O que se sabe sobre o coronavírus chinês
Metrópole de Wuhan, de 11 milhões de habitantes, é considerada o epicentro do surto, que alarma autoridades desde a confirmação de transmissão entre pessoas, o que torna a doença mais perigosa
O Governo da China isolou nesta quinta-feira a cidade de Wuhan, deixando 11 milhões de habitantes em quarentena para evitar a propagação do recém-descoberto coronavírus 2019-nCoV. Segundo as autoridades, o surto já causou 26 mortes e mais de 890 diagnósticos de contaminação e foi detectado em ao menos outros 16 países, incluindo Cingapura, Tailândia, Coreia do Sul, Japão, Taiwan e Estados Unidos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) descartou nesta quinta-feira declarar emergência global para a situação. A convocação do encontro do comitê de emergência da organização ocorreu na segunda-feira, após a confirmação pelas autoridades chinesas de que o vírus pode ser transmitido entre pessoas, algo que torna a doença mais perigosa.
“O surto recente de uma nova pneumonia por coronavírus em Wuhan e outros lugares deve ser levado a sério”, disse na segunda-feira o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, em sua primeira declaração pública sobre a crise. “Os comitês do partido, os Governos e os departamentos relevantes em todos os níveis devem colocar em primeiro lugar a vida e a saúde das pessoas”.
É um novo vírus, e os cientistas estudam suas características e sua expansão. Isso é o que se sabe até o momento.
Quantos são os afetados?
Os números oficiais ate agora apontam 26 mortos e 894 infectados.
Quais são os sintomas?
A doença provoca sintomas semelhantes aos de uma pneumonia, ocasionando febre e dificuldades respiratórias, ainda que dependendo da pessoa afetada podem ser muito leves, graves e até mortais.
É mortal?
Por enquanto foram registradas 26 mortes causadas pelo 2019-nCov, o nome oficial do patógeno. O antecedente mais direto que existe é a SARS, da mesma família. Também nasceu na China e causou em 2002 a morte de mais de 700 pessoas. Foi mortal em aproximadamente 10% dos casos, especialmente fatal entre os maiores de 65 anos. Os cientistas trabalham para codificar sua sequência, mas a priori acham que não é tão grave.
Como surgiu?
Os coronavírus são microrganismos que mutam com facilidade. A suspeita é que passaram aos humanos em um mercado de animais vivos em Wuhan, já que a imensa maioria dos primeiros pacientes esteve lá. É provável que o vírus tenha passado de um hóspede primário, como um morcego, a outra espécie por alguma adaptação e mutação, e que em outra posterior, em seu contato com pessoas, chegasse a elas.
Como se transmite?
No começo se supunha que só poderia passar de animais a humanos, da mesma forma que outro patógeno conhecido da mesma família: o MERS-CoV. Mas as autoridades chinesas confirmaram na segunda-feira que pode ser transmitido por via respiratória entre pessoas, algo de que se suspeitava após a detecção de um número cada vez maior de infectados que não passaram pelo mercado.
Em que países chegou?
Já cruzou três fronteirase chegou ao menos 16 países, incluindo Cingapura, Vietnã, Tailândia, Coreia do Sul, Japão, Taiwan e Estados Unidos.
Cronologia do caso
31 de dezembro de 2019. A China informa sobre um caso de pneumonia de origem desconhecida detectado na cidade de Wuhan.
3 de janeiro. Notificados os primeiros 44 casos de uma misteriosa pneumonia.
7 de janeiro. As autoridades chinesas identificam um novo tipo de coronavírus.
11 de janeiro. Primeira morte confirmada pela nova pneumonia.
11 e 12 de janeiro. A Comissão Nacional de Saúde da China informa que o surto está associado ao contato com frutos do mar em um mercado na cidade de Wuhan.
12 de janeiro. A China compartilha o sequenciamento genético do novo coronavírus para que os demais países possam estudá-lo e desenvolver ferramentas específicas de diagnóstico.
13 de janeiro. A Tailândia notifica o primeiro caso importado do novo coronavírus (2019-nCoV) de Wuhan, confirmado por laboratório.
15 de janeiro. O Japão relata um caso importado do coronavírus.
20 de janeiro. A Coreia do Sul relata um caso confirmado. A cifra oficial de contaminados sobe a 198.
21 de janeiro. Os Estados Unidos notificam o primeiro caso confirmado fora da Ásia.