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Um uruguaio zelará pela liberdade de expressão na América Latina

O advogado e jornalista Edison Lanza será o novo relator especial da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ele assume a vaga da colombiana Catalina Botero

Silvia Ayuso
Edison Lanza, o novo relator especial da Comissão Interamericana.
Edison Lanza, o novo relator especial da Comissão Interamericana.CIDH

A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão, uma das instâncias mais proeminentes - e questionada por alguns Governos - da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), já tem novo chefe. Trata-se do advogado e jornalista uruguaio Edison Lanza, a quem os integrantes selecionaram nesta quarta-feira como sucessor de Catalina Botero, cujo mandato termina no começo de outubro.

A carreira profissional de Lanza, de 44 anos, tem estado estritamente vinculada à liberdade de expressão e ao jornalismo, que exerceu e continua exercendo como atividade paralela ao direito. Além do mais, é um velho conhecido da CIDH, à qual recorreu em várias ocasiões como representante de vítimas de violações do direito à liberdade de expressão em seu país em casos emblemáticos que, entre outros, resultaram em uma reforma da legislação que descriminalizou no Uruguai os delitos de comunicação.

Lanza foi escolhido entre outros por “sua capacidade de trabalhar de maneira eficaz com Estados, organizações da sociedade civil e outros atores do sistema interamericano de direitos humanos”, comunicou a CIDH ao anunciar a decisão. Em sua eleição pesou também “o amplo respaldo que sua candidatura recebeu (...) demonstrado por organizações da sociedade civil de numerosos países da região”, acrescenta.

Em um questionário elaborado pelas organizações civis Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), Fundação para o Devido Processo (DPLF) e Open Society Justice Initiative, tendo em vista a eleição do novo relator, o próprio Lanza se pronunciou a favor da busca de consensos.

“É preciso buscar um equilíbrio entre a capacidade de atuar em situações de urgência (medidas cautelares e comunicações, entre outras) e a promoção do trabalho em conjunto com todos os atores, incluídos –e especialmente– os próprios Estados”, respondeu ele sobre esse aspecto.

O uruguaio se destacou entre os outros cinco finalistas: a guatemalteca Ileana Alamilla Bustamante, o equatoriano Juan Pablo Albán Alencastro, o chileno Francisco Cox, o argentino Damián Miguel Loreti e o peruano David Lovatón.

Entre os “requisitos mínimos” para aspirar ao posto da CIDH se destacava a “alta qualidade moral e independência”, assim como pelo menos 15 anos de experiência no âmbito dos direitos humanos e direito internacional, além de ser cidadão de um dos países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), à qual a Comissão está vinculada e, portanto, a Relatoria.

O cargo é por três anos e renovável somente uma vez, razão pela qual a colombiana Botero, à frente da Relatoria desde 2008, abandona agora o posto.

Desde sua criação, em 1997, a Relatoria esteve rodeada de polêmica, em boa parte por seu papel inerente de chamar a atenção dos Estados para eventuais falhas na hora de proteger a liberdade de expressão. Durante a era de Catalina Botero, os ataques provinham, sobretudo, de países como Equador e Venezuela, que criticaram seus questionamentos às suas leis de comunicação e ações judiciais contra comunicadores.

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