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As novas manifestações no Brasil estão saindo do campo

Cerca de 15.000 camponeses do Movimento Sem Terra marcha em Brasília para cobrar a aceleração de assentamento de famílias, uma vez que o ritmo caiu durante o Governo de Dilma Rousseff

Carla Jiménez
Crianças do Movimento Sem Terra.
Crianças do Movimento Sem Terra.Marcelo Camargo (efe)

Era uma questão de tempo para que o Movimento Sem Terra, um dos mais organizados do país, se mobilizasse para cobrar da presidenta Dilma Rousseff uma política mais efetiva pela reforma agrária brasileira. Reunidos em Brasília, capital do país, desde segunda-feira para o sexto Congresso Nacional do movimento, 15.000 camponeses marcharam hoje rumo ao Planalto Central, para pressionar o Governo a assumir uma política rural mais eficiente. Segundo o movimento, que completa três décadas este ano, apenas 13 mil famílias estão sendo assentadas por ano no país, o menor índice desde a ditadura militar, que governou o país entre 1964 e 1985. O Governo, entretanto, sustenta que 75.000 famílias foram assentadas.

Um mar de bonés vermelhos, marca registrada dos manifestantes do movimento, tingiu as vias de Brasília, com gritos de defesa pela reforma agrária (“Um, dois, três, quatro cinco mil. Ou faz reforma agrária, ou paramos o Brasil”), e ainda chamando a presidenta de “Dilma ruralista”. O Governo de Rousseff tem sido criticada pela sua proximidade com os produtores agrícolas, o que, segundo os integrantes do movimento, seria a origem do abandono da política de assentamento.

No protesto, 750 crianças, filhos dos integrantes do movimento, foram até o Ministério da Educação para reclamar pelo fechamento de 37.000 escolas rurais. Próximo ao Palácio do Planalto, entretanto, a marcha acabou em confronto entre os manifestantes e policiais, que utilizaram bombas de efeito moral, e balas de borracha para dispersar o protesto. Vinte e quatro pessoas ficaram feridas. Um sem terra foi preso.

A presidenta prometeu receber os manifestantes nesta quinta-feira para ouvir suas reivindicações. Na agenda oficial do Planalto, o compromisso contava como o primeiro do dia, às nove da manhã.

Produtores X movimentos sociais

Num país onde a agricultura representa um vetor fundamental da economia, com um forte peso nas exportações, a expansão da área de cultivo tem gerado tensões com diversos grupos. Entre 1992 e 2012, a área de plantio no Brasil cresceu 40% no País, enquanto a produção de grãos registrou um salto de 220% nesse período. Mas, enquanto o vigor produtivo sobe, cresce também o número de conflitos com indígenas e com os integrantes dos movimentos sociais, como os Sem Terra. Um dos líderes do grupo, o economista João Pedro Stédile, disse, durante o Congresso, que o movimento só voltaria a ser respeitado quando eles iniciassem invasões, como as que aconteceram no passado a empresas importantes, como a Monsanto.

A tática do grupo é incentivar a invasão de terras para que suas reivindicações sejam atendidas.

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