_
_
_
_

Presidente turco afirma que muçulmanos descobriram a América

Erdogan diz que navegadores de religião islâmica chegaram ao continente em 1178 e que Colombo viu uma mesquita em Cuba

O presidente Erdogan (óculos escuros) em um ato em Ankara.
O presidente Erdogan (óculos escuros) em um ato em Ankara.U. B. (REUTERS)

A América não foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, mas sim por “navegadores muçulmanos” três séculos antes, segundo afirmou o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, no sábado.

“Navegadores muçulmanos já tinham chegado às margens da América em 1178. Em seus diários, Cristóvão Colombo fez referência à presença de uma mesquita em uma montanha em Cuba”, disse o mandatário, em um discurso transmitido pela televisão na cerimônia de encerramento da primeira cúpula de líderes muçulmanos latino-americanos, realizada esta semana em Istambul.

“Vou falar com meu irmão cubano [o representante de Cuba na cúpula]. Uma mesquita ficaria bem nessa montanha hoje também. Sua permissão é suficiente [para a construirmos]”, acrescentou o chefe de Estado da Turquia, um país no qual quase toda a população é muçulmana.

É verdade que não é nova a afirmação de que a América foi “descoberta” por marinheiros muçulmanos no século XII. Certos acadêmicos islâmicos citam um documento chinês que supostamente descreve uma viagem de navegadores muçulmanos para a América em 1178.

Já a referência à “mesquita” não se encontra nos diários de Colombo, como mencionou Erdogan, mas sim no relato de Bartolomé de las Casas. Ele conta que Colombo descreveu uma montanha no território que hoje é Cuba, que tinha “uma pequena colina em seu cume parecida com uma elegante mesquita”. Além disso, na América nunca foram encontradas ruínas islâmicas pré-colombianas.

Em seu discurso, Erdogan também aproveitou para defender o Islamismo como uma religião de paz. “Converter as pessoas à força, com a espada, nunca foi algo do Islamismo. Nossa religião nunca foi uma ferramenta de exploração”, afirmou o presidente turco. “Aqueles que colonizaram a América por causa de seu ouro e a África por causa de seus diamantes agora fazem o mesmo no Oriente Médio, por causa de seu petróleo, com a mesma conspiração suja”, continuou Erdogan, referindo-se às potências ocidentais.

No poder desde 2002 junto a seu Partido para a Justiça e o Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), de linha islâmica e conservadora, Erdogan chegou ao cargo de primeiro-ministro no ano seguinte. Durante seus primeiros mandatos, tanto ele como o AKP foram elogiados internacionalmente por aumentar as liberdades democráticas na Turquia e por desenvolver rapidamente a economia do país.

No entanto, analistas turcos declararam que o presidente tem sido cada vez mais autoritário e gostaria de impor sua visão pessoal a toda a sociedade. Nos últimos anos, seus Governos deram mais espaço público à religião islâmica. Também conseguiram restringir o aborto, enquanto Erdogan insistiu publicamente que as mulheres deveriam ter pelo menos três filhos. De fato, em 2012, ele interrompeu uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, que estava de visita à Turquia, para dizer a ele que as finlandesas também deveriam ter três filhos ou mais.

Além disso, os críticos a Erdogan alegam que, após tantos anos no poder, ele está cada vez mais desconectado da realidade. No ano passado, após uma série de inúmeros protestos contra seu governo, o presidente nomeou como seu principal conselheiro um ex-jornalista que afirmara publicamente que potências estrangeiras tinham tentado matar Erdogan por telecinesia.

Depois de ganhar as eleições para a Presidência em agosto passado, Erdogan se apropriou de um suntuoso e polêmico palácio que estava sendo construído como residência do primeiro-ministro. O complexo, que já custou 615 milhões de dólares e ainda não foi concluído, tem mais de 1.000 quartos e, com seus 40.000 metros quadrados de superfície construída, seria maior que a Casa Branca e o Kremlin.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_