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Podemos se consolida como segunda principal força política espanhola

O conservador PP é primeiro, com 27,3%, e centro-esquerdistas do PSOE vem em terceiro

As intenções de voto, em espanhol.
As intenções de voto, em espanhol.

O partido esquerdista Podemos superou o centro-esquerdista PSOE e se consolidou como a segunda maior força política da Espanha pelo critério da estimativa de voto, atrás do centro-direitista Partido Popular, atualmente no Governo, segundo a pesquisa de janeiro do Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS, na sigla espanhola), publicada nesta quarta-feira. O resultado confirma que a Espanha se encaminha para o fim de uma era bipartidária.

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Se eleição fosse hoje, Podemos seria a maior força política da Espanha

O Podemos, que surgiu há pouco mais de um ano sob a liderança de Pablo Iglesias, obteve 23,9% das menções na pesquisa. Se a eleição fosse hoje, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) ficaria em terceiro lugar, com 22,2%, de acordo com o CIS. O PP, hoje no poder, continua na liderança, com 27,3%, mesma cifra da pesquisa anterior, feita em outubro.

Os dados de estimativa de voto contrastam com a aprovação aos líderes partidários, já que o socialista Pedro Sánchez é o político espanhol mais bem avaliado, com nota 3,68, quase um ponto e meio a mais do que o primeiro-ministro Mariano Rajoy (2,24). Também causa estranheza que o PSOE apareça como o partido mais simpático e com ideias mais semelhantes às dos pesquisados. Nesse quesito, o PSOE recebe 16,6% das menções, à frente do Podemos (15,9%) e do PP (14,4%).

Dentro do Governo, a vice-primeira-ministra Soraya Sáenz de Santamaría continua tendo a melhor avaliação, embora também com uma nota “vermelha” – 3,10.

No quesito voto direto, o Podemos aparece como a primeira força, com 19,3% das menções, seguido pelo PP (12,9%) e PSOE (12,4%). Isso significa que Podemos e PP cresceram quase dois pontos percentuais no voto direto desde a pesquisa de outubro, ao passo que os socialistas tiveram queda superior a dois pontos.

A pesquisa foi feita entre os dias 2 e 12 de janeiro, coincidindo em parte com os atentados contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo. A principal pauta do Governo naqueles dias era definir qual seria a melhor resposta ao terrorismo, enquanto Rajoy, numa viagem a Andorra, selava um pacto para dificultar fraudes fiscais como a cometida pelo político catalão Jordi Pujol. Sánchez, por sua vez, iniciava uma ofensiva eleitoral reunindo-se com a executiva federal do seu partido, buscava apoio europeu à Grécia contra a Alemanha e se encontrava com o economista francês Thomas Piketty.

A sondagem reflete a perda de espaço do PSOE. O partido liderado por Pedro Sánchez aparecia na segunda posição na pesquisa de outubro, com 23% da estimativa de voto, quase quatro pontos a menos que o PP (27,5%) e um ponto à frente do Podemos (22,5%). Mas aquela pesquisa já refletia que, no voto direto, o Podemos seria a força política mais votada, com 17,6%, superando o PSOE (14,3%) e o PP (11,7%). Aquele levantamento, realizado entre 1º. e 13 de outubro, coincidiu com escândalos envolvendo gastos de executivos do banco Caja Madrid e a chamada Operação Púnica, com a prisão de suspeitos de ligação com desvios de verbas em governos municipais e regionais.

Só com a realização de eleições gerais – previstas para ocorrerem no máximo até 20 de dezembro – será possível confirmar a profundidade do fenômeno político representado pelo Podemos. A agremiação de Iglesias não disputará as eleições municipais de 24 de maio, embora deva concorrer a governos regionais em algumas das 13 comunidades autônomas que irão às urnas.

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