A FIFA alerta para ‘alto risco’ de armação no jogo Brasil-Camarões
O diretor de segurança da FIFA, Ralf Mutschke, qualifica o encontro como uma "partida quente" Diz que a instituição atua, em cada partida, de maneira "detetivesca"
A FIFA percebe um "alto risco" de manipulação no resultado do jogo Brasil-Camarões, que acontecerá esta segunda-feira em Brasília. O diretor de segurança da entidade, o alemão Ralf Mutschke, qualificou este fim de semana o encontro como uma "partida quente". "Há mais riscos aqui que na final", concluiu depois de assegurar que não houve indícios de manipulação nas partidas jogadas até o momento. Mutschke já indicou, algumas semanas atrás, que a terceira rodada da primeira fase apresentava uma "maior vulnerabilidade". "Há muitas apostas na Copa do Mundo e muito dinheiro comprometido, assim que devemos assumir que os manipuladores pensarão em arranjar as partidas da Copa", afirmou em uma entrevista ao EL PAÍS.
O risco do Brasil-Camarões aumenta pela eliminação segura do país africano e o fato de que a seleção canarinho precisa ganhar para passar como líder do grupo às oitavas de final. A situação se complica, além do mais, pela crise interna da equipe africana, que chegou a ameaçar não viajar ao Brasil pela falta de um acordo sobre os prêmios dos jogadores. A direção da FIFA admite que esses problemas de remuneração criam um espaço para a atuação de apostadores que tentam manipular resultados em troca de grandes somas de dinheiro para os jogadores. Segundo Mutschke, o risco não seria tanto uma manipulação que garanta a vitória brasileira como um pacto sobre o número de gols que tomaria a equipe africana: a possibilidade de que algum dos jogadores africanos facilite uma goleada para atender às demandas de "algum grupo criminoso" que faça uma aposta forte por um resultado concreto e receba (em caso de acerto) um benefício de milhões de dólares. "Os jogadores podem estar sujeitos a manipulações se não forem pagos corretamente. Não são apenas atores, podem ser vítimas também", destacou o também ex-diretor da Interpol.
A FIFA estabeleceu uma linha de telefone gratuita e anônima para efetuar denúncias sobre tentativas de manipulação. "O crime organizado quer se infiltrar no futebol. Devemos proteger a integridade e a credibilidade do jogo", insiste o máximo responsável de segurança da FIFA depois de explicar que sua estratégia de "tolerância zero" passa por vigiar qualquer suspeita ou denúncia de armação". No entanto, admitiu Mutschke, “esse é um problema global que requer soluções globais e tem uma difícil solução. A chave está na prevenção e na educação – saber dizer não –, mais que na investigação e na detecção”. “Atuamos de maneira detetivesca", explica Mutschke. "Os grupos criminosos estão se infiltrando no mercado de apostas. Só poderemos ter sucesso se o futebol estiver unido."
O primeiro alerta de uma tentativa de armação costuma vir das casas de apostas (constantemente vigiadas pela FIFA), mas a normalidade nessas casas não significa que não esteja acontecendo nada. A divisão de luta contra as armações revisa, além do mais, o desenvolvimento de cada partida em busca de "detalhes suspeitos" e classifica as partidas, os times, os jogadores e os árbitros em um "índice de vulnerabilidade". Em alguns casos, a manipulação pode acontecer não por razões econômicas, mas esportivas. Por exemplo, para evitar o descenso (como aconteceu na Espanha com uma partida entre Athletic de Bilbao-Levante em 2007).
Apesar de que, segundo a FIFA, as 98 partidas amistosas analisadas entre 15 de maio e 11 de junho deste ano não ofereceram sinais de corrupção, os numerosos casos descobertos nos últimos anos demonstram que "por desgraça, não há refúgios seguros para a manipulação em nenhum lugar do mundo". Segundo um estudo sobre o futebol da Europa do Leste realizado pela Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (FIFPro) em 2012, ao redor de 12% dos 3.357 jogadores tinham sido contatados para manipular partidas, e 55% destes não recebiam seus salários pontualmente. A FIFA detectou casos de manipulação em várias partidas amistosas anteriores à Copa do Mundo da África do Sul em 2010. Foram suspensos 24 jogadores libaneses por manipulação de partidas nacionais e internacionais em 2013, e dois deles foram inabilitados por toda a vida. Outros casos descobertos na Ásia (Singapura, por exemplo) implicam ofertas de um milhão de dólares para perder uma partida.
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