França enfrenta seu segundo dia de greve e o sexto de bloqueio de transportes

Sindicatos confrontam o Governo Macron na véspera do anúncio formal da reforma das aposentadorias

A França enfrenta na terça-feira o segundo dia de greve nacional fortemente apoiada pelos trabalhadores ferroviários e do transporte público.CHRISTIAN HARTMANN (REUTERS)

A França vive nesta terça-feira seu segundo dia de greve nacional contra a reforma das aposentadorias planejada pelo Governo de Emmanuel Macron e o sexto de bloqueio de transporte de suas principais cidades. A mobilização não é generalizada, como ocorreu durante os grandes protestos da última quinta, quando quase um milhão de pessoas foi às ruas. Porém, a paralisação indefinida mantida pelos trabalhadores do transporte público em cidades como Paris, além do bloqueio do serviço ferroviário desde esse dia, provocou uma paralisação nas ruas que dificulta muito o dia a dia nas principais cidades do país.

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A situação voltou a se complicar no começo da manhã, com congestionamentos de mais de 400 quilômetros, quase o dobro do normal no horário de pico. O recurso ao automóvel ― próprio e compartilhado ― era praticamente a única possibilidade para muitos habitantes dos arredores de Paris de chegar a uma capital em que o metrô e as linhas auxiliares estão praticamente paralisadas na terça-feira . Por causa dos bloqueios em algumas estações de saída feitos pelo grevistas, 10 das 14 linhas de metrô não funcionam e outras o fazem de maneira muito restrita, enquanto que somente um quarto dos ônibus circula.

A empresa nacional de trens, a SNCF, também alertou que o tráfego internacional continuará “prejudicado” nesta terça-feira. Entre a França e a Espanha “nenhum” trem circulará, enquanto na linha do Eurostar (Paris-Londres) somente circularão três em cada cinco trens, assim como a conexão com Bruxelas, entre outras. Da mesma forma, circularão somente um em cada cinco trens de alta velocidade e auxiliares. A SNCF também não consegue garantir mais de dez trajetos regionais, que em sua maioria serão substituídos por ônibus.

Nesse dia de greve, o tráfego aéreo também será afetado. A Direção Geral de Aviação Civil (DGCA) solicitou a redução de 20% dos voos para e da França que saem dos aeroportos de Paris, Lyon, Marselha, Toulouse e Bordeaux. Somente a empresa Air France anunciou o cancelamento de 10% dos seus voos de média distância e 25% dos domésticos. Mesmo mantendo todas as viagens de longa distância (mais de quatro horas) programadas, a companhia aérea francesa alertou sobre a possibilidade de “atrasos e cancelamentos de última hora”, disse em um comunicado.

O desafio dos sindicatos está, entretanto, nas manifestações programadas em todo o país. O desafio é ver se, na véspera do anúncio oficial dos detalhes da reforma das aposentadorias por parte do primeiro-ministro, Édouard Philippe, são capazes de conseguir a mesma força de convocação de quinta passada, quando levaram de 800.000 pessoas (de acordo com números oficiais) a um milhão e meio (segundo os cálculos dos sindicatos) às ruas.

Como foi adiantado, alguns dos setores que mais apoiaram a greve da semana passada, como o dos professores, não estão tão mobilizados nessa segunda data. O Ministério da Educação Nacional indicou que a taxa de grevistas nas escolas primárias e do ensino médio era muito mais baixa na terça-feira, 12,5%, do que na quinta, quando chegou a 51,15%.

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