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Obama teme que a Rússia descumpra o acordo fechado em Genebra

O presidente de EUA mostra-se cauteloso sobre o sucesso do pacto e assegura que seu país tem preparadas novas sanções caso Moscou não mude de postura

Eva Saiz
O presidente de EUA, Barack Obama.
O presidente de EUA, Barack Obama.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrou-se cauteloso diante das possibilidades de sucesso do acordo para tratar de apaziguar a crise na Ucrânia alcançado horas antes em Genebra entre os ministrões de Relações Exteriores da Rússia, Ucrânia, a União Europeia e seu próprio país. O mandatário defendeu a via diplomática como a única solução viável para resolver o conflito, mas advertiu que Washington tem preparado um novo pacote de sanções para o caso de Moscou não cumprir com a sua parte do pacto.

“A esta altura não podemos estar seguros de nada”, reconheceu Obama quando perguntado sobre suas expectativas de que a Rússia cumpra com sua parte no desarmamento das milícias pró-russas que tomaram várias instalações públicas nas principais cidades da zona oriental ucraniana. “O que existe é a perspectiva de que a diplomacia possa reduzir a tensão e que possamos avançar ao que foi sempre nosso objetivo, que é permitir que os ucranianos possam decidir sobre suas próprias vidas por si mesmos”. O presidente falou sobre o pacto de Genebra aproveitando uma inesperada coletiva de imprensa que ofereceu para engrandecer o sucesso de sua reforma sanitária.

Obama reduziu qualquer vislumbre de otimismo sobre o futuro desse acordo. “Vamos esperar, mas dado seu comportamento passado não acho que possamos contar com isso”, assinalou. Os EUA chegaram à reunião das quatro nações de Genebra com escassas expectativas de sucesso, no entanto, o acordo alcançado depois de mais de cinco horas de reunião – que passa pelo desarmamento dos ativistas pró-russos e a anistia por parte da Ucrânia para os que mudarem de posição - permitiu a Washington reafirmar sua aposta em uma solução diplomática para esse país e para a Rússia não ficar isolada como a única potência envolvida no conflito que foge do diálogo e, sobretudo, atrasar a imposição de novas sanções por parte do Ocidente que, até esta quinta-feira, parecia um fato inevitável.

Obama, não obstante, considera a possiblidade de recorrer as sanções, advertindo a Rússia que os EUA já têm pronto um novo pacote caso se confirme, como diz temer, que Moscou não cumpre com sua parte do trato. “A questão é se vai empregar sua influência para seguir desestabilizando, como fez até agora, ou para restaurar a ordem para que os ucranianos possam celebrar suas eleições”, comentou o presidente. “Vamos demorar alguns dias para comprovar se cumprem a sua palavra”.

Os EUA coordenaram com seus sócios europeus a extensão das multas individuais sobre oligarcas alinhados ao presidente russo, Vladimir Putin, e entidades bancárias que se estabeleceram no mês de março. Essas medidas de castigo não tiveram, até agora, nenhum efeito dissuasivo, mas Obama defendeu sua aplicação, aludindo ao impacto que já exerceram sobre a economia russa. “O que estão fazendo os russos não é bom para a Rússia nem para a sua economia que já está atrapada no lodo e que vai se deteriorar bem mais por estas últimas ações”, assegurou.

Minutos antes de comparecer diante da imprensa, Obama falava com a chanceler alemã, Angela Merkel, sobre a necessidade de “impor novas medidas sobre a Rússia” se não se observa uma redução da tensão na Ucrânia “em um período de tempo curto”. O presidente norte-americano informou que ao longo da tarde manterá uma conversa similar com o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Por enquanto, as multas que vão adotar não vão afetar os setores essenciais para a economia russa diante das reticências da Europa em atacar esse âmbito, devido à dependência energética de Moscou. Os EUA, além disso, preferem guardar essa opção para o caso de que se produza uma invasão russa na Ucrânia.

O presidente recusou a via militar para terminar com o caos na Ucrânia. Até agora, a Casa Branca recusou enviar ajuda bélica a Kiev, alegando que a medida, agora mesmo, não propiciaria uma desaceleração da tensão na zona, que é o que perseguem os EUA. Nos últimos dias, vários falcões republicanos, como o senador John McCain, têm insisitido na necessidade de que Washington forneça  material militar à Ucrânia para que possa encurtar a crise e enfrentar as milícias pró-russas. Até o momento, os EUA apenas contribuíram com assistência não letal. Nesta mesma quinta-feira, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, anunciava o envio de capacetes, geradores elétricos, aparelhos para destilar a água e e colchonetes para dormir, que se somam ao de lotes de comida que foram autorizados há algumas semanas.

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