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Dilma Rousseff defende as conquistas de seu governo na sessão plenária da ONU

A presidenta aproveita a Assembleia Geral das Nações Unidas para argumentar a favor de seu mandato a 11 dias das eleições Menciona o combate à pobreza e a estabilidade monetária

Silvia Ayuso
O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, durante sua intervenção nesta terça-feira.
O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, durante sua intervenção nesta terça-feira.LUCAS JACKSON (REUTERS)

Se alguém tinha dúvidas sobre a principal preocupação de Dilma Rousseff atualmente, a presidenta do Brasil se encarregou de esclarecê-las na quarta-feira ao abrir os debates da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York: as eleições em outubro nas quais disputa sua permanência no Governo.

“Inicio este debate geral nas vésperas das eleições que determinarão, no Brasil, o presidente da República”, foi o começo do discurso de Dilma em um cenário como a ONU, que multiplica qualquer mensagem política. Na sequência, veio uma lista detalhada das conquistas do Brasil na última década e meia, na qual o gigante sul-americano esteve nas mãos de seu Partido dos Trabalhadores (PT), primeiro com Luis Inácio Lula da Silva e, desde 2011, com a própria Dilma Rousseff.

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A presidente brasileira destacou desde a “consolidação” da democracia até a “estabilidade” econômica do país sem deixar de lado uma sociedade na qual, em meio a esta “grande transformação”, o nível de pobreza reduziu-se enormemente.

“Trinta e seis milhões de brasileiros saíram da pobreza extrema desde 2003, 22 milhões durante meu Governo”, frisou Dilma, que também citou o recente anúncio da FAO que tirou o Brasil do Mapa Mundial da Fome e as conquistas em matéria de acesso à educação, saúde ou integração de minorias. Tudo isso, enfatizou mais uma vez, “sem descuidar da disciplina fiscal e a estabilidade monetária” em meio a uma grande incerteza mundial que contudo, reconheceu, “afetou fortemente” a economia brasileira nos últimos tempos.

É urgente e vital restabelecer o dinamismo da economia global, que deveria se esforçar em impulsionar o investimento, o comércio internacional e a redução de desigualdades entre os países”, pediu Rousseff, que voltou a qualificar de "inaceitável" a demora na reforma da distribuição de votos de acordo com o peso das economias emergentes, como o Brasil, no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Dilma dedicou menos da metade do seu tempo de discurso para falar de problemas de caráter global, com um dura crítica ao “uso de força incapaz de eliminar as causas responsáveis pelos conflitos”, em plena campanha internacional liderada pelos Estados Unidos contra o terrorismo extremista islâmico no Oriente Médio.

Tanto o conflito palestino-israelense como o “massacre sistemático do povo sírio”, a “trágica desestruturação nacional” do Iraque, a “grave insegurança” na Líbia, o conflito no Sahel ou a crise da Ucrânia demonstram que “cada vez mais as intervenções militares não trazem paz, mas sim a deterioração desses conflitos”, afirmou Dilma.

Pouco antes de suas palavras, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, inaugurou a rodada de reuniões na sede de sua organização com uma mensagem muito pessimista sobre o rumo que o mundo tomou. “O horizonte de esperança escureceu”, lamentou Ban, que considerou que 2014 está sendo um “ano terrível para a Carta das Nações Unidas”.

A presidenta também incluiu em seu discurso outra antiga demanda do Brasil: a necessidade de uma "reforma genuína" do Conselho de Segurança da ONU para que este órgão possa "superar sua paralisia atual".

"Um Conselho de Segurança mais representativo e mais legítimo também seria um Conselho mais eficiente", defendeu Rousseff. O Brasil aspira a um posto permanente neste organismo.

Exatamente um ano depois de subir no mesmo pódio da ONU para denunciar as práticas de espionagem internacional reveladas por Edward Snowden – e das que ela mesma foi vítima, um fato que esfriou suas relações com os EUA –, Rousseff insistiu mais uma vez na importância de que providências sejam tomadas para "garantir que a internet continue se desenvolvendo de forma aberta, democrática e livre".

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