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América Latina ocupa as últimas posições de relatório PISA sobre educação

Os oito países da região analisados apresentaram um retrocesso em matéria educativa. Colômbia e Uruguai são os que mais caíram

Yolanda Monge
Alunos em sala de aula.
Alunos em sala de aula.AFP

Apesar dos esforços e os reiterados compromissos anunciados pelos Governos da região para fazer da educação sua bandeira política, os países da América Latina  apontaram um retrocesso nos níveis educativos nos últimos três anos, que os levou aos últimos postos da lista do Relatório PISA (Programme for International Student Assessment) sobre Educação 2012, divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Dos oito países latino-americanos que integram o relatório, o Chile é o melhor situado, classificado no posto 51, com 423 pontos em matemática, abaixo da média do PISA (de 494), enquanto em leitura, obtém 441 e em ciência 445. O país latino-americano pior situado – e último da lista - é o Peru, na posição 65 (368 em matemática e 373 em ciências), apesar de ter conseguido um avanço notável em leitura, ao registrar uma melhoria de 5,2 pontos anuais (384 pontos).

O Programa para a Avaliação Internacional de Alunos (PISA, na sigla em inglês) mede os conhecimentos em matemática, ciências e leitura de mais de meio milhão de alunos com idade entre 15 e 16 anos, em 65 países – as 34 nações da OCDE e outros 31 Estados ou territórios - que representam um percentual próximo a 80% da população mundial.

O México ocupa a posição 53 (413 pontos em matemática; 415 em ciências e 424 para leitura), o que supõe um importante avanço na última década, embora ainda esteja longe da pontuação média afixada pela OCDE. “Para manter a média de melhorias atuais, o México levará mais de 25 anos para atingir os níveis médios da OCDE e mais de 65 para obter os de leitura", adverte o relatório.

Entre 2003 e 2012, o número de mexicanos de 15 anos matriculados aumentou de 58% a pouco menos de 70%, mas esse nível de abrangência segue sendo o terceiro mais baixo de toda a OCDE. Só em dois dos 34 países membros da Organização o percentual de escolarizados é inferior a 90%.

No posto 55, a dez posições do final da lista, está o Uruguai. Com 409 pontos em matemática, 416 em ciências e 411 em leitura, o país governado por José 'Pepe' Mujica retrocedeu em todas essas áreas nos últimos dez anos e caiu oito posições em relação ao relatório de 2009.

Depois do Uruguai, está a Costa Rica, que caiu um ponto na lista em relação ao relatório de 2009 – embora não tenham analisado todas as áreas -, se situando na posição 56. No entanto, a nação comandada por Laura Chinchilla cresce com força em leitura, com 441 pontos, enquanto o México (424); Argentina (396); Brasil (410) e Uruguai (411) seguem atrás.

O Brasil está muito atrás no ranking, no posto 58, apesar de o relatório dedicar ao país um capítulo, intitulado “Lições esperançosas de um grande sistema federal”. A reforma da educação brasileira teve espaço em um contexto de “pobreza, ensino de má qualidade e currículo irrelevante”, diz o estudo, que pontua os estudantes brasileiros com 391 pontos em matemática, 405 em ciências e 410 em leitura.

A Argentina está logo atrás do Brasil, na posição 59, o que significa que continua retrocedendo no quesito educação, segundo o PISA – em 2009, estava no posto 58 -. O dado mais desanimador do relatório 2012 para a Argentina é que os jovens não compreendem o que leem. O entendimento de leitura está com 396 pontos. Com uma queda de 1,6 pontos, o país governado por Cristina Kirchner se afasta ainda mais da média. O relatório analisa no capítulo “A Argentina aprofunda o retrocesso em qualidade educativa” as causas que levaram à piora.

No posto 62, encontra-se a Colômbia, penúltimo país latino-americano da lista, antes do Peru – último-, a nação da região que mais retrocedeu nos últimos três anos, já que o país liderado por Juan Manuel Santos caiu 10 posições em relação a 2009. Colômbia obtém 376 pontos em matemática; 399 em ciências e 403 em leitura.

Todos os países latino-americanos progrediram em algum dos três fatores examinados pelo PISA, salvo o Uruguai e a Costa Rica, cujos alunos apresentaram piores resultados, tanto em matemática, como em ciências e leitura.

O relatório revela uma correlação entre os resultados acadêmicos e a pontualidade dos alunos (os que admitiram chegar tarde recebem 10 pontos a menos nas provas de matemática).

Uruguai, Costa Rica, Chile e Peru estão na faixa mais alta da não pontualidade, entre 50% e 60% dos estudantes chegaram atrasados ao menos uma vez nas duas semanas anteriores às avaliações do PISA.

E no entanto, apesar dos maus resultados, os alunos da América Latina parecem ser os mais felizes com seus colégios. O Peru aparece em terceiro lugar nessa estatística, seguido da Colômbia (5), México (7), Costa Rica (8), Uruguai (13),Chile (25) e Brasil (27), todos eles acima da média da OCDE e acima de Shanghai (28), o local com melhores resultados acadêmicos. A Argentina figura no posto 54 dessa “lista da felicidade”.

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