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Yellen antecipa novos cortes em estímulos monetários nos Estados Unidos

A presidenta do Fed acredita que as turbulências nos emergentes não afetarão a estratégia norte-americana

Janet Yellen antes de seu comparecimento no Congresso.
Janet Yellen antes de seu comparecimento no Congresso.T.J. Kirkpatrick (AFP)

A recente volatilidade nos mercados financeiros por causa da incerteza nos mercados emergentes não representa nesta fase um risco para a economia dos Estados Unidos. Essa é a conclusão à qual chegou Janet Yellen em seu primeiro pronunciamento ao Congresso como presidenta do Federal Reserve (banco central norte-americano), falando da continuidade da estratégia monetária seguida até agora. Ela admitiu que os dois últimos dados de emprego foram mais fracos do que o esperado, mas indicou que só irá reconsiderar a retirada dos estímulos monetários se houver uma mudança notável nas perspectivas.

Yellen está à frente da autoridade monetária desde 1º. de fevereiro último. Sua mensagem a Wall Street é simples: o Fed vai manter o plano definido por seu antecessor, Ben Bernanke. Isso, na prática, significa que continuará reduzindo os estímulos de forma progressiva enquanto a economia for melhorando, e que as taxas de juros serão mantidas em 0% mesmo que o desemprego caia abaixo de 6,5%.

Havia grande expectativa pela primeira intervenção de Yellen, sobretudo depois do frágil dado do emprego em janeiro e das turbulências nos emergentes. Suas palavras iniciais diante da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados foram otimistas em relação ao andamento da economia, e por isso ela expressa seu “firme apoio” à estratégia em curso. O Fed iniciou a retirada dos estímulos em dezembro.

Depois de duas ofertas consecutivas de 10 bilhões de dólares (24,13 bilhões de dólares), a instituição está comprando títulos da dívida num valor de 65 bilhões (156,8 bilhões) por mês. A ideia é que o programa seja desmantelado até o final do ano, embora o mercado preveja uma pausa em março. Em sua declaração, Yellen indicou, entretanto, que os últimos dados econômicos não desviaram o rumo, e que por isso ela seguirá o ritmo determinado por Bernanke.

Tampouco parece que ela irá reorientar as coisas em decorrência da volatilidade nos mercados globais. “Entendemos que neste momento os últimos fatos não representam um risco substancial para as perspectivas econômicas dos EUA”, afirmou Yellen. Ou seja, o Federal Reserve se concentra neste momento mais no que acontece com a sua economia do que com o que ocorre fora.

Seja como for, ela reiterou que não há um ritmo fixo determinado, e que tudo dependerá da leitura a ser feita acerca dos dados econômicos. “Se o comitê julgar que há uma mudança nas previsões, reconsideraremos o que é adequado fazer”, observou. A taxa de desemprego em janeiro caiu a 6,6%. Está, portanto, a apenas um décimo de ponto percentual do nível de referência determinado pelo Fed para modular o estímulo.

Yellen deixou claro que os juros em curto prazo permanecerão próximos de 0% até “bem depois” de o desemprego cair a menos de 6,5%. Admitiu, isso sim, que ficou surpresa com a fraqueza das cifras de emprego em dezembro e janeiro. Entretanto, mostrou-se partidária de “não tirar conclusões sobre os significados”. Nesse sentido, insistiu que só haverá uma mudança de estratégia se houver “uma mudança notável” nas previsões.

Em sua análise da conjuntura econômica, ela observou que o crescimento “ganhou tração” na segunda metade de 2013. Também mencionou que a alta dos dividendos nos bônus de longo prazo está moderando a atividade no mercado habitacional. Sobre a inflação, disse que está estável, e recordou que o mercado de trabalho está longe de chegar à normalidade.

Embora tenha se distanciado da situação em alguns países emergentes, ela garantiu que o Fed acompanhará a evolução de perto. Ou seja, adotará uma posição mais reativa do que proativa. A próxima reunião do Federal Reserve está prevista para meados de março. Até então haverá mais dados. Janet Yellen prestará novo depoimento na quinta-feira, desta vez diante da Comissão Bancária do Senado.

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