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Trump acusa Irã de planejar ataque surpresa às tropas dos EUA no Iraque

Teerã responde que Washington “mente, engana e assassina de forma sub-reptícia”

Donald Trump durante uma entrevista coletiva.
Donald Trump durante uma entrevista coletiva.Alex Brandon (AP)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que Washington possui informações que apontam para um “ataque surpresa” do Irã ou das milícias que apoia contra suas tropas no Iraque. “É uma informação muito boa”, disse o presidente na tarde de quarta-feira, em sua entrevista coletiva diária na Casa Branca para informar sobre a emergência sanitária devida ao Covid-19. “Fala de um ataque liderado pelo Irã ou por grupos apoiados pelo Irã, o que para mim é a mesma coisa. Só lhes dizemos uma coisa: não façam isso”.

O presidente se referiu ao recente conflito entre o Irã e os Estados Unidos, quando as forças norte-americanas executaram o poderoso general Qasem Soleimani no dia 3 de janeiro em Bagdá. “Se isso acontecer, nossa resposta será maior ainda. O Irã pagará um preço muito alto, é claro”, disse Trump.

“Com base em informações e convicções, o Irã ou seus agentes delegados estão planejando um ataque surpresa contra tropas ou interesses norte-americanos no Iraque”, escreveu o presidente horas antes em sua conta no Twitter, no início da tarde, após uma reunião com oficiais de inteligência agendada ao meio-dia.

Segundo fontes anônimas de inteligência citadas pela agência Reuters, o que esperam é um ataque realizado por intermediários, o que permitiria a Teerã negar seu envolvimento. Não uma ação direta como a que o Irã empreendeu em 8 de janeiro, em resposta à execução de Soleimani.

A tensão entre os dois países voltou nas últimas semanas. Washington acusou uma milícia apoiada por Teerã de um ataque em 11 de março no Iraque, que matou dois soldados norte-americanos e um britânico. Os Estados Unidos responderam bombardeando as posições das milícias no Iraque.

O Exército norte-americano levou recentemente para o Iraque vários sistemas de defesa antiaérea contra foguetes, artilharia e projéteis de morteiro, bem como sistemas Patriot. O Governo do Irã alertou nesta quarta-feira que essa mobilização no Iraque poderia exacerbar as tensões regionais.

Depois da pouco velada ameaça de Trump, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, não demorou a responder. “Não se deixe enganar DE NOVO pelos belicistas habituais”, alertou nesta quinta-feira em um tuíte com o costumeiro uso de maiúsculas. “O Irã tem AMIGOS: ninguém pode ter MILHÕES de proxies”, acrescenta, referindo-se às milícias pró-iranianas que Washington acusa pelos ataques às suas bases no Iraque. Zarif também insiste que “ao contrário dos EUA, que mentem, enganam e assassinam de forma sub-reptícia, o Irã só age em legítima defesa”.

Muitos observadores discordam. Mesmo aqueles que criticam a aposta norte-americana de contrapor medidas militares diante das políticas no Oriente Médio admitem que os iranianos e seus parceiros estão testando capacidade de resistência dos EUA com suas escalada de ataques.

A situação se agrava porque, desde que os EUA assassinaram Soleimani, as milícias iraquianas também perderam sua figura unificadora, Abu Mahdi al-Muhandis. O escolhido para substituí-lo à frente das Forças de Mobilização Popular (FMP), o guarda-chuva que agrupa as milícias, Abdulaziz al-Mohammedawi, não desperta a mesma unanimidade e, aparentemente, alguns dos ataques contra as bases norte-americanas podem ser resultado dessas divisões e da ação independente de alguns grupos.

Seja como for, diante das previsíveis represálias dos EUA, porta-vozes iranianos também aumentaram sua retórica. O substituto de Soleimani à frente da Força Qods (o braço da Guarda Revolucionária que se ocupa das operações no exterior), o general Ismael Ghaani, também usou o Twitter para advertir Washington que, em tal eventualidade “nem Israel nem os países do Golfo estarão seguros”.

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