_
_
_
_

Europa e EUA tentam pressionar a Rússia para evitar uma guerra

Obama examina medidas “para isolar” a Rússia se não se retirar da Crimeia

O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo (e), e seu par de Luxemburgo, Jean Asselborn, no Conselho nesta segunda-feira.
O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo (e), e seu par de Luxemburgo, Jean Asselborn, no Conselho nesta segunda-feira.EFE

O Ocidente observa com medo como a crise ucraniana se encaminha para um conflito mundial. Europa e Estados Unidos movem os fios para evitar uma guerra às portas da UE, embora no momento as medidas para amedrontar a Rússia sejam escassas. Bruxelas renunciou nesta segunda-feira a sancionar Moscou pela invasão da península da Crimeia, enquanto Washington pediu a retirada das tropas russas. Em duras declarações, o presidente Obama garantiu que iria estudar medidas para “isolar a Rússia”. Além de elevar o tom, a UE sabe que não é fácil assustar o presidente russo, Vladimir Putin, e por isso decidiu empenhar-se a fundo no diálogo. Se não houver avanços, os chefes de Estado e de Governo procurarão dar um novo passo em uma cúpula extraordinária convocada para quinta-feira.

O diagnóstico sobre o que ocorre às portas da UE não pode ser mais dramático. “Trata-se da situação mais grave vivida no mundo desde a queda do Muro de Berlim”, sentenciou o ministro espanhol de Relações Exteriores, José Manuel García Margallo, ao término da reunião realizada em Bruxelas pelos 28 chanceleres dos países do bloco. A frase havia sido expressa de maneira idêntica pelo ministro alemão, Frank-Walter Steinmeier. E, no entanto, as medidas adotadas foram mais tíbias até que as aprovadas há alguns dias contra o regime ucraniano, com Viktor Yanukovich ainda no poder.

O que iria ser uma suspensão do diálogo que a UE e a Rússia mantêm para eliminar a exigência de visto entre ambas as partes se transformou em uma ameaça de bloqueá-lo “se não forem dados passos para diminuir a tensão”. E entre definir o avanço russo na Crimeia como invasão ou considerá-lo uma violação da soberania ucraniana e de sua integridade territorial, os ministros escolheram a segunda opção. Os chefes da diplomacia optaram por um viés diplomático mais moderado à espera de que a alta representante para a Política Exterior, Catherine Ashton, se reúna nesta terça-feira em Madri com o ministro russo da área, Serguei Lavrov.

A única coisa que os ministros afirmaram foi a anunciada suspensão dos preparativos do G-8 (grupo que reúne as grandes potências mundiais mais a Rússia) e o apoio a uma possível missão de observadores internacionais e intermediários a cargo da OSCE, o órgão que vela pela segurança na Europa. Eles também debateram o acordo de destinar já uma primeira parcela de 1,5 bilhão de euros (3,21 bilhões de reais) à Ucrânia para aliviar sua precária situação econômica.

A única coisa que os ministros afirmaram foi a anunciada suspensão dos preparativos do G-8 e o apoio a uma possível missão de observadores internacionais.

A Europa tem motivos poderosos para ir com muita cautela em qualquer assunto que a Rússia possa enfrentá-la. Cerca de um terço da energia que a UE necessita para sobrevivência provém da Rússia, um porcentual que caiu nos últimos anos precisamente porque Bruxelas quer reduzir a dependência do parceiro russo. Mas a Rússia também não pode prescindir desse vínculo, pois 24% de suas exportações vão parar no bloco comunitário. A Europa poderia tentar jogar melhor essa cartada, mas no momento acredita ter mais opções de êxito dialogando do que sancionando.

Bruxelas define como primeiro passo a cúpula que os líderes europeus realizarão na quinta-feira. Até então a UE espera que as tropas russas tenham saído dos territórios que ocuparam na Crimeia. Se não for assim, “decidiremos quais são as consequências para a relação bilateral”, observou Ashton.

Da parte dos Estados Unidos, a estratégia da Casa Branca para frear Putin subiu nesta segunda-feira um degrau. Obama garantiu que se a Rússia continuar no caminho iniciado na Ucrânia, os EUA adotarão uma série de medidas –econômicas, diplomáticas...–que “isolarão a Rússia”. O presidente dos EUA assegurou que “o mundo em sua maioria está de acordo em que os passos dados pela Rússia implicam uma violação da lei internacional” e de acordos prévios “pactuados pela Rússia”.

Da parte dos Estados Unidos, a estratégia da Casa Branca para frear Putin subiu nesta segunda-feira um degrau.

Obama fez essas declarações depois que um jornalista lhe perguntou sobre a crise, ao encerrar sua declaração depois de reunir-se com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “O que não se pode aceitar é que a Rússia desloque com impunidade soldados para a área e viole princípios básicos que são reconhecidos em todo o mundo.”

Na opinião do presidente norte-americano, que se vê com as mãos atadas diante do que realmente pode fazer frente a Putin, além da imposição de sanções, deveria ser possível reverter essa situação.

Algumas horas antes, o vice-presidente Joe Biden telefonou ao primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, para pedir à Rússia que retire “suas forças” da Crimeia e inicie o diálogo. Biden solicitou também a Medvedev que endosse o envio “imediato” de observadores internacionais à Ucrânia.

A conversa telefônica precedia a visita que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, realizará nesta terça-feira a Kiev para enfatizar o apoio de Washington ao novo Governo da Ucrânia. Antes disso, o último passo dado pela Casa Branca para condenar a incursão russa foi o anúncio de que os EUA não enviarão uma delegação presidencial aos jogos paralímpicos de inverno de Sochi. Em troca, os atletas norte-americanos participarão nos jogos que se iniciam na próxima sexta-feira às margens do Mar Negro.

De sua parte, o republicano John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados, qualificou o presidente russo de “valentão”. “É hora de nos alçarmos contra Putin”, ressaltou.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_