Siga as regras. Não por você, mas pelos mais frágeis
“Eu fico em casa”, campanha iniciada na Itália e agora adotada na Espanha, mostra importância de evitar aglomerações contra o coronavírus. Brasil adota medidas restritivas
Milhares de pessoas nas redes sociais pedem calma apesar da expansão do coronavírus pela Espanha, que decretou estado de alarme nesta sexta-feira para restringir a circulação nas ruas. Com o uso das hashtags #YoMeQuedoEnCasa (Eu fico em casa) e #FrenarLaCurva (Frear a curva, em referência à curva de crescimento da propagação do vírus) usuários pedem que as pessoas sejam responsáveis e não saiam às ruas para evitar que os contágios aumentem. O objetivo desses dias, em que o trabalho remoto em casa é incentivado, é que o número de infectados não cresça descontroladamente e alcance um pico tão acentuado como na Itália, o país da Europa com mais casos (acima de 17.000) até agora. A Europa tornou-se nesta semana o epicentro da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde, mas o Brasil também começa a endurecer as medidas para enfrentar a propagação da doença.
Foi na Itália que surgiu a primeira amostra dessa campanha nas redes sociais. Através do #IoRestoACasa (Eu fico em casa) os italianos pedem que ninguém abandone suas residências. Alguns famosos como Laura Pausini, Paolo Sorrentino, Tiziano Ferro e Chiara Ferragni publicaram em seus perfis fotos e vídeos cobrando responsabilidade dos cidadãos.
Na Espanha, em apenas 24 horas, foram publicados mais de 31.000 tuítes utilizando a hashtag #YoMeQuedoEnCasa para conscientizar sobre a importância de ser responsável e ficar em casa mesmo não sendo proibido. A outra hashtag, #FrenarLaCurva, apareceu em quase 60.000 publicações. Também foram utilizadas outras expressões com a mesma intenção, como #YoElijoSerResponsable (Eu escolho ser responsável), #YoElijoSalvarVidas (Eu escolho salvar vidas) e #QuédateEnCasa (Fique em casa, esse último acompanhado por um vídeo em que aparecem profissionais da área da saúde).
“Frear a curva” é o principal mantra para conter a epidemia. E isso implica em um pacto coletivo incondicional, que também vale para o Brasil, onde, nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde recomendou o cancelamento ou a realização sem público de grandes eventos como partidas de futebol. Quanto maior a curva de infectados pela doença, mais chances de o sistema de saúde entrar em colapso por falta de estrutura para atender tantos casos em um curto espaço de tempo, principalmente pelo fato das infecções pelo covid-19 demandarem cerca de 60 vezes mais internações hospitalares que a gripe comum.
A China, onde o novo vírus se originou, tem colhido bons resultados na força-tarefa para deter a curva com medidas de quarentena e distanciamento social. O país detectou somente 15 novos casos na última quinta-feira, enquanto o resto do mundo registrou mais de 4.100 infectados nesse mesmo intervalo de 24 horas.
Na pior das hipóteses, de acordo com estimativas de pesquisadores e médicos sanitaristas, o coronavírus pode afetar 60% da população mundial. Os números atuais indicam que 80% dos casos seriam leves ou até mesmo assintomáticos, mas haveria outros 15% em estado mais grave, que exigiram oxigênio, e outros 5% em situação crítica, com necessidade de entubação em UTI. As mortes giram entre 0,3% e 1% dos afetados, em que boa parte deles se encaixa nos grupos de risco, a exemplo de idosos, hipertensos e diabéticos.
Entretanto, mesmo que apresente bom estado de saúde e não integre nenhuma faixa vulnerável, é preciso que cada cidadão assuma a responsabilidade de proteger as pessoas mais frágeis e adote o compromisso, por meio de ações individuais, de se precaver da exposição ao vírus não só para resguardar os grupos de risco, mas também para evitar a sobrecarga do sistema de atendimento nos hospitais diante do surto de infectados.
Para isso, é fundamental lavar as mãos frequentemente, com água e sabão ou álcool gel, evitar aglomerações, tentar trabalhar de casa sempre que possível e manter distância das demais pessoas, sobretudo das que apresentam tosse ou febre. Lembre-se: não é por você, mas pelos outros, especialmente os mais vulneráveis. Faça sua parte para “frear a curva”.