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Santos pede a Uribe união na fase final do processo de paz

No Congresso, na presença de seu predecessor, ele diz: “Deponhamos as armas entre nós”

Juan Manuel Santos em seu discurso diante do Congresso.
Juan Manuel Santos em seu discurso diante do Congresso.M. D. Castañeda (EFE)

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, convidou na segunda-feira o ex-presidente e senador Álvaro Uribe a somar-se ao processo de paz em sua fase final. “Serenemos os espíritos e deponhamos as armas entre nós. É hora de avançar unidos, não de perder tempo brigando”, disse Santos, sem citar especificamente seu predecessor, mas claramente aludindo a ele, no discurso de abertura da nova legislatura no Congresso. Presente no recinto, Uribe criticava as palavras do presidente através de suas redes sociais, enquanto Santos falava.

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Asfixiado pela falta de apoio popular, há semanas o Governo colombiano decidiu acelerar o processo de paz. “A paciência se esgota” vem sendo uma das frases mais repetidas por Santos, que se deu o prazo de quatro meses para decidir se segue adiante ou não com as negociações com as FARC. No caso de fazê-lo será porque, por um lado, a guerrilha terá cumprido o cessar-fogo unilateral que começava nesta segunda-feira. Mas também porque terão sido feitos avanços em matéria de justiça, o tema mais complicado para os negociadores, já que o Governo não concebe que os guerrilheiros não aceitem algum tipo de pena privativa de liberdade. Se isso for alcançado, tudo parece indicar que o processo se prolongará por pouco tempo.

Diante dessa conjuntura, e no desejo de que os maiores atores possíveis façam parte da foto final, para dar uma sensação de consenso que não existe neste momento, o Governo procura uma aproximação com Uribe e seus seguidores, intransigentes com o andamento do processo de paz. Santos, que foi ministro da Defesa de Uribe na época em que as FARC sofreram suas maiores derrotas, dirigiu-se de forma indireta a seu crítico máximo, que preside com mão de ferro o partido Centro Democrático: “Convido-os a que abandonemos juízos e ideias preconcebidas, que deixemos de lado as posições intransigentes, que falemos com serenidade e sem meias-verdades e que busquemos as convergências em meio às diferenças”.

Uribe durante o discurso de Santos perante o Congresso.
Uribe durante o discurso de Santos perante o Congresso.M. D. Castañeda (EFE)

Nesse dia 20 de julho, quando a Colômbia comemorou o 205º aniversário de sua independência, Santos voltou dois séculos atrás no tempo para falar dos cinco anos que precederam a Reconquista, um período conhecido como a Pátria Boba. “Em lugar de trabalhar unidos para edificar uma nação autônoma e próspera, nossos líderes se dedicaram a disputar entre si, a discutir por privilégios e formas de poder, a organizar guerras civis, e se esqueceram do verdadeiro inimigo. Como naquela Pátria Boba, pesam mais para nós as divisões, os orgulhos pessoais, os dogmas e as ideias preconcebidas, não deixando que vejamos o que temos e o que poderemos construir se avançarmos juntos em santa harmonia”, disse o presidente.

A empreitada pode ser complicada. Enquanto Santos pronunciava seu discurso, alguns dos membros do Centro Democrático respondiam ao presidente através do Twitter com o hashtag #incumplimientosSantos (#descumprimentosSantos). E erguiam cartazes diante de seus assentos com a mesma mensagem. Dez mensagens criticando a intervenção do presidente foram enviadas da conta Uribe. “Não podemos aplaudir a homenagem aos soldados e policiais pelo Governo que legitimou que eles fossem assassinados”, escreveu Uribe depois de o presidente ter agradecido o trabalho da força pública.

Santos concluiu sua intervenção aludindo à reabertura das Embaixadas dos EUA e de Cuba, que citou como exemplo a seguir. “Assim como hoje, graças ao diálogo, se encerra o último e mais longo conflito diplomático do hemisfério, está em nossas mãos pôr fim ao último e mais longo conflito armado do continente. Recordamos a história para não repeti-la. Não mais pátrias bobas, não mais enfrentamentos inúteis”, ele enfatizou.

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