Ouro merecido para a baiana Ana Marcela Cunha na maratona aquática da Olimpíada de Tóquio
Aos 29 anos, a nadadora terminou a prova em 1h59m33s, após uma execução considerada perfeita de sua estratégia. Ela estreou com 16 anos nos Jogos de Pequim, ficou fora em Londres 2012, e perdeu no Rio de 2016
Ana Marcela Cunha nadou 10 quilômetros nesta terça-feira em direção ao ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Um dos principais nomes da maratona aquática da história da categoria, a brasileira já possuía vários títulos mundiais. Mas faltava uma medalha olímpica em seu currículo de atleta. Ela chegou após uma prova perfeita de 1h59m33s na baía de Tóquio. Com a conquista, o Brasil passa a ter 15 medalhas em Tóquio e a ocupar a 14ª posição.
A brasileira alternou entre a liderança, a segunda e a terceira posição ao longo de toda a maratona, executando uma estratégia traçada bem antes. Usou todo seu fôlego na sétima e última volta e disparou rumo à linha de chegada. “Eu disse antes que para ganhar de mim teriam que nadar muito. Eu sabia o quanto eu estava preparada”, afirmou em entrevista após a vitória. A prata ficou com a holandesa e campeã na Rio 2016 Sharon Van Rouwendaal, que completou a prova em 1h59m31.7s. Já a australiana Kareena Lee conquistou o bronze, com um tempo de 1h59m32.5s. “Eu fiz minha prova e uma coisa que aprendi é ser feliz, eu tava sendo feliz fazendo o que eu amo e tudo correu muito bem”, completou Ana Marcela.
Ana Marcela, de 29 anos, chegou a Tóquio com expectativa alta de levar uma medalha para o Brasil. Ela estreou numa Olimpíada em Pequim 2008, com apenas 16 anos, mas acabou ficando de fora da Londres 2012. Na Rio 2016 era a favorita, mas acabou chegando em décimo lugar por causa de um problema de saúde. Agora foi diferente. “É um quarto ciclo olímpico vindo de uma frustração no Rio e um amadurecimento muito grande para chegar até aqui”, explicou.
A frustração após o último ciclo olímpico deu lugar a um longo período de preparação, segundo explicou antes de embarcar para a Tóquio. “Estamos concluindo essa etapa mais longa de treinos no Brasil, com o ritmo cada dia mais forte e intenso. Foi um período com poucas competições fora e tivemos que refazer o planejamento por causa das restrições da pandemia”, explicou em entrevista para A Tribuna. “Mas conseguimos reformulá-lo acrescentando mais um ano até os Jogos Olímpicos”, complementou.
Nascida em Salvador, a maratonista aquática é filha de pai nadador e mãe ginasta. Começou a nadar aos dois anos na creche, mas a linhagem familiar falou mais alto. Em 2001 começou a treinar no Clube Olímpico de Natação em Salvador, e desde 2007 vem nadando pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos. Em seu histórico estão medalhas de ouro em quatro campeonatos mundiais de 25 quilômetros e cinco nos de 10 quilômetros. Ao todo acumulou 33 medalhas de ouro, 16 de prata e 17 de bronze nas etapas dos mundiais da Federação Internacional de Natação (FINA), um recorde. Faltava o ouro olímpico. “O que eu posso dizer é acreditem nos sonhos, deem tudo de si”, afirmou depois da última maratona.
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