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Mais de 20% dos contágios de ebola acontecem nos ritos funerários

OMS elabora um manual para administrar de forma “segura e digna” os enterros

Trabalhadores da saúde retiram cadáver de homem suspeito de morrer de ebola.
Trabalhadores da saúde retiram cadáver de homem suspeito de morrer de ebola.a. d. (ap)

Os ritos funerários inseguros representam mais de 20% dos contágios de ebola na África, segundo cálculos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso quer dizer que nesse tempo entre a morte de uma pessoa e seu enterro, se produziram pelo menos 2.600 infecções. Este período é, junto ao da atenção médica (já são 546 médicos doentes, dos quais 310 faleceram), um dos mais perigosos. Por isso, a OMS publicou ontem um manual para organizar os enterros de forma “segura e respeitosa”.

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A chave para que estes rituais não se convertam em “fonte de conflito”, indica a OMS, é que a família saiba o que vai ser feito e dê sua autorização. “Não se deve começar o ritual do enterro sem o consentimento da família”, reafirma – com negrito no texto – o protocolo. Para essa primeira aproximação, a equipe deve contar com um representante religioso e um comunicador, que assumirão essa primeira conversa com a família. Nesse primeiro momento, depois que ocorreu o falecimento por ebola, a equipe deve chegar sem os trajes protetores.

O manual repassa ponto a ponto todo o processo, da chegada e primeiro contato até os preparativos do cadáver, o enterro propriamente dito e as atuações posteriores (queimar os pertences mais íntimos do defunto, desinfetar seus utensílios), e coloca especial ênfase no respeito às crenças da família.

O texto lembra que um enterro cristão não é igual a um muçulmano. Por exemplo, neste último o corpo nunca pode ser enterrado sem uma mortalha. Esta tarefa é encomendada à equipe de especialistas – com os trajes de proteção adequados – para evitar que seja feito pela família.

Também são dadas algumas ideias para mudar a prática de tocar, beijar ou abraçar o cadáver. É sugerido, por exemplo, que seja proposta alguma cerimônia, espalhar água ou realizar uma leitura. Também está indicado como fazer, nas famílias muçulmanas, abluções secas sobre o cadáver.

A ideia do protocolo é dar à família todo o protagonismo possível. Depois que o cadáver é colocado no ataúde, por exemplo, as pessoas próximas ao falecido podem levá-lo até a tumba. Para isso, será suficiente que usem luvas de cozinha como proteção, que podem ser fornecidas pela equipe de enterros.

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