‘Imagine in the World Cup’
Os controles migratórios bloqueiam o trânsito de passageiros e geram caos na principal porta de entrada do país
A mensagem se repete pelo menos cinco vezes. A voz beira a irritação. O alto-falante repete: “Por favor, os passageiros do voo 6827 da Iberia, procedente de Madri, recolham suas malas na esteira número 6 e no chão junto à esteira número 6”. Poucos respondem ao chamado. A maioria desses viajantes escuta a ordem enquanto está preso na fila da imigração. Os brasileiros que conseguiram chegar até a esteira ligam para os parentes: “É quase impossível encontrar uma mala aqui”. O caos, começado no desembarque do aeroporto de Guarulhos no dia 6 de maio já às 6h30 da manhã, se agrava conforme chegam o restante dos voos internacionais programados.
Após 50 minutos, os primeiros estrangeiros conseguem chegar, atravessando um engarrafamento de carrinhos de malas, até as suas bagagens jogadas pelo chão devido a falta de espaço. Não é possível atravessar a sala sem se esquivar de dezenas de pessoas. A cena não é rara.
“A partir de agora, a experiência do passageiro com o aeroporto será outra, principalmente em relação à eficiência operacional, qualidade dos serviços, conforto e segurança”, afirmava o presidente Antonio Miguel Marques, ao falar do novo terminal de Guarulhos, dedicado aos voos internacionais. Não arriscou muito com a declaração.
A espera para sair do país é surpreendente até para os brasileiros que suportam filas de mais de meia hora só para mostrar o passaporte. No dia 24 de abril por exemplo, duas horas antes da saída de um voo internacional, as comissárias apressavam os passageiros a entrarem rapidamente na área de embarque para não perder o avião. “A fila da imigração está enorme”, justificavam. Ela demorava exatamente uma hora. Há dias em que chega a quase duas horas. Para a Polícia Federal, porém, a média de espera é de 40 minutos para entrar no Brasil, e cerca de 20 minutos para sair. A realidade puxa para cima a média dos dados oficiais.
Os aeroportos do Brasil se preparam para receber cerca de 600.000 visitantes durante a Copa do Mundo. Num dia normal, o aeroporto de Guarulhos recebe 5.000 estrangeiros, segundo a PF (mais de 6.000 na alta temporada). Quase 5.000 saem do país diariamente pelo mesmo lugar.
Todos eles passam pelo controle imigratório, e os brasileiros também. Os documentos são checados por funcionários terceirizados, onde há apenas 25 cabines para o embarque, e mais 25 para o desembarque em cada terminal. Um total de cem cabines em dois terminais para atender a entrada e saída de cerca de 100.000 passageiros de voos internacionais por mês.
Já no novo terminal 3, dedicado aos voos internacionais de longa distância, há 104 cabines para atender a chegada e a saída dos 58.000 passageiros diários previstos.
Questionada se há previsão para aumentar o número de funcionários durante a Copa, a Polícia Federal não respondeu. Também não confirmou o número de vezes que o sistema de informática caiu ao longo deste ano – só em janeiro do ano passado caiu duas vezes- o que impede, além das gestões próprias da PF como a emissão de passaportes, registrar digitalmente a entrada e a saída de estrangeiros.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.