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Quarta baixa na equipe de Bachelet a três dias de assumir o Governo

A presidenta eleita do Chile aceita a renúncia de Carolina Echeverría, eleita subsecretária das Forças Armadas

Rocío Montes

A três dias de sua posse e a apenas algumas horas para que comecem a chegar a Santiago os primeiros convidados internacionais para participar da mudança de comando desta terça-feira, Michelle Bachelet teve que tomar uma decisão sobre o caso que marcou a agenda política chilena nas últimas semanas: a presidenta eleita aceitou neste sábado a renúncia de Carolina Echeverría, eleita para a Subsecretaria de Defesa, que estava sendo questionada por associações de direitos humanos pelos vínculos de seu pai com casos de repressão na ditadura.

Não é a primeira baixa do Governo de Bachelet antes de assumir. O processo de nomeações de novas autoridades foi complexo para a médica socialista que teve que aceitar quatro renúncias por diferentes motivos desde que a finais de janeiro anunciou os nomes dos seus colaboradores neste segundo mandato (2014-2018).

Uma semana depois de ser nomeada subsecretária de Educação, a economista Claudia Peirano recusou assumir após ser questionada pelos líderes estudantis por não apoiar a gratuidade no sistema e ser acusada de conflitos de interesse. Depois de um mês de pressões externas e debate público, outros dois subsecretários tiveram que apresentar suas renúncias: Hugo Lara, de Agricultura, por ter enfrentado duas denúncias de crimes econômicos, e Miguel Moreno, de Bens Nacionais, condenado por tocar as nádegas de uma mulher no metrô.

O caso de Echeverría, no entanto, tinha uma conotação especial por apontar um tema sensível para a centro-esquerda chilena e para a própria chefe de Estado eleita, que no começo do Governo de Pinochet foi vítima de prisão e tortura junto a sua mãe e depois, como ministra da Defesa (2004-2004), levou à frente um processo de modernização das Forças Armadas e de aproximação com o mundo civil.

As organizações de direitos humanos acusaram seu pai, Víctor Echeverría, ex-oficial do Exército, de ter sido torturador após o golpe de setembro de 1973. Ele era o capitão a cargo do regimento Buin, usado como centro de detenção e tortura e, embora tenha declarado à Justiça, não foi julgado pelos tribunais. “Comandava as torturas, foi um estuprador, um assassino”, acusou a escritora Mónica Echeverría, uma das supostas vítimas do militar que tornaram público seu depoimento nas últimas semanas.

Bachelet e a sua equipe reagiram sem aprofundar: “Sabemos do seu compromisso em matéria de direitos humanos”, assinalou na segunda-feira 24 de fevereiro o futuro ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo. A opinião pública, no entanto, não se conformou com as declarações do homem de confiança da Presidenta eleita, nem com as explicações desta semana da própria Echeverría, que em uma entrevista ao jornal La Segunda assinalou que “nenhum filho no Chile deve carregar nem as responsabilidades nem privilégios que correspondam a seus pais”.

As associações de direitos humanos exigiram sua renúncia e não apenas pelas responsabilidades do pai de Echeverría senão, sobretudo, por supostos conflitos de interesse enquanto era subsecretária de Marinha na primeira Administração de Bachelet, que esta semana também a defendeu publicamente em um programa de televisão.

A posse da médica de 62 anos está programada para esta terça-feira no Congresso de Valparaíso, a 120 quilômetros da capital chilena. Previamente, na segunda-feira, tanto o presidente Sebastián Piñera como Bachelet se encontraram com as delegações estrangeiras em Santiago. Entre os convidados internacionais estão os presidentes Enrique Peña Ñieto (México), José Mujica (Uruguai), Cristina Fernández (Argentina), Ollanta Humala (Peru), Evo Morales (Bolívia) e Juan Manuel Santos (Colômbia). A cerimônia também será presenciada pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Príncipe da Espanha Felipe de Borbón.

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