Sobrou até para os mortos
Escândalo na Petrobras atinge o PSDB após ex-diretor citar Sérgio Guerra, morto neste ano
A campanha eleitoral brasileira começa a chocar os brasileiros pelo grau de beligerância dos discursos dos dois candidatos, que contagiou seus eleitores. Mais do que isso, pela chuva de denúncias que têm sido despejadas nesta reta final, quando faltam apenas nove dias para se conhecer quem será o novo presidente da República pelos próximos quatro anos. Sobraram acusações até para os mortos. Nesta quinta-feira, pouco antes do início do segundo debate na TV deste segundo turno, veio à tona mais um fragmento do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre a corrupção na estatal, que atingiu agora o PSDB.
Segundo relato de Costa, publicado primeiramente pela Folha de S.Paulo, o ex-presidente da legenda tucana, o então senador Sérgio Guerra, que integrava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado em 2009, o teria procurado para cobrar 10 milhões de reais para ajudar a encerrar a investigação contra a estatal. A CPI investigava irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Guerra teria recebido os recursos em 2010, cobrados de uma empreiteira, para abastecer as campanhas do tucanato, segundo o delator, quando o senador tucano fazia as vezes de coordenador da campanha de José Serra, que perdeu a disputa presidencial daquele ano para Dilma Rousseff. Sérgio Guerra faleceu em março deste ano, vítima de um câncer de pulmão.
Durante o debate desta quinta-feira, Dilma aproveitou a deixa para usar o assunto. “Quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI, o que importa, candidato? Importa investigar", disse a petista, tentando enaltecer o fato de que o assunto, no seu Governo, é investigado com rigor. Aécio Neves respondeu que havia uma diferença entre ele e a presidenta. “Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo", retrucou Aécio.
Outros personagens que já faleceram também têm seus nomes repetidos à exaustão na guerra de informações. José Janene, ex-líder do PP, por exemplo, que morreu em 2010, é citado textualmente por Costa como sendo ele a pessoa que o indicou para a diretoria da Petrobras em 2004, quando, segundo ele, começaram as cobranças de propinas de fornecedores para favorecer tanto o PP como o PT, e o PMDB. Uma das disputas entre tucanos e petistas é sobre o apadrinhamento do agora 'homem-bomba' da Petrobras, pois ele fez carreira na estatal por mais de 30 anos, tendo ascendido na empresa também durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso. Costa, entretanto, disse em depoimento que o esquema de propinas teria começado em 2004 quando foi promovido a diretor de Abastecimento.
A delação premiada de Costa está sendo conduzida pela Justiça Federal no Estado do Paraná, foco da investigação Lava Jato, que tenta descobrir os desvios de dinheiro da Petrobras. Desde agosto ele vem prestando esclarecimentos sobre os esquemas. Em setembro, reportagens de revista Veja, e dos jornais o Estadão e da Folha de S.Paulo relataram que o ex-diretor teria citado nomes de senadores, deputados e governadores em seus primeiros depoimentos aos procuradores. Um desses seria Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto no dia 13 de agosto. Neste caso, entretanto, não se sabe de que forma Campos foi citado, pois essas gravações prévias não são conhecidas. Os relatos ainda vão abastecer a imprensa por bastante tempo até que se tenha a dimensão clara dos tentáculos da corrupção na Petrobras. Até lá, as suspeitas continuarão pairando sobre uma grande corte de políticos brasileiros, inclusive entre alguns que hoje não têm como se defender.
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