_
_
_
_
Pandemia de coronavírus
Tribuna
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Durante pandemia, pesquisa telefônica é mais adequada

Instituto Datafolha defende a metodologia de suas pesquisas, que têm sido feitas de forma diferente durante a crise do coronavírus

Movimento no Viaduto do Chá, em São PAulo, durante a quarentena, em 26 de março.
Movimento no Viaduto do Chá, em São PAulo, durante a quarentena, em 26 de março.Rovena Rosa/Agência Brasil
Mais informações
O presidente Jair Bolsonaro durante teleconferência com governadores.
Bolsonaro fica nu ao se despir das três bandeiras que o levaram ao poder
Moro Bolsonaro ministro STF
Moro salva o que resta da biografia ao terminar um “casamento de conveniência” com Bolsonaro
Flávio e Carlos Bolsonaro.
Investigações sobre filhos de Bolsonaro podem explicar disputa por direção da PF que tirou Moro do Governo

Durante a pandemia de coronavírus em que o isolamento social de parte da população inviabiliza a realização de pesquisas presenciais, a abordagem telefônica em pesquisas de opinião pública impõe-se como solução mais adequada, segundo avaliação do corpo técnico do Datafolha. Nesse sentido, são válidas também experiências com outros métodos de abordagem para enriquecer o debate, tão presente nas discussões metodológicas mais recentes.

Em relação ao artigo elaborado pela consultoria Atlas publicado pelo EL PAÍS, o autor supervaloriza a variável voto declarado como indício de viés da amostra em pesquisa Datafolha. A pergunta sobre o voto na eleição de 2018 não deve ser utilizado como variável de controle ou ponderação. Além de elevada taxa de entrevistados que se recusam a revelar em quem votaram (8% somando-se os que não lembram), a variável por si carrega potencial de viés por contemplar eleitores que hoje têm 16 ou 17 anos e que na época não podiam votar.

O autor calcula votos válidos sem a base completa da variável na amostra. Desconsidera a taxa de não resposta, repercentualizando-a de maneira proporcional pelos candidatos. Parte do pressuposto de que quem não podia votar na ocasião, os que se abstiveram ou os que se recusam a revelar o voto, teriam o mesmo comportamento que o restante do eleitorado. E o contingente de entrevistados que se enquadram nessa situação é elevado ―26% do total da amostra (6% de recusas + 2% dos que não lembram + 18% que declaram não ter votado na última eleição). É por isso que o Datafolha só calcula votos válidos às vésperas da eleição, quando o percentual de indecisos diminui.

O voto declarado é uma variável tão subjetiva que historicamente muda de acordo com a percepção do eleitorado sobre expectativas e satisfação com a gestão do candidato vitorioso. Não é a falta de eleitores de determinado candidato na amostra que determina uma melhor ou pior avaliação do mandatário, mas sim o contrário ―quando um governante apresenta bom desempenho, a probabilidade da população dizer que votou nele é maior.

Para garantir a representatividade de suas pesquisas, inclusive nas telefônicas, o Datafolha controla variáveis objetivas justamente para minimizar a influência de erros não amostrais. Por isso, a distribuição da amostra é feita com base em cotas de sexo e idade, segundo as proporções reais em cada região do país. No caso da abordagem telefônica, como sempre, de maneira transparente, o Datafolha alerta para possíveis desvios de natureza socioeconômica, calibrados e ponderados objetivamente por escolaridade (categoria com taxa de resposta que alcança a totalidade dos entrevistados).

O Datafolha sempre disponibiliza os resultados completos das pesquisas publicadas e não encontrou acesso a dados detalhados da metodologia e dos resultados internos das pesquisas feitas pela Atlas Consultoria. Pelo relatório, sabe-se apenas que são entrevistas “online”.

De qualquer forma, se a empresa tornar públicas suas bases e variáveis de controle e ponderação, a exemplo do Datafolha, o instituto se coloca à disposição para prosseguir com o debate técnico no intuito de fortalecer a transparência necessária para apurações tão importantes que contam a história, do ponto de vista dos cidadãos, desse período tão relevante.

Informações sobre o coronavírus:

- Clique para seguir a cobertura em tempo real, minuto a minuto, da crise da Covid-19;

- O mapa do coronavírus no Brasil e no mundo: assim crescem os casos dia a dia, país por país;

- O que fazer para se proteger? Perguntas e respostas sobre o coronavírus;

- Guia para viver com uma pessoa infectada pelo coronavírus;

- Clique para assinar a newsletter e seguir a cobertura diária.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_