O Brasil contra Israel
Com a retirada de seu embaixador em protesto pela ofensiva militar contra Gaza, Brasília se alinha aos países que automaticamente defendem ditaduras militares e violação de direitos humanos
Ainda que a maioria dos países do mundo tenha denunciado a escalada de violência em Gaza, na maior parte das vezes culpando as duas as partes com diversos níveis de condenação, o Brasil se singularizou por avalizar sem matizes a narrativa do grupo terrorista Hamas, e por ter superado inclusive países como Egito e Jordânia em suas ações contra Israel.
Em um comunicado de 23 de julho, o Governo de Dilma Rousseff declarou: “Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, que resultou em um elevado número de vítimas civis”, sem mencionar os ataques do Hamas contra Israel.
Acrescentava que o Brasil tinha decidido convocar seu embaixador em Israel para que voltasse a Brasília para consultas, algo que sequer países árabes como Egito e Jordânia fizeram no momento em que essas linhas eram escritas.
O comunicado alinhou o Brasil a Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e outros países que automaticamente se alinham com as ditaduras militares e os violadores de direitos humanos em todo o mundo. Segundo a imprensa brasileira, o Brasil agora busca uma condenação de Israel na reunião do Mercosul, amanhã na Venezuela.
Outros países, incluindo a Argentina, que normalmente segue a política externa do Brasil, condenam o uso desproporcional da força por parte de Israel, mas ao mesmo tempo condenam o Hamas por seus ataques sistemáticos com foguetes contra alvos civis israelenses.
Depois do rechaço unilateral do Brasil a Israel, o país respondeu que a conduta de Brasília “ilustra por que esse gigante econômico e cultural continua sendo politicamente irrelevante”. Funcionários israelenses disseram que a duríssima reação de Israel se deveu à decisão brasileira de retirar seu embaixador. Em comparação, EUA e UE começaram suas declarações acentuando o direito de Israel de se defender.
O Conselho da UE emitiu uma declaração em 22 de julho afirmando que “a União Europeia condena energicamente os lançamentos de foguetes indiscriminados do Hamas contra Israel”. O comunicado acrescenta que “ainda que a UE reconheça o legítimo direito de Israel de se defender contra qualquer ataque, sublinha que as operações militares israelenses devem ser proporcionais e adequadas às leis humanitárias internacionais”.
A decisão do Brasil de retirar seu embaixador de Israel poderia ter razões políticas internas, ou para cortejar os países árabes e africanos em sua campanha para conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Minha opinião: Israel pode ser acusado de não tomar mais precauções para evitar mortes de civis, e o Governo de Netanyahu também pode ser acusado de não fazer o suficiente para acelerar a muito necessária criação de um Estado palestino, mas não se pode culpar Israel por defender-se de uma chuva constante de foguetes.
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