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Obama e Putin conversam sobre a crise ucraniana sem conseguir nenhum avanço

O presidente dos EUA explica a seu homólogo russo as sanções e defende a diplomacia O chefe de Estado russo pede por "não sacrificar" as relações bilaterais por "discrepâncias"

Eva Saiz
O presidente dos EUA, Barack Obama.
O presidente dos EUA, Barack Obama.Michael Reynolds (EFE)

Pela segunda vez desde que a Rússia interveio militarmente na região ucraniana da Crimeia, os presidentes norte-americano e russo, Barack Obama e Vladímir Putin, conversaram por telefone para tratar sobre a crise na Ucrânia. O telefonema não serviu para avançar na solução do conflito, mas nele, o presidente norte-americano pôde explicar a seu homólogo a razão do novo pacote de sanções aprovado pela Casa Branca durante a manhã desta quinta-feira e defendeu, novamente, que Putin use da diplomacia.

“O presidente Obama mostrou que existe um caminho para resolver a situação de maneira diplomática que satisfaça aos interesses do povo russo, ucraniano e da comunidade internacional”, informou a Casa Branca. A solução passa pela ideia de que "os Governos da Ucrânia e da Rússia sustentem conversas diretas, facilitadas pela comunidade internacional"  e que Moscou aceite a exibição de "observadores internacionais que assegurem os direitos de todos os ucranianos, incluídos os de etnia russa". Por sua vez, Putin afirmou que ainda há "divergências na abordagem" no gerenciamento da crise, embora tenha pedido a Obama que não sacrificasse as relações bilaterais por "discrepâncias sobre determinados problemas internacionais", segundo uma nota do Kremlin divulgada pela agência Efe.

O tom deste último telefonema aparentemente foi bem mais relaxado do que o da conversa que ambos tiveram no sábado passado. Ao longo de 90 minutos, o presidente norte-americano ameaçou Putin em promover o isolamento político e econômico da Rússia, se ele não retirasse as tropas da Crimeia. 

Ao longo desta semana, os EUA foram concretizando sua estratégia de boicote anunciando a ameaça de expulsar a Rússia do encontro do G-8 no próximo mês de junho em Sochi, o congelamento das negociações comerciais e as práticas militares bilaterais, que, nesta quinta-feira, se somaram à proibição de vistos a altos servidores públicos russos e ucranianos implicados na violação da soberania de Ucrânia e o anúncio de multas individuais a particulares e companhias russas.

Obama explicou a Putin que foram as ações russas em “violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia” as responsáveis por motivar a adoção das medidas de sanções por parte dos EUA e da União Europeia. Além disso, como fez horas antes durante seu comparecimento diante dos veículos de imprensa para deslegitimar a convocação do plebiscito por parte do Parlamento da região da Crimeia, o presidente norte-americano voltou a deixar clara a sua aposta na solução diplomática do conflito.

O presidente russo fez questão de dizer que as atuais autoridades ucranianas chegaram ao poder como resultado de um "golpe anticonstitucional", que não têm um mandato a nível nacional e "impõem decisões absolutamente ilegítimas" às regiões do sul e sudeste da Ucrânia e Crimeia. Nesta situação, "A Rússia não pode atender aos pedidos de ajuda e atua de maneira adequada e em plena conformidade com as normas do direito internacional", acrescenta a nota do Kremlin.

Os EUA estão tratando de não aumentar a tensão na região e tampouco renunciar à firmeza diante do que Washington considera como uma clara violação da legalidade internacional por parte da Rússia, enquanto o secretário de Estado, John Kerry, trata em Roma de mediar com os principais protagonistas para poder achar uma solução pacífica para o conflito. Na terça-feira, depois da coletiva de imprensa do presidente russo para explicar a presença de tropas russas na Ucrânia, Obama assinalou que “dava a impressão de que Putin tinha dado um tempo para refletir sobre a situação”.

A aposta pela via diplomática de Obama no panorama internacional foi criticada no Congresso, sobretudo entre os falcões republicanos, como um sintoma de debilidade do qual Putin se aproveitou, não só no caso da Ucrânia, mas também da Síria e Irã. No entanto, nesta crise, o Capitólio respalda a estratégia do presidente. Nesta quinta-feira, a Câmara de Representantes aprovou um pacote de ajuda para a Ucrânia que alivia sua dependência energética da Rússia e que será aprovado pelo Senado na sexta-feira, em uma rara amostra de unanimidade política.

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