_
_
_
_
_

Israel lança seu mais sofisticado satélite espião com o Irã como alvo principal

Nova ferramenta tem a capacidade de captar imagens de altíssima qualidade de objetos de até meio metro, seja de dia ou de noite

Imagem do lançamento divulgada pelo governo de Israel.
Imagem do lançamento divulgada pelo governo de Israel.EFE

Israel colocou em órbita seu novo satélite espião, o Ofek 10 (Horizonte 10), que, desde a noite desta quarta-feira, se tornou a ferramenta mais sofisticada à sua disposição para vigiar as potenciais ameaças da região e, sobretudo, as procedentes do Irã. Às 22h15 horas (locais) foi lançado o que já é o sexto satélite espião de Israel, e que se destaca por duas particularidades: a capacidade de tirar fotografias de altíssima qualidade de objetos de até meio metro e de fazer isso em qualquer momento, seja de dia ou de noite, e inclusive com condições meteorológicas adversas. “A nitidez que oferece é incrível, é o mais alto nível de inteligência que pode ser conseguido hoje”, resume Ofer Doron, porta-voz da Israel Aerospace Industries, a empresa de capital estatal que desenvolveu o projeto, junto com o Ministério da Defesa do país.

O lançamento ocorreu na base de Palmachim, na localidade costeira de Rishon Lezion. Uma hora e meia depois, o satélite passou acima da estação terrestre da qual será controlado e fez contato pela primeira vez. A comunicação foi limpa. A partir de agora, será mantido a uma altitude média de 400 a 600 quilômetros sobre a superfície terrestre e descreverá órbitas elípticas ao redor do planeta de cerca de 99 minutos de duração. A pasta da Defesa deseja que em poucos meses esteja trabalhando a pleno rendimento, difundindo as primeiras e valiosas imagens. “O Ofek 10 melhorará nossa capacidade de inteligência e permitirá que estabeleçamos uma melhor defesa para enfrentar da maneira mais segura as ameaças de longe e de perto”, enfatizou o ministro, Moshe Yaalon.

O novo satélite, de cerca de 170 quilos, se baseia em dois sistemas essenciais: um que capta imagens ópticas com câmeras de altíssima sensibilidade e um radar de abertura sintética (SAR, na sigla em inglês), que complementa a nitidez das imagens em situações de visibilidade ruim. O “passo significativo” que se consegue como efeito, e que tanto é destacado por seus criadores, pode ser resumido com um exemplo: agora poderá demorar a metade do tempo a detecção de movimentos perigosos como uma hipotética colocação de mísseis em lançadores, dada a confiabilidade das imagens a partir de sua captação inicial. Outra de suas qualidades é que, além disso, poderá dar saltos, indo de objetivo preciso a objetivo preciso, sem a necessidade de fazer varreduras, mais longos.

O projeto teve um custo base superior a 42 milhões de euros(128 milhões de reais) e Yaalon diz que sua intenção é a de se aprofundar nestes investimentos, para conseguir uma “vantagem qualitativa e tecnológica” na região. Reconhece que todo o seu programa de satélites, iniciado em 1988, busca hoje impulsionar as capacidades de coleta de inteligência frente aos avanços do programa nuclear iraniano, no qual Israel vê uma ameaça existencial. Além disso, a Defesa aposta que a nova ferramenta não só lhe ajude a vigiar o que ocorre nos domínios do Irã, como também as supostas redes de apoio que Teerã faz com milícias de países vizinhos, como o Líbano. O Ofek 11, a versão melhorada do satélite lançado na noite passada, já está em fase de estudos, segundo indicam fontes de seu departamento.

Israel faz esta demonstração de força militar justamente em meio a uma nova rodada de negociações entre as grandes potências mundiais e o Irã, a propósito dos avanços de suas investigações nucleares. O G5+1 (grupo formado por Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) e os representantes do presidente Hassan Rohani se encontrarão novamente em 13 de maio, ainda com enormes diferenças por resolver. Em novembro chegou-se a um acordo pelo qual o Irã se comprometeu a congelar durante seis meses parte de suas atividades nucleares em troca de uma liquidação das sanções internacionais impostas contra si. O plano é o de conseguir um acordo definitivo antes de julho.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_