_
_
_
_
Eleições EUA 2020
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

Derrota de Trump liberou os EUA de seus demônios. Será agora a vez do Brasil?

Os brasileiros precisarão encontrar alguém disposto a reunificar o país com suas veias abertas e entusiasmá-lo com a esperança de um novo ciclo de prosperidade econômica

Bolsonaro ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, no último 9 de novembro.
Bolsonaro ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, no último 9 de novembro.EVARISTO SA (AFP)
Juan Arias
Mais informações
Brazil's President Jair Bolsonaro, left, embraces his Environment Minister Ricardo Salles during a ceremony in honor of Aviator Day at the air base in Brasilia, Brazil, Friday, Oct. 23, 2020. (AP Photo/Eraldo Peres)
Vitória de Biden aumenta pressão sobre Bolsonaro para que troque Araújo e Salles
(FILES) In this file photo taken on October 27, 2020 Brazilian President Jair Bolsonaro (C) gestures during the national flag-raising ceremony before a ministerial meeting at the Alvorada Palace in Brasilia. - Brazil will have difficulty in meeting its commitments under the Paris climate agreement since tThe emission of greenhouse gases in the country increased by 9.6% in a year in 2019, an NGO denounced on November 6, 2020. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
Jair Bolsonaro mantém silêncio sobre a vitória de Biden, que terá o meio ambiente como prioridade
President-elect Joe Biden speaks Monday, Nov. 9, 2020, at The Queen theater in Wilmington, Del. (AP Photo/Carolyn Kaster)
Joe Biden quer curar feridas após a eleição, mas os EUA vão em outra direção

Os Estados Unidos estiveram à beira de uma guerra civil provocada pelo histrionismo, pelo desprezo (ou mesmo perseguição) do presidente Trump às minorias, e também por seu negacionismo da pandemia. Já o presidente Bolsonaro chegou a pôr o país à beira de um golpe de Estado que teria levado o Brasil a uma nova ditadura, no que foi curiosamente freado pelos generais que se abrigam em seu governo.

Os Estados Unidos souberam castigar nas urnas quem ameaçava desarticular o país e o mundo com um populismo perigoso e vulgar.

Bolsonaro, considerado o Trump dos trópicos, não cumprimentou até agora o vencedor das eleições nas urnas, o qual não é nenhum comunista, e sim um liberal democrático. As pessoas são conhecidas por seus gestos, e Bolsonaro, com sua falta de educação e de diplomacia, retratou-se assim mesmo.

Assim como os norte-americanos se livraram dos demônios que afligiam uma das democracias mais sólidas e antigas do mundo moderno, podemos ter a esperança de que também o Brasil conseguirá unir o país novamente para se libertar do novo caudilho amante da violência e adorador das armas, que como Trump está dividindo o país e roubando-lhe a esperança?

O ganhador das eleições nos Estados Unidos, Joe Biden, declarou já em seu primeiro discurso como vencedor das eleições que deseja ser o presidente de “todos os norte-americanos e curar as feridas”, abraçando todas as minorias para reunificar o país, hoje a maior potência bélica e econômica do planeta.

O programa de Biden está nos antípodas do populista e racista brasileiro que discrimina, divide e envenena a sociedade. Com Biden, os Estados Unidos desejam que o país saia do inferno ao qual estava sendo arrastado pela loucura de um Trump, a quem a maioria dos norte-americanos disse chega.

O Brasil ainda está a tempo de escolher o caminho do inferno, com seu desprezo pela democracia e seu rechaço às minorias, ao qual está sendo empurrado por Bolsonaro, optando ao invés disso por voltar a dar ao mundo um exemplo de convivência com todas as suas diferenças e com a riqueza de suas possibilidades de criar uma sociedade plural e rica, econômica e culturalmente, características que sempre o distinguiram e o fizeram ser apreciado e respeitado no mundo.

A notícia mais explosiva dos últimos dias no mundo foi a derrota do histriônico Trump, que estava envenenando um país que foi sempre a meca de todos os que procuravam chances de superação. Não por acaso, a maioria de seus prêmios Nobel são filhos de imigrantes que se inseriram em um país que não fazia distinção de raça.

Talvez por isso o mundo tenha recebido com alívio a notícia da derrota de Trump, que ameaçava a democracia mundial e estava atemorizando o planeta. Agora o risco que o Brasil corre é o de não encontrar um Biden capaz de unificar um país rasgado e preocupado com o seu futuro e o de seus filhos.

O Brasil precisará encontrar alguém disposto a reunificar o país com suas veias abertas e entusiasmá-lo com a esperança de um novo ciclo de prosperidade econômica sem esses milhões de abandonados à sua sorte, e onde ninguém se sinta excluído e perseguido por suas ideias, seu credo e suas preferências políticas e culturais.

Existe no Brasil de hoje um Biden capaz de enfrentar sua crise de identidade e devolver ao país as ilusões perdidas? A responsabilidade que recai sobre os políticos brasileiros de todas as cores políticas duplica-se depois que os Estados Unidos deram um exemplo ao mundo de saber escolher a liberdade sobre a barbárie.

O Brasil, por sua importância econômica e política no continente, precisa se desfazer com urgência da forma de governar histriônica e infantil que o aflige, e que seja capaz de devolver a sua gente a fé perdida na velha política, raiz de tantos desassossegos que culminaram na aventura de um presidente e de um Governo que mais parecem estar dirigindo uma república bananeira que uma potência mundial.

Como escreveu este jornal em seu editorial, “o momento é grave e muitas coisas estão em jogo: sete décadas de florescimento dos valores democrático liberais estão ameaçadas por algo mais que nuvens escuras”.

E no Brasil?

Apoie nosso jornalismo. Assine o EL PAÍS clicando aqui

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_