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Ashli Babbitt, a trumpista veterana das Forças Armadas que acabou abatida no Capitólio

Californiana levou um tiro na cabeça durante a invasão do Congresso e morreu no hospital. Em suas redes, nota-se sua obsessão pelo ainda presidente, e seu marido a define como uma “grande patriota”

Patricia Peiró
Ashli Babbitt, a militar e simpatizante de Donald Trump.
Ashli Babbitt, a militar e simpatizante de Donald Trump.

Em suas últimas horas de vida, Ashli Babbitt dedicou-se a realizar uma das atividades favoritas de seu líder: tuitar. De forma compulsiva, a mulher compartilhou em sua conta do Twitter dezenas de mensagens sobre os protestos que cercavam o Capitólio em Washington. Ela estava lá, entre centenas de seguidores ― ou fanáticos ― de Donald Trump que se manifestavam às portas do Congresso, no dia em que Joe Biden deveria ser ratificado por deputados e senadores como o futuro presidente dos Estados Unidos. Foi lá também que Babbitt perdeu a vida, após levar um tiro na cabeça.

“Nada vai nos parar, a tempestade está aqui e chegará a Washington em menos de 24 horas. Da escuridão à luz”, digitava ela no Twitter na véspera da violenta irrupção no Capitólio, instigada por Donald Trump justamente com mensagens nessa rede social. Todos os seus tuítes se dedicavam a defender o presidente e a avalizar as diversas teorias conspiratórias sobre uma suposta fraude nas eleições gerais de novembro.

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Ashli Babbit, de 35 anos e moradora de San Diego (Califórnia), era uma veterana da Força Aérea dos EUA. Há anos administrava um serviço de manutenção de piscinas com seu marido Timothy McEntee. O homem falou a uma emissora local de San Diego para contar esses detalhes e declarar que sua esposa era uma “grande patriota”. McEntee não a acompanhou a Washington, disse, porque tinha que cuidar da empresa do casal. Mas, em declarações a outros veículos, chegou a admitir que não sabia que sua mulher tinha viajado à capital. Sua sogra se mostrou menos entusiasmada quando falou com o canal Fox: “Sinceramente, não sei por que ela decidiu ir”.

O marido disse ao The Washington Post que Babbit serviu no Afeganistão, Iraque e Kuwait durante os 14 anos de sua passagem pelas Forças Armadas, onde se conheceram. Separaram-se em 2019, mas se reconciliaram e voltaram a casar recentemente. “Era muito barulhenta e firme nas suas opiniões, mas também era cheia de amor e carinhosa”, disse o homem.

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Sua vida se desenrolava nas redes, e sua morte também. Segundos depois de levar o tiro que a abateu, já circulavam vários vídeos com seus últimos minutos. Em um deles, uma multidão é vista tentando passar por uma porta, até que um ruído seco detém os invasores, e um corpo cai ao chão. É o de Babbitt, com sangue jorrando pelo rosto. Ali havia bem mais de um celular. Outra das gravações mostra o que acontecia do outro lado da porta de vidro, e se vê claramente a mão que executa o disparo apontando para os invasores. Neste segundo vídeo, parece que a vítima estava empoleirada, destacando-se por cima dos demais manifestantes.

O chefe de polícia da capital confirmou que o tiro foi disparado por um agente do Capitólio e que uma investigação foi iniciada para esclarecer o ocorrido. Na mesma jornada, outras três pessoas morreram em meio às brigas.

Na última gravação de Babbit com vida, ela olha para cima, para o vazio, e parece que sua respiração se interrompe. Tem o pescoço cheio de sangue. De um lado, um grupo de policiais armados. Do outro, os seguidores de Trump apontam seus celulares para ela. Ambos os grupos se envolvem em uma briga a gritos ensurdecedores. O último plano é o da mulher iluminada com uma lanterna de celular, para que a gravação tenha uma luz melhor.

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