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A Venezuela pede à Interpol a detenção de outros três opositores

A Promotoria os acusa de participar de um suposto plano para assassinar o presidente Nicolás Maduro. Os acusados teriam se negado a prestar depoimento

Corina Machado, em um protesto o passado 8 de junho.
Corina Machado, em um protesto o passado 8 de junho.Carlos Garcia Rawlins (REUTERS)

O suposto plano para atentar contra a vida do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que o Governo vem revelando em capítulos há duas semanas, serviu de desculpa para realizar uma batida contra dirigentes opositores. Além da ex-deputada María Corina Machado, que prestará declarações na próxima segunda, a Promotoria Geral anunciou uma ordem de prisão contra outras três personalidades oposicionistas que, segundo a versão do Governo, estão vinculadas à conspiração.

Os intimados são Diego Arria, Pedro Mario Burelli e Ricardo Koesling. Todos, além de Machado, participam ou são mencionados nos e-mails interceptados pelo Governo mostrados em público como uma prova da conspiração, nos quais se fala em “aniquilar Maduro”, frase que poderia ser entendida como uma metáfora de sua derrocada política.

Luisa Ortega Díaz, titular do Ministério Público e seguidora aberta do chavismo, tornou a decisão pública durante entrevista concedida ao principal canal de televisão do Estado: “Não podemos permitir que se atente contra a vida de funcionários.” Além disso, assegurou que os planos de conspiração ameaçam não apenas o presidente, mas também outras autoridades.

Burelli – um empresário e lobista que foi diretor da petrolífera estatal PDVSA e mora há anos nos Estados Unidos – foi intimado para prestar depoimento na segunda passada, mas não se apresentou. Com este antecedente e visto que a promotora afirmou que existem indícios de que nem Arria nem Koesling atenderão suas respectivas intimações para esta semana, o Ministério Público ordenou suas prisões. Além disso, o órgão judicial enviou um boletim para a Interpol, a polícia criminalística internacional, pela suspeita de que se encontram no estrangeiro.

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Diego Arria foi governador do Distrito Federal (Caracas), ministro do Turismo durante a primeira administração (1974-79) do falecido presidente Carlos Andrés Pérez, embaixador nas Nações Unidas (1989-1993) e presidente do Conselho de Segurança. Coube a ele enfrentar a crise dos Bálcãs e conduzir uma missão especial na Bósnia. Nas eleições presidenciais de 1978 apresentou-se como candidato independente e também candidatou-se nas primárias da oposição em 2012, nas quais foi escolhido Henrique Capriles Radonski para enfrentar Hugo Chávez.

Ainda que integrante da aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática), Arria é uma voz representativa da oposição maximalista que propunha formas para acabar com o regime chavista. Foi expropriado pelo Governo de Hugo Chávez de sua principal propriedade de produção agropecuária no centro do país.

Ricardo Koesling é um advogado criminalista veiculado ao anticastrismo e a oposição radical.

Os agora fugitivos não tardaram em reagir nas suas contas de Twitter. Burello ironizou: “Chequei meus seguidores e ainda não vejo a Interpol”. Arria se queixou da medida desproporcional: “Me intimam como testemunha e 24 horas antes ordenam minha captura. Se me condenam, a promotora a serviço de Cuba ordena meu fuzilamento”.

As solicitações de detenção marcam uma nova escalada no assédio policial contra a oposição venezuelana. Além de María Corina Machado – a quem de forma sumária a diretoria oficialista da Assembleia Nacional depôs do cargo de deputada março passado – foram chamados para depor nos próximos dias sobre o suposto complô para assassinar Maduro, os dirigentes juvenis Julio César Rivas e Gaby Arellano, assim como a advogada e ativista de Direitos Humanos, Tamara Suju.

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