Colômbia poderá realizar plebiscito sobre o processo de paz no país
Partido Aliança Verde propõe que o povo decida quando a negociação deve terminar
A escalada dos ataques das FARC nas últimas três semanas, depois da suspensão da trégua unilateral que esse grupo armado mantinha desde dezembro, está alimentando a pressão da opinião pública e de parte da classe política para que o atual processo de paz entre Governo e guerrilha, iniciado há dois anos e meio em Havana, seja acelerado ou mesmo tenha um prazo para o seu encerramento. O Partido Aliança Verde, que não participa da coalizão de Governo, propôs a convocação de um plebiscito consultivo sobre esse prazo.
A ideia é que, junto com a próxima eleição para prefeito e governador, em 25 de outubro, os cidadãos também respondam sim ou não à seguinte pergunta: “Aprova que as negociações entre o Governo e as FARC terminem antes de 9 de abril de 2016?”. A data é simbólica por ser o Dia Nacional das Vítimas.
Os verdes consideram que o prazo de nove meses é razoável, levando-se em conta que, dos cinco pontos negociados em Cuba, já há acordos em três. Entretanto há poucos avanços no último ano, período em que tiveram início as discussões sobre a reparação às vítimas do conflito, um tema que inclui a espinhosa questão do tipo de justiça a ser aplicada aos principais chefes da guerrilha. Desde então, o único resultado concreto das negociações foi a criação de uma Comissão da Verdade, a ser efetivada quando as FARC abandonarem as armas.
O autor da proposta é o senador Antonio Navarro, ex-guerrilheiro do grupo M-19, que explicou que o resultado do plebiscito não seria de cumprimento obrigatório nem para o Governo nem para as FARC, “mas eles não poderiam ignorá-lo, porque seria a voz do povo, dos cidadãos”, afirmou ele à rádio RCN.
Diante da iniciativa, o chefe do Registro Nacional colombiano, Carlos Ariel Sánchez, que é o responsável pela organização de eleições, disse que a inclusão do plebiscito nas eleições regionais custaria o equivalente a aproximadamente 30 milhões de reais. Sánchez, em conversa com a rádio Blu, recordou que houve iniciativas semelhantes, como a Sétima Cédula, em 1989, que deu origem à convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte que concluiu o processo de paz com o movimento guerrilheiro M-19, e o Mandato Cidadão pela Paz, de 1997, no qual 10 milhões de pessoas votaram por uma solução negociada para o conflito armado, os sequestros e o recrutamento de menores.
O processo de paz caminha contra o relógio desde o primeiro dia, já que o presidente Juan Manuel Santos disse na época que esperava uma negociação de meses, e não de anos. Ultimamente, ele tem insistido que a paciência dos colombianos é limitada. Resta ver, porém, como a nova proposta será acolhida, pois uma coisa é o que acontece no mundo político colombiano, e outra muito diferente é o que tem lugar na mesa de negociações de paz.
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