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Um relatório acusa o regime sírio de “torturas e assassinatos sistemáticos”

11.000 presos morreram no cárcere, segundo um relatório divulgado por 'The Guardian' e CNN Três promotores internacionais elaboraram o documento com provas obtidas por desertores

Imagem de um corpo em uma prisão síria.
Imagem de um corpo em uma prisão síria.

O regime sírio de Bashar al Assad torturou e assassinou "sistematicamente" pelo menos 11.000 presos em suas cárceres, segundo um relatório divulgado pelo jornal britânico The Guardian e a rede norte-americana CNN. O relatório, encarregado pelo Governo do Catar —que apoia a rebelião contra o regime do presidente Assad— a três ex-promotores do Tribunal especial para Serra Leoa e do Tribunal Especial Internacional para a ex-Iugoslávia, se baseia nas fotografias tiradas por um desertor ex-oficial da polícia militar síria, que só é citado pelo pseudônimo César, e que, junto com outras pessoas, chegou a filtrar 55.000 imagens de 2011 até agosto de 2013.

No relatório detalha-se que os detentos morreram de inanição, estrangulamento ou outras formas de tortura. Os três autores declararam que a maioria dos corpos que aparecem nas imagens estavam esqueléticos. "Havia ao menos 50 cadáveres para fotografar a cada dia, que requeriam pelo menos 15-30 minutos de trabalho", declara o ex-policial no documento.

César, o desertor, extraiu da Síria dezenas de milhares de imagens junto com outros colegas. Cada corpo foi fotografado quatro ou cinco vezes, o que eleva o número de mortos durante sua detenção a pelo menos 11.000, segundo os pesquisadores. A maioria das vítimas que aparecem nas fotografias é jovem e do sexo masculino.

O documento descreve um procedimento burocrático detalhado e elaborado pelo regime para lidar com os corpos dos presos. "Quando matavam os detentos em seu local de detenção, levavam os corpos a um hospital militar com um doutor e um membro do judiciário. A função de César consistia em fotografar os corpos. Havia até 50 cadáveres para fotografar a cada dia", indica o relatório.

No hospital era atribuído um número a cada corpo, dando a impressão de que as mortes tinham ocorrido no centro hospitalar. Às famílias explicava-se que a causa da morte era um ataque cardíaco ou outro tipo de doença.

Os três autores do documento são o ex-promotor da corte especial para Serra Leoa, Desmond de Silva; o ex-promotor do caso do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, Geoffrey Nice; e o catedrático de direito na Universidade de Syracuse David Crane, que processou o ex-presidente liberiano Charles Taylor em um tribunal de Serra Leoa.

O documento, de 31 páginas, foi entregue às Nações Unidas, a governos e organizações de direitos humanos. A divulgação do relatório ocorre às vésperas do início da conferência de Genebra II, na qual a comunidade internacional pretende encontrar uma solução política à guerra civil síria que já provocou ao menos 130.000 mortes.

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