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As vidas secas do sertão brasileiro

Como vivem as pessoas que não têm acesso à água na região mais seca do Brasil

  • O agricultor Genivaldo Rodrigues da Silva, de 56 anos, que há 34 anos ganhou do Governo um lote irrigado na Agrovila 1, no município de Ibimirim (Pernambuco), teve que reduzir sua plantação por causa do esvaziamento do Açude de Poço da Cruz. A represa, que será uma das contempladas pela transposição do São Francisco, está quase seca por conta da falta de chuvas na região. Ele posa ao lado da escultura de seu padroeiro, o Padre Cícero.
    1O agricultor Genivaldo Rodrigues da Silva, de 56 anos, que há 34 anos ganhou do Governo um lote irrigado na Agrovila 1, no município de Ibimirim (Pernambuco), teve que reduzir sua plantação por causa do esvaziamento do Açude de Poço da Cruz. A represa, que será uma das contempladas pela transposição do São Francisco, está quase seca por conta da falta de chuvas na região. Ele posa ao lado da escultura de seu padroeiro, o Padre Cícero.
  • A seca no açude fez com que o Governo passasse a enviar água para irrigar as terras da Agrovila apenas a cada dez dias, desde 2012. A maior parte da terra, onde Genivaldo plantava tomate, milho, feijão, algodão, agora está vazia. Só restaram a plantação de banana e uma área de pasto para o gado. Na época de produção boa, ele conseguia tirar até 2.000 reais com a venda dos produtos. Hoje, o rendimento caiu para cerca de 500 reais ao mês.
    2A seca no açude fez com que o Governo passasse a enviar água para irrigar as terras da Agrovila apenas a cada dez dias, desde 2012. A maior parte da terra, onde Genivaldo plantava tomate, milho, feijão, algodão, agora está vazia. Só restaram a plantação de banana e uma área de pasto para o gado. Na época de produção boa, ele conseguia tirar até 2.000 reais com a venda dos produtos. Hoje, o rendimento caiu para cerca de 500 reais ao mês.
  • Adão Cordeiro de Araújo, de 69 anos, que tinha uma plantação farta e poços de água em quantidade suficiente em seus 78 hectares de terreno, próximo ao futuro reservatório Cacimba Nova, em Pernambuco. A represa, que receberá água do rio São Francisco, está com as obras paradas.
    3Adão Cordeiro de Araújo, de 69 anos, que tinha uma plantação farta e poços de água em quantidade suficiente em seus 78 hectares de terreno, próximo ao futuro reservatório Cacimba Nova, em Pernambuco. A represa, que receberá água do rio São Francisco, está com as obras paradas.
  • A obra da nova represa dividiu o terreno de Adão ao meio e passou justamente na parte mais fértil, onde ele tinha a plantação. Agora, sem ter como plantar o capim para o gado, ele gasta toda o dinheiro da aposentadoria com ração para os animais, que estão magros. Muitos já morreram de fome.
    4A obra da nova represa dividiu o terreno de Adão ao meio e passou justamente na parte mais fértil, onde ele tinha a plantação. Agora, sem ter como plantar o capim para o gado, ele gasta toda o dinheiro da aposentadoria com ração para os animais, que estão magros. Muitos já morreram de fome.
  • A obra também entupiu parte dos poços que a família usava e ele teve que recorrer à Justiça para evitar que a cacimba da foto, usada pelos animais para beber, fosse soterrada. O poço, conta ele, foi cavado depois que o avô dele recebeu de Padre Cícero a orientação de onde havia água subterrânea no terreno.
    5A obra também entupiu parte dos poços que a família usava e ele teve que recorrer à Justiça para evitar que a cacimba da foto, usada pelos animais para beber, fosse soterrada. O poço, conta ele, foi cavado depois que o avô dele recebeu de Padre Cícero a orientação de onde havia água subterrânea no terreno.
  • José Onório dos Santos, de 64 anos, no quintal de sua casa, recebida depois que as obras da transposição passaram no terreno da fazenda onde ele trabalhava, em Cabrobó, Pernambuco. Ele trabalhava de meeiro, empregado que planta nas terras de um fazendeiro e entrega metade da colheita ao patrão. Por causa da transposição, ele recebeu uma casa e agora espera um lote irrigado, para iniciar a própria plantação.
    6José Onório dos Santos, de 64 anos, no quintal de sua casa, recebida depois que as obras da transposição passaram no terreno da fazenda onde ele trabalhava, em Cabrobó, Pernambuco. Ele trabalhava de meeiro, empregado que planta nas terras de um fazendeiro e entrega metade da colheita ao patrão. Por causa da transposição, ele recebeu uma casa e agora espera um lote irrigado, para iniciar a própria plantação.
  • Lindomar Ferraz Silva, de 65 anos, dona de parte do terreno que deu lugar ao primeiro trecho da transposição no Eixo Leste. Sua casa fica a poucos metros do canal e do reservatório Areias, em Floresta (Pernambuco), o primeiro do projeto a receber a água do rio São Francisco. A família dela, que tem que comprar água potável, pode ser considerada a primeira beneficiária não-oficial da obra: retira com baldes a água do rio que começa a encher o reservatório para usar nos afazeres da casa.
