Polícia da Nicarágua invade casa de pré-candidata da oposição com mandado de prisão
Governo de Daniel Ortega acusa a oposicionista Cristiana Chamorro de lavagem de dinheiro para impedir sua participação nas eleições de novembro
A polícia da Nicarágua entrou na quarta-feira na casa da candidata da oposição à presidência Cristiana María Chamorro Barrios, com um mandado de prisão. A operação policial aconteceu minutos antes de a candidata dar uma entrevista coletiva para expressar seu repúdio ao bloqueio judicial de sua candidatura presidencial, decidido na terça-feira. O Governo de Daniel Ortega recorreu a uma denúncia do Ministério Público por suposta lavagem de dinheiro para torpedear a participação política da principal líder oposicionista e a que mais simpatia provoca entre a população, segundo as pesquisas.
Policía orteguista ejecuta un allanamiento ilegal en la casa de mi hermana Cristiana Chamorro @chamorrocris, precandidata presidencial, objeto de un proceso criminal persecutorio.
— Carlos F Chamorro (@cefeche) June 2, 2021
“A doutora Karen Chavarría Morales, nona juíza do Distrito Penal de Audiência de Manágua, expediu neste 2 de junho o mandado de busca e prisão contra Cristiana María Chamorro Barrios”, informou em um comunicado a assessoria de imprensa do Poder Judiciário da Nicarágua, “acusada dos crimes de gestão abusiva, falsidade ideológica em concurso real com o crime de lavagem de dinheiro, bens e ativos, em prejuízo do Estado da Nicarágua e da sociedade nicaraguense”. “O pedido de detenção foi solicitado pelo Ministério Público na denúncia apresentada neste dia 1º de junho no tribunal de justiça da capital, no qual também se solicitou a tramitação complexa do caso e da medida cautelar de prisão preventiva da acusada”, conclui.
Chamorro Barrios, filha da ex-presidenta Violeta Barrios de Chamorro, que governou o país entre 1990 e 1997, está dentro de sua residência, localizada no sul de Manágua, enquanto dezenas de policiais estão dentro da casa. Na porta, os policiais tentam bloquear o trabalho da imprensa.
Carlos Chamorro, irmão da candidata e diretor do portal Confidencial —que também foi atacado pelo regime nas últimas semanas— denunciou a “operação policial ilegal” na casa da irmã em sua conta do Twitter.
#Ahora 🔴 La policía nos retuvo para informarnos que nos tenemos que ir. No quieren que se grabe el allanamiento y captura de @chamorrocris. De nuevo, hay presencia paramilitar identificando reporteros y reportan a los oficiales. pic.twitter.com/C4yiieHvG1
— Wilfredo Miranda (@PiruloAr) June 2, 2021
O Ministério Público da Nicarágua acusou na terça-feira Chamorro Barrios de vários crimes e solicitou sua inabilitação para ocupar cargos públicos “por não estar no pleno gozo de seus direitos civis e políticos por encontrar-se em um processo penal”. O caso de lavagem de dinheiro contra Chamorro se deve a sua condição de ex-diretora da Fundação Violeta, organização não governamental que encerrou suas atividades em fevereiro para evitar ser submetida à Lei de Agentes Estrangeiros promulgada pelo regime, normativa que criminaliza doações e financiamento de meios de comunicação. A Fundação Violeta era uma referência na defesa e na promoção da liberdade de imprensa na Nicarágua, país onde esse direito fundamental é sistematicamente atacado pelo Governo.
De acordo com o regime de Ortega, “a Fundação Violeta Barrios de Chamorro para a Reconciliação e a Democracia descumpriu gravemente suas obrigações perante o Órgão Regulador e da análise das Demonstrações Financeiras do período 2015-2019 foram obtidos claros indícios de lavagem de dinheiro; razão pela qual o Ministério do Interior informou o Ministério Público para a investigação correspondente”.
A inabilitação de Chamorro foi divulgada horas depois que a filha da ex-presidenta compareceu à sede do partido Cidadãos pela Liberdade (CxL) para se inscrever no processo interno deste partido com vista à escolha de um único candidato da oposição. A dissidência só tem essa casa na cédula eleitoral para se medir a Ortega nas eleições de novembro, eleições que não gozam de credibilidade nem de competitividade.
Na sexta-feira, o resultado da pesquisa Cid Gallup colocou Chamorro em primeiro lugar entre os oposicionistas, com 21% dos votos, tornando-se a candidata com mais chances de arrebatar o poder de Ortega, o caudilho da Frente Sandinista, que busca sua terceira reeleição consecutiva. Depois de governar entre 1979 e 1990, ano em que foi derrotado por Violeta Chamorro, voltou ao poder em 2007 e preside o país desde então.
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
Clique aquiInscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.