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Merkel bate recordes de popularidade com a coalizão com os social-democratas

A chanceler tem a aprovação de 75% dos alemães entrevistados

Gabriel, líder dos social-democratas, cumprimenta Merkel em seu aniversário, dia 17 de julho.
Gabriel, líder dos social-democratas, cumprimenta Merkel em seu aniversário, dia 17 de julho.SOEREN STACHE (EFE)

Depois de dirigir os destinos da maior potência econômica da Europa por quase nove anos, a chanceler Angela Merkel tem, algo raro em um político há tanto tempo no poder, uma popularidade invejável entre seus compatriotas. É o que acaba de constatar, com rigor científico, uma pesquisa realizada pela ARD, a maior rede local de televisão pública, e cujo resultado foi divulgado nesta sexta-feira. A pesquisa dá à chanceler uma extraordinária aprovação de 74%, enquanto 57% dos 1003 alemães entrevistados se declaram particularmente satisfeitos com as políticas de Merkel e seu gabinete.

O resultado divulgado pelo programa Deutschlandtrend é um marco na história política do país. Desde 1997, quando a ARD começou a publicar a pesquisa que mede a popularidade do Executivo germânico, nunca antes um chefe de Governo tinha alcançado níveis tão elevados de popularidade, um fenômeno que já havia começado a se perfilar às vésperas das últimas eleições federais que deram uma vitória magnífica à chanceler.

Seu lema político é nunca prometer o que não pode cumprir

Segundo as pesquisas publicadas pela mídia alemã naquele momento, entre 60% e 70% dos alemães estavam contentes com o trabalho feito pela chanceler e, mais importante, admitiram sem constrangimentos que Merkel era uma mulher trabalhadora, simples e razoável. Em poucas palavras, a mulher mais poderosa do mundo, título outorgado em várias ocasiões pela revista Forbes, representava o protótipo da típica mulher alemã, abnegada e boa esposa, tinha vitória certa.

As pesquisas e, os institutos de opinião estavam de acordo, revelaram que o alto percentual que indicava como vencedora a CDU era, em grande parte, devido à imagem projetada pela própria Angela Merkel, um aspecto que intrigou a mídia, que se perguntava quase diariamente qual o segredo da popularidade contagiante da chanceler, aparentemente imune a críticas e defeitos que seus rivais políticos atiram contra ela.

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Em uma tentativa quase científica de encontrar a resposta para a origem da popularidade de Merkel, a revista Stern publicou uma extensa reportagem listando várias razões que podem explicar a admiração e o carinho da população pela chanceler. Segundo o semanário, a população aprovava a gestão de Merkel na crise do euro, admirava o fato de a chanceler nunca prometer nada, estar limpa de escândalos pessoais. Além disso, ninguém lhe faz sombra em seu próprio partido, nem na oposição. É hábil em “roubar” ideias do SPD e dos Verdes, além de ser discreta e trabalhadora.

“As pessoas têm a sensação de que Merkel está preocupada em não deixar que os males da crise do euro repercutam na vida diária”, admitiu Manfred Güllner, diretor do instituto de pesquisa de opinião Forsa. “Ela é formidável na hora de impedir tragédias que afetam os alemães”, acrescenta.

Angela Merkel também tem outra virtude. Depois de viver na própria carne as falsas promessas de Helmut Kohl, que prometeu não elevar impostos para financiar a reunificação do país, e de Gerhard Schröder, que se dispôs sem sucesso a reduzir pela metade o número de desempregados, Merkel optou por seguir uma estratégia que lhe trouxe resultados: nunca prometeu algo que não pudesse cumprir.

Ela transmitiu uma mensagem de segurança durante a crise", diz um analista

“Há pelo menos duas razões que explicam a enorme popularidade de Merkel”, disse Majid Sattar, correspondente político do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung em Berlim, ao comentar o resultado da Deutschlandtrend. “Sua forma de atuar de maneira pública reflete o gosto da população, e ela também foi capaz de transmitir uma mensagem de segurança aos alemães durante a crise financeira e do euro”, acrescentou.

Essa ideia também é compartilhada por René Pfister, um dos chefes da editoria de política da revista Der Spiegel em Berlim. O jornalista acredita que uma das razões para a popularidade atual de Merkel é a boa situação econômica da Alemanha e a ação do atual Governo, que aprovou leis positivas para o país.

“A terceira razão é que Merkel tem um estilo de Governo que é muito apreciado pela população, e ela tampouco é propensa às explosões emocionais. Sempre busca desativar os conflitos a tempo, e isso é algo que os alemães apreciam”, disse Pfister ao EL PAÍS.

Já Ralph Bollman, jornalista do Frankfurter Allgemeine e autor do livro Die Deutsche: Angela Merkel und Wir (“Os alemães: Angela Merkel e nós”), acha que a popularidade da chanceler se explica por dois fatores: porque ela se mostra como uma pessoa que os alemães gostam de ver – trabalhadora e simples –, mas também graças à sua gestão na crise do euro. “A crise do euro foi para Merkel o que foi a reunificação para Helmut Kohl: um resultado que confere uma aura histórica à sua gestão como chanceler”, escreveu Bollmann.

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