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Os EUA sobem o tom e ameaçam expulsar a Rússia do G-8

França e Reino Unido se unem aos EUA e boicotam a reunião do grupo que aconteceria em Sochi A OTAN acusa a Rússia de colocar em perigo a paz da Europa e pede a Putin que cesse sua intervenção na Crimeia

Eva Saiz
Kerry, durante a coletiva de imprensa.
Kerry, durante a coletiva de imprensa.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

Durante um telefonema de 90 minutos neste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, traçou a seu homólogo russo Vladimir Putin o horizonte de consequências que poderiam se desenrolar caso ele não interrompesse seu esforço de intervir militarmente na Ucrânia. Além da ausência da conferência do G-8, que acontecerá em Sochi no próximo mês de junho, o governante norte-americano também ameaçou realizar um bloqueio econômico e político que, neste domingo, o secretário de Estado, John Kerry, tornou mais concreto, propondo a possibilidade de congelar os ativos, multas comerciais e uma potencial expulsão de Moscou do G-8.

“Se Rússia quer ser um membro do G-8 deve se comportar como um país do G-8”, reiterou Kerry, ao comparecer em vários programas de televisão. O chefe da diplomacia norte-americana se mostrou favorável a impor multas à Rússia caso o país não voltasse atrás em seus planos de interferência na Ucrânia e ressaltou a importância de que a comunidade e os organismos internacionais ofereçam uma resposta coordenada ao último desafio de Putin. “Acho que isso terá um peso importante”.

Durante a guerra da Georgia, em 2008, os EUA já haviam ameaçado expulsar a Rússia do G-8 e  suspender os acordos comerciais e econômicos com o país, mas isso não dissuadiu o Kremlin. Descartada uma intervenção militar, a indefinição dos líderes ocidentais sobre a reação mais efetiva e contundente diante da nova investida de Moscou demonstra a escassa margem de manobra perante um país que, neste momento, é determinante em quase todas as partidas do xadrez geopolítico que os EUA estão jogando.

Se Rusia quer ser um membro do G-8 deve ser comportado como um país do G-8” John Kerry

Washington precisa da Rússia para salvaguardar as negociações em torno do programa nuclear do Irã, para buscar uma solução ao sangrento conflito na Síria e para garantir a assistência material e de segurança na retirada de suas tropas e as do contingente da OTAN do Afeganistão.

França e Grã-Bretanha se somaram à decisão dos EUA de boicotar a próxima reunião do G-8. A Casa Branca examina a imposição de multas econômicas e o congelamento das negociações de acordos comerciais com a Rússia. Medidas que contam com o consentimento do Capitólio, mas que não têm eco na Europa não parecem que vão ter efeito no Kremlin. Os ministros de Assuntos Exteriores da UE se reúnem na segunda-feira para abordar a crise ucraniana, as sanções econômicas estarão sob a mesa, mas, de novo, a dependência energética de Moscou pode anular a influência com a qual Bruxelas poderia contar.

Por outro lado, o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, acusou neste domingo a Rússia de ameaçar a paz e a segurança na Europa e pediu que pare imediatamente suas atividades militares contra a Ucrânia, "vizinho e valioso aliado" da Aliança Atlântica. "O que Rússia está fazendo agora na Ucrânia viola os princípios da Carta das Nações Unidas. Ameaça a paz e a segurança na Europa. Rússia deve colocar fim a suas atividades militares e suas ameaças", declarou o secretário geral durante a reunião de emergência feita hoje.

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