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Impeachment revela as fraturas que a invasão do Capitólio provocou no Partido Republicano

Dez congressistas conservadores votam a favor do processo e alguns senadores, incluindo o poderoso Mitch McConnell, expressam seu apoio ou o veem como uma oportunidade de expurgar Trump

Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado.
Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado.AP
Pablo Guimón
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(FILES) In this file photo taken on August 18, 2020 US President Donald Trump delivers remarks on immigration and border security to members of the border patrol as Acting secretary of Homeland Security, Chad Wolf (L) looks on at the international airport in Yuma, Arizona. - Acting US Homeland Security Secretary Chad Wolf resigns effective 11:59 pm January 11, 2021, said in a statement. Pete Gaynor, who ran the Federal Emergency Management Agency, would become the acting homeland security secretary. (Photo by Brendan Smialowski / AFP)
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Mike Pence rejeita apelos para destituir a Trump e abre as portas para o impeachment

O início do processo de impeachment expôs as fraturas que o assalto ao Capitólio abriu no monólito de lealdade incondicional a Trump que o Partido Republicano se tornou. Um ano depois de nem um único republicano ter votado a favor do impeachment do presidente por conta da trama ucraniana, nesta ocasião a liderança da minoria republicana na Câmara dos Representantes renunciou a pressionar formalmente seus congressistas para que votassem contra. A Câmara Baixa aprovou o impeachment nesta quarta-feira à tarde e 10 republicanos votaram a favor. Um número insólito. Este é o impeachment com o maior apoio bipartidário da história.

O apoio ao processo também é detectado por parte de alguns senadores republicanos, que se espera que possam votar pela condenação do presidente quando a Câmara Alta realizar o julgamento de destituição. Mas nenhum movimento é tão significativo como o de Mitch McConnell, o republicano mais poderoso do Capitólio, líder da maioria do Senado até que o novo controle democrata se materialize. McConnell, encarnação da interessada aliança do establishment republicano com o empresário, chegou à conclusão de que o impeachment lhes proporciona a oportunidade de expurgar Trump do partido, segundo revelaram fontes próximas do senador na terça-feira à noite.

Também a principal autoridade republicana na outra Câmara do Capitólio, o líder da minoria Kevin McCarthy, parece ter posto fim à sua lealdade incondicional ao presidente. No debate desta quarta-feira na Câmara dos Representantes, McCarthy disse que Trump “tem responsabilidade” pelo assalto ao Congresso. No entanto, argumentou contra o procedimento do impeachment tão perto do fim de seu mandato e, em vez disso, promove uma moção de censura ao presidente pelas suas ações.

Antes mesmo do vazamento das maquinações de McConnell, vários congressistas republicanos já tinham levantado a voz. Inclusive Liz Cheney, a número três do partido na Câmara, que argumentou que “nunca houve uma traição maior por parte de um presidente dos Estados Unidos ao seu cargo e ao seu juramento à Constituição”. O número de 10 republicanos que votaram a favor é mais do que considerável, tendo em conta que nenhum apoiou o último impeachment de Trump e que apenas cinco democratas votaram em três dos quatro artigos do processo de destituição de Bill Clinton. Na Câmara Alta, a equipe de McConnell tem a possibilidade de que uma dúzia de senadores republicanos vote pela condenação de Trump.

Está em curso uma batalha nas consciências dos legisladores republicanos entre o curto e o longo prazo. O prejuízo imediato de se afastar de Trump é evidente. A eleição presidencial de novembro e o processo das primárias que a precedeu deixaram claro que as bases republicanas estão com Trump. Votar pela destituição do presidente pode representar desafios para muitos senadores republicanos nas primárias das legislativas de 2022, em que o partido terá de defender 20 das 34 cadeiras em disputa. A equipe do presidente já se encarregou de lembrar isso. “80% dos eleitores do Trump e 76% dos republicanos nos Estados disputados têm menos probabilidades de votar num congressista ou senador que vote pelo impeachment”, tuitou o conselheiro do presidente Jason Miller, citando uma pesquisa interna.

No entanto, no longo prazo abundam os argumentos para uma ruptura com Trump. O partido tornou-se quase um culto a Trump nos últimos quatro anos. Prova disso é que na Convenção Nacional Republicana deste verão a formação desistiu inclusive de debater e aprovar um programa eleitoral. “Continuaremos”, explicou o partido, “apoiando entusiasticamente a agenda” de Trump. Agora, perdida a Casa Branca e as duas Câmaras do Congresso, e depois de contemplar a inquietante insurreição montada em nome de seu líder, afloram as dúvidas que não surgiram nestes quatro anos. Por convicção e também por ambição pessoal: os membros com aspirações presidenciais não são seduzidos pela ideia de que a família Trump e seus acólitos monopolizem o Velho Grande Partido.

Há, finalmente, um argumento mais mundano. McConnell falou durante o fim de semana, de acordo com a Associated Press, com importantes doadores do partido para sondá-los. E muitos lhe disseram que sentiam que Trump tinha atravessado uma linha vermelha. McConnell, de acordo com fontes da mencionada pela agência, lhes disse que tinha acabado com Trump.

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