Um assessor de Zuluaga se demite após espionagem na Colômbia
O “diretor espiritual” do “uribista” renuncia devido à sua relação com o hacker acusado de tentar sabotar o diálogo com as FARC
Faltando apenas 18 dias para as eleições presidenciais na Colômbia, os escândalos se abatem sobre as campanhas do presidente Juan Manuel Santos e seu opositor mais ferrenho, o “uribista” (seguidor de Álvaro Uribe) Oscar Iván Zuluaga. Nesta quarta-feira, Luis Alfonso Hoyos, que se descrevia como “diretor espiritual” da campanha uribista, renunciou a seu cargo depois de virem à tona imagens que provam que ele visitou um canal de televisão na companhia de Andrés Sepúlveda, o hacker acusado e preso por tentar sabotar o processo de paz com a guerrilha das FARC.
Ao longo da quarta-feira, Hoyos, ex-embaixador da Colômbia junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), procurou esclarecer por que no último 8 de abril foi à Noticias RCN, uma das emissoras de televisão privadas, na companhia de Sepúlveda. O diretor do telejornal, o ex-ministro Rodrigo Pardo, assegurou que o hacker lhe transmitiu que tinha uma denúncia grave a fazer contra a campanha do presidente colombiano. “Disse que ia me dar uma informação muito delicada sobre o modo como as FARC estavam ameaçando quem não votasse no presidente Santos”, contou o jornalista judicial, que, depois de investigar, decidiu não publicar a informação porque carecia de fundamento.
Numa nota de quase 15 minutos no jornal do meio-dia, o jornal exibiu as imagens gravadas pelas câmeras de segurança mostrando Hoyos e o hacker entrando juntos na emissora. O diretor do canal explicou que o dirigente uribista escondeu a identidade do homem, o apresentou com um codinome e disse que era um especialista em inteligência que tinha trabalhado com o Governo, com as forças armadas e até com organismos internacionais. Sepúlveda prometeu ao jornalista que o colocaria em contato com um chefe guerrilheiro que estava disposto a falar diante das câmeras para corroborar a informação.
No jornal da quarta-feira, Hoyos foi entrevistado e defendeu-se dizendo que tomou a decisão de levar o hacker ao jornal para que fosse avaliada a informação de que ele dizia ter. Disse ainda que não tinha conhecimento das atividades ilegais do hacker. Perguntado por que não havia denunciado esses fatos às autoridades, o agora ex-diretor da campanha acrescentou apenas que não conhecia a fonte (o suposto guerrilheiro).
"Me opus ao processo de paz com argumentos, jamais com um jogo sujo", disse o candidato
Preso na terça-feira passada pela Procuradoria colombiana e acusado de quatro delitos, entre os quais o de espionagem, Sepúlveda declarou-se inocente das acusações. Por sua parte, Hoyos disse que se afastava da campanha para evitar que o escândalo afetasse o candidato uribista, mas que continuará a trabalhar nela “a partir da rua”. Também deixam a campanha as pessoas que integram a equipe de redes sociais das quais o hacker detido fazia parte.
O candidato Oscar Iván Zuluaga já tinha admitido que o hacker trabalhava em sua campanha especificamente no controle de redes e segurança informatizada, mas desmentiu qualquer vinculação com delitos como espionagem. “Me opus ao processo de paz com argumentos, jamais com jogo sujo”, declarou.
Mesmo assim, o fato revelado pela RCN deixou o ambiente político ainda mais tenso. Alguns partidários de Santos exigiram que Zuluaga renuncie caso for comprovado que a atuação do hacker tinha sido planejada a partir do campo uribista. Este, por sua vez, diz que a confusão toda não passa de uma campanha suja para esconder a polêmica renúncia do venezuelano JJ Rendón, assessor do presidente e candidato Juan Manuel Santos. Alguns narcotraficantes disseram ter pagado 12 milhões de dólares (26,6 milhões de reais) a Rendón para que fizesse lobby com uma proposta que seria submetida à justiça em 2011.
Essa série de escândalos acontece justamente quando as sondagens indicam que Santos não avançou nas intenções de voto, embora ainda esteja na dianteira, e que Zuluaga vem crescendo mais que os outros três rivais, colocando-se agora como o grande rival à reeleição do presidente.
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