro que perdeu a vida é Pierre Korkie, voluntário no Iêmen para a ONG Gift of the Givers, da mesma nacionalidade. “Morreu durante uma tentativa de operação de resgate na manhã de sábado”, assegurou o fundador da organização, Imtiaz Sooliman. “Recebemos com tristeza a notícia de sua morte e enviamos condolências para sua família”.

O presidente Obama chamou a morte do norte-americano de “assassinato”. O secretário de Defesa, Chuck Hagel, atribuiu diretamente a responsabilidade do ocorrido ao grupo terrorista AQPA. “Da parte de todos os homens e mulheres do Exército dos Estados Unidos, ofereço minhas condolências e orações para seus familiares e seres queridos”, afirmou Hagel, que se encontra em visita oficial no Afeganistão antes de passar o cargo para seu substituto, Ashton Carter.

Fontes do Departamento de Defesa informaram ao jornal The Washington Post que as unidades da operação de resgate encontraram os dois reféns feridos. Por outro lado, o The New York Times informa, citando uma testemunha da operação, que os sequestradores dispararam contra Somers e o outro sequestrado ao detectar a presença dos comandos norte-americanos e iemenitas. Um dos reféns morreu durante o transporte para um dos barcos da armada norte-americana na região, enquanto o outro morreu na sala de cirurgia enquanto tentavam salvar sua vida.

A morte dos dois reféns ocorre alguns dias depois da Casa Branca confirmar que Obama havia autorizado uma operação de resgate semelhante, também malsucedida, no mês de novembro. Naquele caso, as forças norte-americanas e iemenitas conseguiram resgatar oito reféns – seis iemenitas, um saudita e um etíope – mas não conseguiram encontrar Somers naquela localização.

O jornalista havia permanecido sequestrado junto com um britânico no Iêmen, ainda que ambos tenham sido separados um pouco antes de acontecer a operação de resgate. Nessa semana, o grupo extremista iemenita AQPA publicou um vídeo no qual ameaçava assassinar Somers se os EUA não cumprissem suas demandas. A gravação também advertia as forças norte-americanas das consequências de uma nova tentativa de libertá-los.

Em um primeiro momento, o Ministério da Defesa iemenita afirmou que a operação havia conseguido a libertação do cidadão norte-americano e que havia causado a morte de uma dezena de milicianos. Entretanto, fontes do mesmo país acabaram desmentindo essa versão, ao verificar a morte do repórter. A irmã do jornalista, Lucy Somers, também confirmou sua morte para alguns meios de comunicação, o que foi confirmado logo depois por agentes do FBI. “Só pedimos que nos deixem chorá-lo em paz”, disse.

Somers, de 33 anos, foi sequestrado no Iêmen em setembro de 2013 quando trabalhava como repórter e fotógrafo para os veículos de comunicação locais e internacionais, incluindo a rede de tevê britânica BBC. Já Korkie foi sequestrado com sua mulher Yolande em maio do ano passado. Ela foi colocada em liberdade em 10 de janeiro e voltou para a África do Sul alguns dias depois, graças à negociação da ONG para a qual ambos trabalhavam.

Com a morte de Somers no Iêmen, sobem para quatro os reféns norte-americanos assassinados pelas mãos de seus captores nos últimos meses. A perda desse último refém chega também em um momento de transição no Departamento de Defesa, após a demissão na semana passada do secretário Hagel e sua substituição por aquele que era seu número dois, Carter, apresentado na mesma semana. O acontecimento foi interpretado como a necessidade fazer uma mudança na estratégia antiterrorista norte-americana na região, provocada pelo recrudescimento do conflito do Iraque e Síria com a presença do Exército Islâmico.

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