    7Lindomar Ferraz Silva, de 65 anos, dona de parte do terreno que deu lugar ao primeiro trecho da transposição no Eixo Leste. Sua casa fica a poucos metros do canal e do reservatório Areias, em Floresta (Pernambuco), o primeiro do projeto a receber a água do rio São Francisco. A família dela, que tem que comprar água potável, pode ser considerada a primeira beneficiária não-oficial da obra: retira com baldes a água do rio que começa a encher o reservatório para usar nos afazeres da casa.
  • A dona de casa Cristiana Gomes da Silva, de 30 anos, ao lado de um dos filhos. A casa dela é abastecida por caminhões-pipa do Exército.
    8A dona de casa Cristiana Gomes da Silva, de 30 anos, ao lado de um dos filhos. A casa dela é abastecida por caminhões-pipa do Exército.
  • Caminhão-pipa espera próximo a um dos poços usados para abastecimento da população no município de Ibimirim, Pernambuco. A distribuição da água, na maior parte desses locais, é de responsabilidade do Exército, que contrata pipeiros da região. A água do poço é tratada com cloro antes de chegar às famílias.
    9Caminhão-pipa espera próximo a um dos poços usados para abastecimento da população no município de Ibimirim, Pernambuco. A distribuição da água, na maior parte desses locais, é de responsabilidade do Exército, que contrata pipeiros da região. A água do poço é tratada com cloro antes de chegar às famílias.
  • Gado morto na beira da estrada em Pernambuco. A recente seca levou muitos animais à morte na região do semiárido brasileiro.
    10Gado morto na beira da estrada em Pernambuco. A recente seca levou muitos animais à morte na região do semiárido brasileiro.
  • Homem passa próximo a um trecho da obra da transposição, ainda em fase inicial de construção, em Pernambuco.
    11Homem passa próximo a um trecho da obra da transposição, ainda em fase inicial de construção, em Pernambuco.
  • Cabras passeiam pelo terreno onde será implementada umas das estações de bombeamento da transposição, perto do município de Betânia, em Pernambuco. Ninguém trabalhava no local na segunda semana de novembro. Mas havia sinais de uma obra: um enorme buraco de terra, que agora represa água da chuva, cones e placas enferrujadas e viradas.
    12Cabras passeiam pelo terreno onde será implementada umas das estações de bombeamento da transposição, perto do município de Betânia, em Pernambuco. Ninguém trabalhava no local na segunda semana de novembro. Mas havia sinais de uma obra: um enorme buraco de terra, que agora represa água da chuva, cones e placas enferrujadas e viradas.
  • Montagem mostra diferentes estágios da obra da transposição. No alto, à esquerda, a primeira estação de bombeamento no Eixo Leste, a única já pronta. No alto, ao meio, vigas de uma das estruturas iniciadas, mas que parecem abandonadas. No alto, à direita, a primeira estação de bombeamento do Eixo Norte, perto de Cabrobó, em Pernambuco -a obra da estrutura já está em fase adiantada. Abaixo, à esquerda, funcionários retiram terra de trecho em escavação perto do assentamento Serra Negra, uma área reivindicada por indígenas, onde a obra acabou de começar. Abaixo, ao meio, cabras aproveitam para matar a sede no único trecho da transposição onde a água já está passando, logo depois da estação de bombeamento do Trecho Leste. Abaixo, à direita, uma subestação de energia elétrica, que ajudará a manter as bombas de água.
    13Montagem mostra diferentes estágios da obra da transposição. No alto, à esquerda, a primeira estação de bombeamento no Eixo Leste, a única já pronta. No alto, ao meio, vigas de uma das estruturas iniciadas, mas que parecem abandonadas. No alto, à direita, a primeira estação de bombeamento do Eixo Norte, perto de Cabrobó, em Pernambuco -a obra da estrutura já está em fase adiantada. Abaixo, à esquerda, funcionários retiram terra de trecho em escavação perto do assentamento Serra Negra, uma área reivindicada por indígenas, onde a obra acabou de começar. Abaixo, ao meio, cabras aproveitam para matar a sede no único trecho da transposição onde a água já está passando, logo depois da estação de bombeamento do Trecho Leste. Abaixo, à direita, uma subestação de energia elétrica, que ajudará a manter as bombas de água.
  • Raízes de árvores apareceram com a retirada da água no reservatório de Itaparica. A represa, alimentada por água do São Francisco, abastecerá o canal no Eixo Leste da obra, levando a água até a primeira estação de bombeamento. Essa água será levada pela transposição até o rio Paraíba, que deságua no oceano, já em João Pessoa (PB).
    14Raízes de árvores apareceram com a retirada da água no reservatório de Itaparica. A represa, alimentada por água do São Francisco, abastecerá o canal no Eixo Leste da obra, levando a água até a primeira estação de bombeamento. Essa água será levada pela transposição até o rio Paraíba, que deságua no oceano, já em João Pessoa (PB).
  • Crianças jogam futebol ao lado de um Mandacaru, vegetação típica da região de caatinga.
    15Crianças jogam futebol ao lado de um Mandacaru, vegetação típica da região de caatinga.
  • Criança caminha por terreno de caatinga em Pernambuco.
    16Criança caminha por terreno de caatinga em Pernambuco.
  • Construção abandonada em meio à caatinga, em Pernambuco.
    17Construção abandonada em meio à caatinga, em Pernambuco.