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Democratas veem a chance de pôr fim ao domínio republicano no Senado dos EUA

O partido que controlar o Capitólio terá a chave para qualquer política ambiciosa, seja Trump ou Biden o presidente

O líder do Senado norte-americano, Mitch McConnell.
O líder do Senado norte-americano, Mitch McConnell.Timothy D. Easley (AP)
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Campaign signs of U.S. President Donald Trump and presidential nominee and former Vice President Joe Biden are seen on Election Day in Cherryville, Pennsylvania, U.S., November 3, 2020. REUTERS/Rachel Wisniewski
O que está em jogo na eleição americana é a democracia no mundo

Que o presidente dos Estados Unidos é a pessoa mais poderosa do mundo, pouco se discute. Se é a pessoa mais poderosa de Washington DC, isso é outro assunto. Os seis anos de Mitch McConnell como líder da maioria republicana no Senado mostraram que qualquer decisão de certa importância precisa passar por sua aprovação, seja quem for o presidente do país.

A rejeição republicana a Barack Obama e à sua reforma da saúde deu aos republicanos o controle da Câmara dos Representantes em 2010 e o do Senado em 2014, marcando de fato o fim da presidência de Obama.

Com Donald Trump, as coisas parecem ir mais rápido. Uma supermobilização contra o republicano devolveu a Câmara aos democratas em 2018. Não há sinal de que a tendência tenha diminuído o mínimo que seja. O controle do Senado está prestes a ser definido nesta terça-feira. Se você quer ter poder em Washington, essa vitória é tão importante quanto ganhar a presidência. Qualquer esperança de colaboração bipartidária saltou pelos ares.

Nesta terça serão preenchidas 35 das 100 cadeiras do Senado e todas as 435 da Câmara dos Representantes. A maioria democrata na Câmara não está em perigo. Mas, no Senado, os republicanos estão na defensiva. Há 23 cadeiras republicanas em jogo, contra apenas 12 democratas. As análises indicam que entre 6 e 14 assentos estão de fato em disputa. A previsão é que os democratas obtenham pelo menos dois e percam um. Precisam de um ganho líquido de quatro para conquistar a maioria (51-49) ou de três, se Biden ganhar a presidência (Kamala Harris, como vice-presidenta, seria a presidenta do Senado, que pode desempatar).

A ofensiva é total. Pelo menos dois candidatos democratas quebraram o recorde histórico de arrecadação de fundos para um candidato ao Senado. Talvez não se saiba quem será a pessoa mais poderosa do mundo nesta terça à noite. Mas nestas eleições é preciso estar atento a quem vai ficar com as chaves do Capitólio, seja quem for o presidente.

Cadeiras republicanas com alta probabilidade de mudarem de partido

Colorado

O republicano Cory Gardner conquistou a cadeira no Colorado em 2014. O então governador, John Hickenlooper, após uma breve aparição nas primárias democratas para presidente, está concorrendo contra ele. A principal fraqueza de Gardner é ter se tornado um subalterno de Trump. No Colorado também jogam um papel importante os incêndios recordes do Estado, com um nível de destruição que antes só se via na Califórnia, enquanto o presidente dizia que o problema era de manejo florestal. As pesquisas dão a Hickenlooper entre 8 e 9 pontos de vantagem.

Arizona

O astronauta Mark Kelly, marido da ex-congressista Gabby Giffords (que foi baleada em 2011) está prestes a arrebatar a cadeira da republicana Martha McSally. A senadora foi escolhida a dedo pelo governador republicano para substituir o falecido John McCain, apesar de ter perdido uma eleição para esse posto apenas um ano antes. A média das pesquisas a favor de Kelly é de 5,8 pontos de vantagem. O Arizona, um Estado tradicionalmente republicano, poderia ter dois senadores democratas. Neste Estado, a eleição presidencial e a eleição para o Senado alimentam uma à outra e a participação de latinos, jovens urbanos e republicanos desencantados não só pode dar a Kelly a cadeira, mas também a presidência a Biden se a conta ficar empatada nos Estados do Leste.

