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VIOLÊNCIA SECTÁRIA

A Nigéria abre negociações com o Boko Haram para a libertação das jovens

Aviões e especialistas dos EUA, Reino Unido e França cooperam com o resgate das estudantes sequestradas

Cena do novo vídeo difundido na segunda-feira por Boko Haram.
Cena do novo vídeo difundido na segunda-feira por Boko Haram.AP

O Governo nigeriano abriu nesta terça-feira uma via à negociação com a seita islamita Boko Haram para a libertação das mais de 200 adolescentes sequestradas no nordeste do país. Segundo informou o ministro de Assuntos Especiais, Tanimu Turaki, “o Governo criou um comitê de negociação para que, caso o Boko Haram queira dialogar, o faça através desse canal”. Turaki dirigirá o órgão. Em declarações ao programa da BBC Focus on Africa, Turaki incentivou ainda o líder da milícia radical, Abubakar Shekau, a enviar pessoas de sua confiança para entrarem em contato e dialogar com o tal comitê.

Shekau exigiu nesta segunda-feira, durante uma gravação divulgada pela agência France Presse, a libertação de presos vinculados ao Boko Haram em troca da colocação em liberdade das jovens raptadas em um colégio da localidade de Chibok, no nordeste do país.

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Até o momento, e depois de uma série de declarações de diferentes membros do Executivo de Abuja, as palavras de Turaki são as mais sólidas e dão uma virada significativa à atitude do presidente Goodluck Jonathan, que a todo momento se mostrou reticente ao diálogo com os islamitas e contrário, pelo menos há 48 horas, à abertura das prisões para recuperar as menores. “O diálogo é uma opção chave”, assinalou Tukari. “Um problema dessa natureza pode ser resolvido à margem da violência”.

Os serviços de inteligência de pelo menos Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá e China se encontram sobre o terreno quando se cumpre um mês do sequestro das estudantes. É desconhecido até o momento o paradeiro das jovens ainda em poder do Boko Haram —algumas conseguiram escapar—, mas indícios administrados pelo Governo nigeriano apontam para a região florestal de Sambisa, no sudeste da cidade de Maiduguri, principal localidade de Borno, um dos três estados, junto com Adamawa e Yobe, em situação de emergência pela investida do Boko Haram, cuja tradução do hausa significa “a educação ocidental é pecado”.

Kashim Shettima, governador de Borno, estado ao qual Chibok pertence, pediu às famílias das jovens que vejam com atenção o vídeo difundido na segunda-feira pelo Boko Haram para encontrar qualquer pista que possa ajudar a localizar os seus cativeiros. Segundo revelou na terça-feira Shettima, depois de uma passeata pela libertação das jovens, “todas as garotas do vídeo foram identificadas como alunas do colégio público de Chibok”.

Também em tarefas de identificação está dedicada a equipe enviada por Washington para prestar auxílio ao presidente Jonathan. A administração norte-americana informou nesta terça-feira que aviões tripulados estão sobrevoando a região. Os EUA admitiram através do porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, que até o momento contam com 26 pessoas voltadas para a operação: cinco do Departamento de Estado, 10 de Defesa, sete assessores do Africom (comando norte-americano que coordena todas as operações em países africanos, salvo o Egito) e quatro especialistas do FBI em negociações e resgates.

Carney especificou na terça-feira que Washington não vê com bons olhos concessões à seita, isto é, a abertura de uma negociação, como prevê o Governo local.

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