Obama acusa Putin de violar a soberania territorial da Ucrânia
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia conversaram durante uma hora e meia por telefone O Conselho de Segurança da ONU convoca uma reunião de emergência para este sábado Os ministros do Exterior da UE farão na segunda-feira uma reunião extraordinária para abordar a situação, assim como o Conselho da OTAN A chanceler alemã e o ministro britânico de Assuntos Exteriores, William Hague, pedem à Rússia que resolva a situação por meios pacíficos
Um dia após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prevenir a Rússia sobre “o custo” de uma potencial intervenção militar na Ucrânia, a Casa Branca avalia com seus aliados quais podem ser as consequências, levando em conta que o Parlamento russo ignorou sua advertência ao autorizar o uso de tropas na Crimeia. O presidente norte-americano mostrou sua preocupação diante de uma possível intervenção militar por parte de Moscou a seu par russo, Vladimir Putin, durante um telefonema e pediu que a legislação internacional seja respeitada. O Conselho da OTAN e os ministros de Exteriores da União Europeia (UE) convocaram em caráter de emergência, neste sábado, reuniões para o domingo e para a segunda-feira, respectivamente, para analisar a situação na região. O secretário-geral de Nações Unidas, Ban Ki-moon, também pediu respeito à soberania territorial ucraniana.
“Acompanhamos com atenção a situação, estamos consultando nossos aliados e considerando as possíveis reações mencionadas pelo presidente na sexta-feira”, informou a Casa Branca, depois tomar conhecimento da autorização do uso de tropas russas na península da Crimeia. Enquanto avalia suas opções, Obama falou com Putin sobre a progressiva deterioração da situação ucraniana, acelerada pelo pedido do russo à Duma. Durante a conversa, que durou uma hora e meia de acordo com a Casa Branca, Putin disse ao presidente norte-americano que, com essa decisão, a Rússia tenta proteger seus interesses caso a violência aumente no leste da Ucrânia ou na península da Crimeia, segundo informou a agência RIA Novosti.
O Governo dos Estados Unidos decidiu suspender sua participação nas reuniões preparatórias da próxima cúpula do G-8, que está prevista para junho na Rússia, como parte de sua resposta à intervenção militar na Ucrânia, informou a Casa Branca depois da conversa telefônica dos dois presidentes. "A contínua violação russa da lei internacional conduzirá a um maior isolamento político e econômico", diz o comunicado. Obama, que acusou Putin de violar claramente a soberania territorial da Ucrânia, pediu a ele a retirada de suas tropas nas bases da Crimeia.
Enquanto avalia suas opções, Obama falou com Putin sobre a progressiva deterioração da situação ucraniana, acelerada pelo pedido do russo à Duma
A ligação de Obama não foi a única que Putin recebeu durante este longo sábado. O presidente francês, Françoise Hollande, pediu a seu par russo "que evite o uso da força". Hollande também está em contato com seus pares norte-americano e alemão e com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Durante toda a manhã de sábado, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, o chefe do Estado Maior, Martin Dempsey e o diretor da CIA, John Brennan, permaneceram reunidos na residência do presidente. Hagel teve também a oportunidade de falar com seu par russo, Sergey Shoygu.
Desde que a crise na Ucrânia piorou, os EUA optaram por se envolver o menos possível no conflito para evitar aumentar a tensão com a Rússia, evitando comparações com uma reedição da Guerra Fria, uma situação que mudou na sexta-feira à noite quando Obama compareceu diante da imprensa para advertir seriamente Moscou “dos efeitos desestabilizadores de uma violação da soberania ucraniana”. A advertência do presidente era uma mensagem direta a Putin, mas também um chamado para uma solução diplomática do conflito. Na sexta-feira, Obama não especificou que medidas os EUA poderiam adotar.