Cadeiras democratas com alta probabilidade de mudar

Alabama

Parece inevitável que o republicano Tommy Tuberville substitua o democrata Doug Jones no Alabama. Tem vantagem de 11 a 12 pontos nas pesquisas. O Alabama é um Estado profundamente conservador.

Cadeiras indefinidas desejadas pelos democratas

Maine

A cadeira de Susan Collins está seriamente comprometida. A moderação que permitiu à senadora Collins manter sua cadeira foi pelos ares na presidência de Trump, na qual cada voto em favor do presidente, apesar de suas reiteradas críticas de consciência, corroeu sua imagem bipartidária. A candidata democrata, Sara Gideon, muito popular como presidenta do Legislativo estadual, tem uma vantagem de 4 a 6 pontos.

Carolina do Sul

Um dos senadores republicanos mais conhecidos, Lindsey Graham, enfrenta a reeleição mais difícil de sua carreira. Depois de meses esfolando Trump em aparelhos de televisão, Graham se tornou a muleta do presidente no Senado. Como presidente do Comitê de Justiça, é a imagem da rápida confirmação de Amy Coney Barrett à Suprema Corte. Seu oponente é um homem negro, Jaime Harrison, que se apresenta com um discurso moderado e sem posições excessivamente contundentes sobre nada, tentando navegar em um eleitorado predominantemente conservador, mas que parece disposto a derrubar Graham. É uma corrida imprevisível, com pesquisas apontando empate e outras indicando vantagem de Graham por 6 pontos. Em meados de outubro, Harrison arrecadou 57 milhões de dólares (328 milhões de reais) em todo o país, o recorde absoluto para um candidato ao Senado.

Carolina do Norte

Um Estado do Sul onde todas as pesquisas parecem favorecer os democratas nesta terça-feira, mas com dois candidatos em má situação. O senador republicano Thom Tillis é um dos trumpistas que foram infectados pelo coronavírus. O candidato democrata, Cal Cunningham, estava se preparando para tomar seu lugar quando emergiu um caso sexual embaraçoso que prejudicou sua imagem. A vantagem média de Cunningham é de 2,5 pontos, mas ninguém ousa mais prever sua vitória.

Geórgia

Uma das corridas mais interessantes desta eleição, em outro Estado tradicionalmente conservador do cinturão da Bíblia sulista. O democrata Jon Ossoff, ex-jornalista de 33 anos, concorre contra o republicano David Perdue. Arrecadou mais de 20 milhões de dólares (115 milhões de reais). Duas intervenções de Ossoff no último debate se tornaram tão virais que Perdue decidiu cancelar o segundo debate. Em particular, uma em que o acusava de ser antissemita por ter alargado o nariz de Ossoff em um anúncio, como para lembrar a todo mundo que ele é judeu. Perdue também é um dos senadores acusados de ter vendido ações depois de receber um briefing sobre a pandemia em fevereiro, quando em público o presidente dizia que não havia nenhum problema. As pesquisas dão a Ossoff uma vantagem mínima, mas Biden parece ser forte na Geórgia e pode lhe dar um empurrão.

Montana

O governador democrata Steve Bullock está tentando conquistar a cadeira do atual senador republicano Steve Daines. É uma contenda difícil, as pesquisas não são claras quanto a quem está à frente num Estado de apenas um milhão de habitantes muito dispersos e rurais. Em 2016, Trump ganhou a presidência por 20 pontos, enquanto Bullock venceu como governador democrata.

Há outras cadeiras que podem passar de republicanos para democratas, mas nas quais ninguém confia muito. Apenas uma maré azul e uma vitória esmagadora de Joe Biden explicariam a mudança de mãos. De qualquer forma, vale a pena ficar atento, mesmo que seja para adivinhar as tendências na noite das eleições. São as cadeiras de Iowa, Michigan, Texas e a segunda da Geórgia.

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