Xamã do QAnon se declara culpado no caso do ataque ao Capitólio

Jacob Chansley chega a um acordo com promotores federais pelo qual poderia ser condenado a uma pena de entre três e quatro anos de prisão

O ‘xamã’ do QAnon durante o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro.Win McNamee (Getty Images)

Jacob Chansley, mais conhecido como Bisão ou xamã do QAnon, se declarou culpado na sexta-feira de obstruir os procedimentos do Colégio Eleitoral no ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro. O homem que invadiu a sala do Senado exibindo chifres, peles na cabeça e o peito descoberto pode ser condenado a uma pena de entre três e quatro anos de prisão. Chansley, que chegou a um acordo com os promotores que cuidam do caso em uma audiência virtual no Tribunal Federal de Distrito em Washington, conhecerá a sentença no dia 17 de novembro.

O jovem de 34 anos é um dos rostos mais conhecidos do ataque realizado por uma turba de apoiadores de Donald Trump. O advogado de Chansley defendeu em janeiro que seu cliente estava “arrependido” e que se sentia “traído” pelo ex-presidente republicano, “o homem a quem deu a lua e que lhe virou as costas”, disse. De acordo com os promotores, quando o Bisão esteve na sala do Senado, deixou um bilhete na mesa do então vice-presidente Mike Pence que dizia: “É apenas uma questão de tempo, a justiça vai chegar”.

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O seguidor do QAnon, considerado uma organização de terrorismo interno pelo FBI, foi um dos primeiros insurgentes a invadir o Capitólio. Três dias depois do ataque, foi preso e acusado de seis crimes federais, entre os quais figuravam: desordem civil, obstrução aos procedimentos do Colégio Eleitoral, alteração da ordem pública em lugar restrito e manifestação em um edifício do Capitólio. Na sexta-feira ele só se declarou culpado pela obstrução, um dos crimes mais graves. Como parte do acordo, Chansley comprometeu-se a pagar 2.000 dólares (cerca de 10.380 reais) como restituição por danos ao Capitólio e ainda é possível que receba uma multa de 250.000 dólares.

Jacob Chansley, mais conhecido como Bisão ou xamã do QAnon, durante o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro. SAUL LOEB (AFP)

“Quando o presidente, em 6 de janeiro, pediu que caminhassem com ele pela Avenida Pensilvânia, sentiram não apenas que o presidente estava falando com eles, mas que os convidava. Nosso presidente teve um papel? Teve alguma influência? Causou, ao menos em parte, o que aconteceu em 6 de janeiro? Sim. Categoricamente. Sem dúvida alguma”, disse em janeiro o advogado Albert Watkins sobre as razões que motivaram os atos de seu cliente durante o ataque.

O juiz distrital Royce Lamberth aceitou os termos do acordo do réu com os promotores federais, que o condenarão a uma pena de entre 41 e 51 meses de prisão. Lamberth disse que em breve decidirá sobre o pedido do advogado de Chansley para libertar seu cliente enquanto aguarda a sentença. O Departamento de Justiça já se opôs a esse pedido feito reiteradamente desde a prisão de Chansley, em janeiro. “É um homem com uma saúde mental vulnerável que vive há oito meses o que qualquer médico diria ser a pior coisa que pode ser feita a alguém que tem um transtorno de personalidade”, disse Watkins.

Chansley faz parte de um pequeno grupo de violentos que, embora não tenham atacado ninguém em 6 de janeiro, permanecem sob custódia federal antes do julgamento porque representam um risco para a sociedade. Ao menos 600 pessoas foram presas até agora no caso do ataque ao Capitólio. O Departamento de Justiça obteve mais de 50 confissões de culpa.

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