Repercussão na Europa
A decisão de Moscou de autorizar o uso das forças russas dispersas na Ucrânia gerou uma chuva de reações e movimentos institucionais ao mais alto nível. O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou para este sábado uma reunião de urgência, enquanto os ministros de Assuntos Exteriores da União Europeia deixou isso para a segunda-feira. A chanceler alemã Angela Merkel pediu a Putin que respeite as fronteiras da Ucrânia e Reino Unido chamou para consulta o seu embaixador em protesto contra decisão da Rússia, qualificada por seu chanceler, Willian Hague, de “ameaça grave”.
A chanceler alemã Angela Merkel pediu a Putin que respeite as fronteiras da Ucrânia e Reino Unido chamou para consulta o seu embaixador em protesto contra decisão da Rússia, qualificada por seu chanceler, Willian Hague, de “ameaça grave”.
Merkel uniu-se neste sábado à preocupação pela crise na península de Crimeia, sublinhou a necessidade de respeitar a integridade territorial da Ucrânia e defendeu uma solução para a atual situação por meios pacíficos. Em um encontro organizado em Berlim com o lema Uma nova narrativa para a Europa, Merkel lembrou os encontros que está realizando nos últimos dias, incluídas as conversas telefônicas que teve ontem com o novo primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, e com o presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo informou a Chancelaria, Merkel pediu a Putin "moderação" diante da crise da Crimeia, convencida de que "qualquer passo pode contribuir para uma escalada" da crise. A chanceler lembrou a história europeia do século XX, o centenário neste ano do início da Primeira Guerra Mundial e o 25º aniversário da queda do muro de Berlim, e fez questão de que "devemos demonstrar que aprendemos algo no passado". "Os conflitos devem ser resolvidos por meios pacíficos, e isso tem de ser possível também na Ucrânia", lembrou.
O Reino Unido também mostrou sua consternação e instou Moscou a reduzir a tensão na Ucrânia e a "respeitar a soberania e a independência" desse país, segundo disse hoje em sua conta no Twitter o ministro britânico de Assuntos Exteriores, Hague. O chefe da diplomacia britânica fez um apelo à Rússia ao mesmo tempo em que o presidente desse país, Vladímir Putin, prepara-se para realizar uma operação militar na Ucrânia.
Hague, que viajará amanhã a Kiev para se reunir com líderes do Governo interino ucraniano, falou por telefone com seu par russo, Serguéi Lavrov, segundo contou o político conversador em sua mensagem no Twitter. "Falei com o ministro de Exteriores russo Lavrov para pedir que freiem a escalada na Crimeia e que respeitem a soberania e a independência da Ucrânia", contou em uma mensagem o chefe do Foreign Office.
O ministro britânico de Assuntos Exteriores também tem debatido por telefone com o titular alemão de Assuntos Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, para abordar as medidas diplomáticas internacionais diante da crise, segundo disse o ministro britânico em Twitter.
Reuniões de emergência na UE, na OTAN e na ONU
Por enquanto, o Conselho de Segurança da ONU fará hoje novas consultas sobre a crise na Ucrânia depois da reunião de urgência que foi realizada na sexta-feira, segundo anunciou a presidência temporário do órgão, ocupada neste mês por Luxemburgo. O encontro foi convocado pelo Reino Unido, segundo explicou a missão luxemburguesa em sua conta oficial em Twitter.
Além disso, o Conselho da OTAN se reunirá na próxima segunda-feira para estudar a situação na Ucrânia, segundo informou o ministro de Assuntos Exteriores no comando do Governo ucraniano, Andriy Deschitsia. "Na segunda-feira será realizada uma reunião especial do Conselho da OTAN sobre a Ucrânia", anunciou Deschitsia em entrevista concedida à agência de notícias Interfax-Ucrania.
Neste mesmo sábado, o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, pediu respeito à soberania e à integridade territorial da Ucrânia por meio de sua conta no Twitter. "A Rússia deve respeitar a soberania, integridade territorial e fronteiras da Ucrânia, também com respeito ao movimento de forças russas em Ucrânia", indicou Rasmussen.
Os ministros de Exteriores da UE também farão na segunda-feira uma reunião extraordinária para abordar a situação na Ucrânia depois do acréscimo da tensão na península da Crimeia, segundo o Serviço de Ação Exterior da União Europeia.
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