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Conservadores propõem cortes para manter poder no Reino Unido

Primeiro-ministro britânico pretende continuar governando com um congelamento de prestações

Pablo Guimón
O ministro de Finanças britânico George Osborne.
O ministro de Finanças britânico George Osborne.M. C. (Getty)

Mais cortes. A receita do Partido Conservador para continuar no poder no Reino Unido depois das eleições de maio de 2015 pode ser tachada de muita coisa, mas não de covarde ou populista. O ministro das Finanças britânico, George Osborne, subiu na segunda-feira no palanque da conferência anual realizada por seu partido em Birmingham e, em um discurso que demonstra as bases do que será a estratégia dos conservadores para a reeleição, pediu mais esforços aos britânicos para reduzir o déficit orçamentário e consolidar a recuperação econômica.

Osborne, de 43 anos, anunciou um congelamento de dois anos nas prestações sociais para pessoas com idade de trabalhar, caso ganhe as eleições no Reino Unido. Com isso, seriam economizados 3,2 bilhões de libras anuais (12,68 bilhões de reais) que seriam destinados para a redução do déficit. “Essa é a medida que devemos tomar para proteger a estabilidade econômica e assegurar um futuro melhor”, disse. “A maneira mais justa de reduzir a fatura do estado de bem-estar social é assegurar-se de que as prestações não subam mais do que os salários dos contribuintes que as pagam. Teremos um sistema de prestações sociais que será justo para os que necessitarem, mas também para quem as paga”.

O Governo formado após as eleições de 2010 viu como, com sua impopular política de reajustes que obrigou os conservadores a governar em coalizão com os liberais-democratas, a economia britânica voltou a crescer. Os eleitores avaliaram melhor sua capacidade para gerir a economia que a da oposição, mas ainda assim os conservadores continuam atrás nas pesquisas. Os salários cresceram pouco e há a previsão da dívida pública alcançar a cifra recorde de 79% do PIB em 2016.

Com as contas públicas no vermelho, o responsável pelas finanças no Governo teve poucas boas notícias a oferecer. Apelou, por outro lado, ao crédito que merece por ter devolvido o crescimento para a economia britânica e atacou a “distração” da oposição. “Esquecer de falar sobre o déficit não é somente um erro infeliz”, disse, referindo-se ao discurso de Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista, feito na semana passada na Conferência da oposição. “Faz com ele fique total e completamente desabilitado para o cargo de primeiro-ministro que almeja”, disse.

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Osborne assegurou que o déficit já é quase a metade do que herdou do Executivo trabalhista anterior. “Mas alcançar o superávit é a única maneira de assegurarmos a redução de uma dívida pública perigosamente alta”, advertiu. “E eliminar o déficit requer economizar 25 bilhões de libras (99,3 bilhões de reais) a mais ou novos impostos. E não vou dizer que isso é fácil, mas também não é impossível”.

Além do congelamento das prestações (não estão inclusas as destinadas às pessoas com incapacidade e pensionistas, que seguirão subindo com a inflação), Osborne anunciou outras medidas, como a redução dos gastos da administração durante dois anos mais, no mesmo ritmo que vem sendo feito durante esse mandato. E, sobre os rendimentos, iniciou uma luta contra os gigantes da internet que são tributados fora do país. “Algumas companhias de tecnologia”, disse, “vão para distâncias extraordinárias para pagar pouco ou não pagar nada aqui. Minha mensagem para elas é clara: vamos pôr um fim nessas práticas”.

Osborne, referindo-se aos mais abastados e seus descendentes, prometeu acabar com o imposto de sucessões (55%) aplicado aos fundos de pensão que os falecidos deixam para seus herdeiros.

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