Milhares ficam desabrigados com a maiores chuvas do Espírito Santo
Número de mortos sobe para 14 e a presidenta Dilma Rousseff sobrevoa as regiões afetadas e diz que a situação é grave
O número de mortos pelas maiores chuvas da história do Espírito Santo, no sudeste do Brasil, já chega a 14, segundo um boletim atualizado da Defesa Civil do Estado divulgado no início desta tarde. O órgão afirma ainda que 49.886 pessoas já tiveram que deixar suas casas e que 20.000 quilômetros de estradas foram destruídas ou danificadas, dificultando o trânsito de veículos, incluindo dos que levam socorro aos afetados.
Nesta manhã, a presidenta Dilma Rousseff esteve no Estado e realizou um sobrevoo ao lado do governador Renato Casagrande pelas áreas afetadas. Ela classificou a situação de “grave” e declarou que a prioridade das autoridades e das equipes de resgate é salvar vidas. "O fato mais importante agora é a vida humana e o Exército tem grande capacidade de resgate", afirmou após passar pelas regiões afetadas. Por meio de sua conta no Twitter, disse ainda que o Governo federal vai “liberar todos os recursos necessários para resgatar as pessoas, salvar vidas e abrigar as famílias atingidas”. O governador do Estado já decretou situação de emergência no Estado para que os recursos sejam mandados de forma mais rápida, sem a burocracia usual.
As chuvas que ocorrem desde o início do mês, mas com muita intensidade e de forma prolongada há uma semana, causaram destruições em 47 dos 78 municípios capixabas. Há distritos completamente isolados. Segundo o coronel Edmilton Aguiar, comandante geral do Corpo de Bombeiros do Estado, no município de Linhares (a 133 km de vitória), cerca de 1.000 pessoas estão impossibilitadas de deixar suas casas por causa da inundação. Elas estão recebendo mantimentos e auxílio com a ajuda de barcos e helicópteros da Polícia Militar desde o último sábado. A Defesa Civil do Estado está recolhendo donativos. No domingo, no entanto, a forte chuva impossibilitou que a aeronave levantasse voo, o que dificultou o trabalho de ajuda às vítimas. Em alguns locais, a água chegou a atingir o segundo pavimento das casas e cobriu os telhados. Os desabrigados estão sendo alocados em ginásios ou escolas públicas.
A maior parte das mortes (8) aconteceu no município de Itaguaçu (a cerca de 120 km da capital), entre elas três vítimas, sendo uma criança, soterradas em um deslizamento de terras que ocorreu nesta madrugada. Houve ainda uma morte em Nova Venécia (a 248 km de Vitória), uma em Domingos Martins (a 50 km da capital), duas em Baixo Gandu (a 180 km da capital) e duas em Colatina (a 135 km de Vitória).
O volume de chuvas registrado neste mês foi quase o triplo do volume de chuvas que costuma ser registrado em dezembro
Em Jacaraípe (a 30 km da capital), uma barragem clandestina ameaça se romper e os bombeiros tiveram que criar um vertedouro às pressas para tentar diminuir o volume das águas. Foram registrados ainda deslizamentos de terra que fecharam estradas e, em alguns trechos das pistas, os motoristas chegaram a enfrentar até 7 horas de congestionamento em vias que já costumam receber um maior número de veículos nos dias que antecedem o Natal.
“Ontem fui buscar meu filho em uma cidade vizinha e demorei quatro horas, em um percurso que faço em 40 minutos”, relata a professora Tatiana dos Santos Fonseca, de 29 anos, moradora de Vila Velha, município próximo à capital. “A água na porta de casa já passa da altura do joelho agora. A cidade está alagada, ninguém consegue sair de casa e, quando a chuva dá uma trégua, todos os que saem ficam com medo de ela voltar”, descreve.
“Estamos com uma semana de chuvas direto. No momento, nossa preocupação é deslocar as pessoas de áreas de deslizamento e levar medicamento, colchões e cobertores para as pessoas desabrigadas ou isoladas. Agora estamos começando a fazer o levantamento dos prejuízos para começar o trabalho de reconstrução do Estado”, afirma o governador Renato Casagrande (PSB). “O problema é que as cidades no Estado cresceram de forma desordenada e tem muita gente, pobre ou rica, comércios, que foram construídos nos leitos dos rios”, afirma ele. “As enchentes aconteceram muito rápido”, complementou.
Alerta da NASA
O volume de chuvas registrado neste mês na principal estação meteorológica do Estado, localizada na Universidade Federal do Espírito Santo, já registrou quase o triplo do volume de chuvas que costuma ser registrado em dezembro, na média nos últimos 90 anos. Foram 669 milímetros de precipitação, 420 deles em um intervalo de menos de 48 horas (entre a noite do último dia 16 e a manhã do dia 18) –isso significa que, neste período, 420 litros de água atingiram o espaço de apenas um metro quadrado. Antes do início das tempestades, a Nasa (agência espacial americana) entrou em contato com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que monitora as chuvas, para avisar que haveria um evento anormal.
“Tivemos o alerta de três a cinco dias antes do início das chuvas. A tempestade foi monitorada e abrimos barragens para dar vazão à água. Tínhamos noção do que ia acontecer e com isso muitas vidas foram salvas. A tragédia poderia ser maior”, afirma Evair Vieira, presidente do instituto. Ele explica que fenômeno foi produzido pelo encontro da umidade vinda da Amazônia com uma corrente marítima que se deslocou do continente. O fenômeno costuma provocar dias de tempestades intensas.
Antes do início das tempestades, a Nasa (agência espacial americana) entrou em contato com o instituto de meteorologia do Estado para avisar que haveria um evento anormal
Segundo ele, as nuvens agora estão perdendo força no Estado, mas as chuvas devem continuar com intensidade moderada até pelo menos sexta-feira. As tempestades, no entanto, estão se deslocando para o Norte do Estado do Rio.
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