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15ª RODADA DA LIGA ESPANHOLA – REAL MADRID X VALLADOLID

Bale demais

O Real Madrid sacode o inofensivo Valladolid (4 x 0) com o gatilho do galês e um pouco mais

José Sámano
Bale e Benzema depois do gol do francês.
Bale e Benzema depois do gol do francês.Andres Kudacki (AP)

Não joga, porque seu negócio é ser orquestral. Mas goleia, o que não é pouco. E também assiste. Esse é Bale, jogador que chegou com ruído pelas mãos de Florentino Pérez, que não vê ninguém pela frente na hora das compras do verão europeu. O galês é um caso singular. Não deslumbra minuto a minuto, mas é como se tivesse sacudido o eco estival e agora, chegando o inverno, fosse uma formiguinha que vai deixando sua marca a cada partida. Foi assim também contra o Valladolid, que foi demolido sem perceber por esse britânico que abre seu caminho sem bater no peito em todo o Real – no Real com pôster de Cristiano, no Real fidalgo da vida toda, no Real que se agiganta com Ancelotti e a cada dia se parece mais com o que deveria ser um Real com maiúsculas. Quando parecia estar no jogo, enquanto a equipe era mais paciente do que nunca, com um toque por aqui e outro por lá apareceu Bale, o garoto que anda na ponta dos pés. Pá-pum, um tento oportunista, pois lá estava ele junto ao gol depois de Mariño espalmar para o pior lugar possível para um goleiro. E depois Bale, outra vez Bale, preciso na assistência para Benzema, que, para seu bem, pouco a pouco afastou o mal estar da arquibancada. Talvez por ter se despovoado a torcida Ultras Sur, que anda com disputas internas, a equipe circula em boa direção, sem outro dedo que lhe mostre um caminho que não seja o do puro futebol. Saiu Benzema, com o jogo ganho, e foi Bale e mais Bale.

REAL MADRID 4 x 0 VALLADOLID

Real Madrid: Diego López; Carvajal, Pepe, Sergio Ramos, Marcelo; Xabi Alonso, Modric; Bale, Isco, Di María (Jesé, min 73); e Benzema (Morata, min 73). Não utilizados: Casillas; Nacho, Llorente, Casemiro e Illarra.

Valladolid: Mariño; Alcatraz, Rueda, Marc Valiente, Peña; Sastre (Osorio, min 85), Álvaro Rubio, Rossi; Larsson (Omar, min 46), Javi Guerra (Manucho, min 73) e Bergdich. Não utilizados: Jaime; Heinz, Baraja e Rukavina.

Goles: 1 x 0, min 32, Bale; 2 x 0, min 35, Benzema; 3 x 0, min 63, Bale; 4 x 0, min 90, Bale.

Árbitro: Pérez Montero. Deu amarelo para Pepe e Sastre.

Cerca de 65 mil espectadores no Santiago Bernabéu. Magnus Carlsen, campeão mundial de xadrez, deu o pontapé inicial.

São milhares as partidas que os grandes disputam em uma temporada e que antecipam desde o aquecimento semanal o que vai acontecer. O Valladolid foi um desses adversários previsíveis. Não fede nem cheira. Um pouco de esmero aparente, e mais tarde nada. A precisão milimétrica de Xabi Alonso, o alvoroço de Di María, a discrição de Bale... Suficiente para que o Valladolid fosse pelo ralo, e para que se ouvisse aquilo da diferença orçamentária. Por mais razões que tenham esses clubes, poucos se rebelam no campo, e diante dos grandes se sentem marcados pelo calendário. É um lugar de desembarque, nada mais, ninguém poderá lhes recriminar por nada. “Nossa Liga é outra”, afirmam, com certo peso argumentativo. No Bernabéu, nem se viu sinal do Valladolid, que nada ofereceu diante do melhor e mais destemido Real.

O Real mais articulado teve o ponto final em Bale; o mais pálido, o do segundo ato, já com tudo resolvido, também. Bale para tudo. Foi suficiente para o conjunto madridista, que até teve tempo de expor o seu segundo regimento – aquele liderado por Jesé e Morata, que deram um respiro para Benzema e Di María, os quais ganharam a aposta contra o Valladolid e se pouparam para o pior. Contra times como esse é possível ganhar sozinho, não vão além disso. Gente como Benzema e Di María são demais para eles. Também Modric, sócio desta vez do impecável Xabi Alonso, para quem todos os confrontos são de alta voltagem. O jogador de Guipúscoa não diferencia. Se é preciso colocar a perna, coloca. Com Alonso pelo meio, pouquíssimas bobagens, praticamente nenhuma. Diante do corredor do grupo treinado por Juan Ignacio Martínez, Xabi foi Xabi, agitando a batuta e ditando o ritmo da partida conforme lhe convinha. Agora mais espaçado, agora em jogadas curtas. Há jogadores absolutistas, e Alonso está à frente desse seleto ramo.

O dócil Valladolid não permitiu nem avaliar Sergio Ramos, manchete da semana por supostos atritos com o presidente. O andaluz barrou a passagem o tíbio adversário. Sua medida é outra, é um jogador de confrontos imperiais. Jornadas como esta não lhe marcam. Sergio está definido, para o bem ou para o mal. Já Bale é o caso de ver. Ele sim aproveita treinos como esse contra o Valladolid. Na ausência de Cristiano, aí está Bale. O que não é pouco. Cresce cada vez mais o Real, e o galês se agiganta. Melhores notícias impossíveis para um Real em um caminho esmagador, com ou sem Cristiano.

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