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Israel-Palestina

Israel mata dois suspeitos do sequestro de três adolescentes em junho

Assassinato dos jovens israelenses está na origem da recente ofensiva contra a Faixa de Gaza

Soldados israelenses esperam ao lado de palestino morto a tiros.
Soldados israelenses esperam ao lado de palestino morto a tiros.H. BADER (AFP)

A Forças Armadas de Israel mataram na Cisjordânia, na segunda-feira à noite, dois palestinos suspeitos do assassinato de três estudantes israelenses em 12 de junho. Amer Abu Aisha e Marwan Qawame, de 32 e 29 anos, estavam sendo procurados havia três meses por sua suposta participação no sequestro de Guilad Shaer e Naftali Frenkel, ambos de 16 anos, e Eyal Yifrach, de 19. O crime foi o fato que desencadeou a Operação Limite Protetor do Exército de Israel, iniciada em julho, na Faixa de Gaza, contra o Hamas, a quem responsabilizou pelas mortes.

Segundo as autoridades israelenses, os supostos assassinos morreram em um tiroteio. As autoridades palestinas falam, por sua vez, em "assassinato". O Exército israelense garante que ambos portavam armas automáticas com as quais responderam ao fogo israelense quando um grupo de soldados cercou a casa em que se escondiam. Eles se refugiavam em um poço aberto em um porão de um edifício em Hebron, no sul da Cisjordânia. De acordo com depoimentos de palestinos recolhidos pela imprensa israelense, os soldados chegaram à área com uma escavadeira e dispararam um foguete antes do início do tiroteio. A agência palestina Maan informava que ainda havia tropas na área horas depois do confronto.

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Os três jovens assassinados estudavam em escolas de religião em colônias israelenses nos territórios palestinos da Cisjordânia. Desapareceram em 12 de junho quando pegavam carona para voltar para casa. O Governo de Israel acusou imediatamente o Hamas, cujos líderes elogiaram o triplo assassinato, mas não assumiram sua autoria – um chefe do grupo islamita reconheceu mais tarde, em 22 de agosto, na Turquia, que o Hamas era o responsável. Israel iniciou uma vasta operação que teve como saldo centenas de prisões e várias mortes nos territórios ocupados. Seu objetivo declarado era "causar o maior dano possível ao Hamas". Os cadáveres dos estudantes foram encontrados 18 dias depois de seu desaparecimento.

Segundo o Exército israelense, os dois suspeitos palestinos mortos eram militantes do Hamas. O porta-voz militar Peter Lerner disse em um comunicado que as Forças Armadas estavam "determinadas a levar os cruéis assassinos à Justiça". "A missão de hoje finaliza com êxito a busca; os culpados do crime já não representam uma ameaça para os civis em Israel", acrescentou. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou nesta terça-feira a acusar o Hamas de ter organizado os assassinatos e festejou "o excelente trabalho" dos serviços secretos do Shin Bet.

De acordo com informações israelenses, os palestinos mortos tinham antecedentes por "atividades terroristas". Em junho, o Exército derrubou as casas dos parentes de dois dos suspeitos, em Hebron.

Vários membros de suas famílias também estão detidos. O tio de Marwan, Husam Kawame, está sendo processado por um tribunal militar israelense por financiar e organizar o triplo assassinato com seu irmão Mahmud, um dos prisioneiros soltos por Israel em troca da libertação do soldado Gilad Shalit em 2011.

Após o enterro dos estudantes judeus, que atraiu uma multidão, foram registrados em Israel distúrbios raciais que culminaram com o assassinato do jovem palestino Mohamed Abu Jedeir, queimado vivo por um grupo de ultradireitistas judeus. Eles estão presos e confessaram o crime.

Depois de encontrados os cadáveres dos três estudantes, Israel atacou 34 alvos em Gaza, governada pelo Hamas desde 2007. A escalada de ataques e represálias entre o Hamas e Israel se intensificou em uma semana até que Netanyahu anunciou uma ofensiva na Faixa de Gaza. A operação militar durou 50 dias e resultou em mais de 2.100 palestinos mortos, dos quais cerca de 75% eram civis. Do lado israelense, morreram 72 pessoas, quase todos militares.

Por outro lado, a delegação palestina decidiu continuar com as negociações indiretas para conseguir uma trégua permanente com Israel, que foram retomadas nesta terça-feira no Cairo, apesar da morte dos dois palestinos. No entanto, ambos os lados concordaram em adiar as negociações para o final de outubro, segundo a Reuters, para que as facções palestinas tenham tempo de resolver suas diferenças internas.

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