AmaZen, a cabine de relaxamento para os funcionários da Amazon, ou “caixões para meditar”
Acusada de práticas monopolísticas e exploração dos seus trabalhadores, empresa está sendo um alvo fácil para os usuários nas redes sociais
Anda estressado no trabalho? O que acha de fazer uma pausa e entrar numa espécie de cabine telefônica, onde poderá se sentar e assistir a vídeos de relaxamento? Essa é a nova proposta do gigante Amazon para reduzir a carga de estresse e cansaço de seus funcionários. As cabines se chamam AmaZen, e sua instalação ocorre num momento em que a empresa recebe uma enorme quantidade de críticas pelas condições de trabalho que oferece.
Segundo a companhia, o AmaZen ―cujo nome original era “sala de prática de mindfulness”― é parte do projeto Working Well, que a Amazon lançou em 17 de maio. O programa é descrito como “uma combinação de atividades físicas e mentais, exercícios para o bem-estar e apoio para uma alimentação saudável a fim de ajudar os funcionários a se recarregarem e revitalizarem”. As cabines de relaxamento seriam uma das várias estratégias desse projeto.
Dentro das cabines, instaladas nos edifícios da empresa, há plantas em um suporte e um ventilador, assim como folhetos e cartazes de relaxamento e nutrição nas paredes. Um vídeo publicado pela Amazon mostra que também há um computador com uma espécie de lista de reprodução de vídeos de relaxamento e meditação. Nesse vídeo, a criadora da AmaZen, Leila Brown, explica que se trata de “um quiosque interativo onde [o funcionário] pode navegar por uma livraria de produtos de saúde mental para recarregar suas baterias internas”. Mas nem todos parecem ter abraçado o conceito com tanto entusiasmo.
Un armario de la desesperación para irse a llorar cuando por la falta de derechos te come la ansiedad. La alternativa al futuro verde es el futuro Black Mirror https://t.co/KMd1Vi2wIw
— Íñigo Errejón (@ierrejon) May 28, 2021
“Caixão zen”
De fato, o vídeo foi retirado da conta oficial da Amazon no Twitter poucas horas depois de ser publicado, por causa da avalanche de críticas que começaram a chegar por diversas plataformas. As cabines AmaZen receberam todo tipo de apelido por parte dos usuários. Alguns as descreveram como “caixões zen”, “espaços para chorar”, “quartos do desespero”, “frigoríficos zen” e até “manicômios individuais”.
Um dos críticos foi o deputado espanhol Iñigo Errejón, do partido Mais País. “Um armário do desespero para ir chorar quando você for consumido pela falta de direitos. A alternativa ao futuro verde é o futuro Black mirror”, tuitou o político em sua conta oficial.
En Amazon han colocado unas cabinas en sus almacenes para que la gente pueda llorar, porque parece ser que lo que funciona no es mejorar las condiciones de trabajo de tus empleados, que algunos hasta mean en una botella: lo mejor son las pseudoterapias de los cojones de la mierda pic.twitter.com/YfPVDoiVie
— Chucki (@chuckiclampy) May 28, 2021
Por cierto, Amazon acaba de presentar las cabinas de meditación "AmaZen" como parte de su nuevo “programa de bienestar en los almacenes”.
— Julen Bollain (@JulenBollain) May 28, 2021
Menos “AmaZen” y más respeto por los derechos laborales. pic.twitter.com/xWDuQODurV
Futurama ya predijo lo de AmaZen pic.twitter.com/r5Sa5NHmWm
— Jester agr (@jesteragr) May 27, 2021
As críticas não ajudaram a melhorar a imagem da companhia com relação aos direitos trabalhistas. Em abril, a Amazon aumentou o salário mínimo de seus funcionários e aceitou conceder um aumento salarial para 500.000 de seus trabalhadores. A empresa também foi duramente criticada por suas práticas monopolísticas e por pagar “poucos impostos” em comparação ao seu enorme faturamento.
Até o momento, não houve uma resposta da Amazon sobre o futuro de suas cabines de relaxamento, embora a publicidade da AmaZen tenha sido retirada. O que é certeza é que, para evitar mais críticas, o gigante tecnológico deverá rever o conceito de “atividades físicas e mentais e exercícios de bem-estar” que define em seu programa Working Well.
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