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Os radicais de Trump: “Expulsaremos Joe Biden, de um modo ou de outro”

Milhares de partidários do republicano protestam em Washington contra “o roubo eleitoral” do qual não há evidências

Manifestantes trumpistas, no exterior do Supremo Tribunal em Washington, neste sábado.
Manifestantes trumpistas, no exterior do Supremo Tribunal em Washington, neste sábado.OLIVIER DOULIERY (AFP)
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WASHINGTON, DC - DECEMBER 11: A police officer stands outside of the U.S. Supreme Court on December 11, 2020 in Washington, DC. More than 100 Republicans in the House of Representatives voiced their support for a pro-Trump Texas election lawsuit as the state calls for the Supreme Court to delay the certification of election results in four battleground states that Vice President-elect Joe Biden won.   Stefani Reynolds/Getty Images/AFP
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Milhares de manifestantes que se negam a reconhecer a vitória do presidente eleito Joe Biden chegaram neste sábado a Washington para mostrar seu apoio a Donald Trump. Diante da entrada do Supremo Tribunal, o ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn pediu aos presentes que continuem enviando ações em seus Estados para deter a “fraude eleitoral”. O discurso carregado de acusações infundadas ocorre um dia depois do principal órgão judicial, de maioria conservadora, recusar uma ação feita para anular os resultados na Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. “O Supremo não vai decidir quem é o próximo presidente, nós, o povo, o faremos”, disse Flynn, que se declarou culpado de falso testemunho ao FBI na investigação da trama russa e recebeu o perdão do mandatário no final de novembro.

Entre a multidão, alguns estavam vestidos de militares e outros com o traje característico dos Proud Boys, um grupo de extrema direita que o FBI liga ao supremacismo branco e à misoginia. O presidente da organização teve tempo até de comparecer a uma tour natalina pela Casa Branca. Ao meio-dia na praça da Liberdade havia muitas bandeiras de Trump e poucas máscaras. O incendiário locutor radiofônico, Alex Jones, subiu ao palco para fazer um perigoso discurso com tons épicos: “Expulsaremos Joe Biden, de um modo ou de outro”. Amy Kremer, presidenta da Women for America First (Mulheres por América Primeiro) —um dos movimentos que convocaram a manifestação― e líder do Tea Party, convidou os seguidores do republicano a “lutar” pelo mandatário. “Isso não se trata de que querem roubar a eleição de Trump, querem roubá-la de nós, o povo”.

Os fracassos das ações enviadas aos tribunais para disputar as eleições e a conclusão de uma coalizão de autoridades federais e estaduais de que as eleições de 3 de novembro foram as mais seguras na história dos Estados Unidos não convenceram os trumpistas mais radicais um mês e meio depois da votação. “Se acham que Joe Biden vai chegar à Casa Branca não estão prestando atenção”, alertou em seu discurso Katrina Pierson, ex-assessora principal da campanha de Trump. Entre gritos de “USA! USA! USA!”, Pierson afirmou que vão lutar como patriotas, “não como liberais”, esclarecendo que o FBI, a CIA, as redes sociais e a imprensa tradicional não poderão detê-los. “Não somos a resistência, somos os patriotas que querem defender a república”, acrescentou.

Sei que ocorreu fraude eleitoral, vi as pessoas aparecerem com declarações juramentadas e ações. Segui todos os procedimentos judiciais sobre os quais a imprensa não informou e estou aqui porque amo os Estados Unidos”, disse Theresa Zibro. Para ela e o restante dos manifestantes neste sábado em Washington o fato de que a Justiça não tenha encontrado base às acusações de Trump não basta. “Há muita corrupção entre os juízes e muita corrupção em muitos âmbitos, mas os que acreditam na Constituição e na democracia continuarão lutando por ela. Não somente nos próximos quatro anos, e sim enquanto estivermos vivos”.

Michael, um homem de origem russa que chegou nos Estados Unidos nos anos oitenta de Ronald Reagan, concordou que o processo não foi “justo”. Se os juízes não corroboraram as supostas irregularidades, se deve à “pressão da imprensa e das grandes empresas de tecnologia”. “O movimento de Trump quer proteger todas as pessoas” contra os excessos do “globalismo”. E, no seu entendimento, “deveria ser imitado no resto do mundo”.

Trump comemorou no Twitter a manifestação para “deter o roubo” eleitoral. O mandatário afirmou que não sabia sobre o protesto, ainda que as redes de extrema-direita OANN e Newsmax TV, que o republicano propagandeou na rede social, a promoveram como “possivelmente o maior evento na história de Washington”. Na manifestação trumpista de 14 de novembro na capital norte-americana o mandatário fez uma aparição no veículo presidencial para cumprimentar seus seguidores. O Serviço de Parques Nacionais outorgou uma permissão aos organizadores para uma manifestação de 15.000 pessoas sobre “integridade eleitoral” e a Segunda Emenda, que protege o direito da população de ter e portar armas.

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