Bruno Fratus leva o bronze nos 50m livre da natação e conquista a medalha olímpica que buscava há 10 anos
Depois de chegar perto do pódio em Londres 2012 e Rio 2016, nadador traz para o país a 15ª medalha olímpica da história da natação brasileira. “Finalmente eu realizei meu sonho que começou aos 11 anos”
Bruno Fratus disparou rumo ao pódio. O nadador brasileiro garantiu a terceira melhor marca nos 50m livre da natação nos Jogos Olímpicos de Tóquio e conquistou um bronze para o Brasil. A vitória do nadador põe fim à maldição do quase que o perseguida desde as últimas duas olimpíadas, quando ele fez excelentes marcas, mas não conseguiu a medalha que buscava. “[O grito] está entalado desde 2011, quando disputei meu primeiro mundial. Depois, 2012 aquela Olimpíada do quase. Depois do Rio principalmente. Foi um grito de finalmente medalhista olímpico”, comemorou o nadador, ao explicar o grito de comemoração que ecoou pelo centro aquático olímpico na noite deste sábado, 31 de julho. É a segunda medalha da natação brasileira em Tóquio ―a primeira foi o bronze com Fernando Scheffer nos 200m livre― e a 15ª da história da natação brasileira.
O nadador brasileiro marcou 21s57 e conquistou a nona medalha olímpica para o Brasil no Japão. Fratus ficou atrás apenas do norte-americano Caeleb Dressel, que cravou 21s07 nos 50m livre (novo recorde olímpico) e de Florent Manaudou, da França (21s55).
Fratus, de 32 anos, já é um veterano das piscinas e o velocista que mais vezes nadou abaixo de 22 segundos no mundo. Somente em Jogos Pan-Americanos ele possui sete medalhas, sendo cinco de ouro e duas de prata —conquistadas entre Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019. O nadador ainda possui três medalhas de prata e um bronze campeonatos mundiais. Faltava ainda uma medalha olímpica.
“Realizei meu sonho que começou quando eu tinha 11 anos de idade e não teria sido sem o suporte, o amor, a amizade de todo mundo que está até agora do meu lado e não abriu. Sem a palavra de quem duvidou. Essa é para vocês também!”, afirmou em entrevista à TV Globo ao deixar a piscina, ostentando a vitória de quem engoliu uma série de críticas e frustrações na última década.
Nascido de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, o nadador olímpico mudou-se ainda criança para o Nordeste brasileiro e viveu em cidades como Salvador (BA), Natal (RN) e Mossoró (RN). Retornou ao Sudeste com 17 anos, quando foi a São Paulo para treinar no Esporte Clube Pinheiros. Sua primeira Olimpíada foi em Londres 2012, quando ficou a dois centésimos de César Cielo na prova dos 50 metros livre. Acabou em quarto lugar, enquanto Cielo levou o bronze naquele ano na categoria.
As expectativas eram altas para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, mas Fratus sofreu uma lesão na região lombar meses antes. As dores nas costas foram obstáculo e o velocista acabou em sexto nos 50 metros livre daquele ano. O resultado foi decepcionante e o nadador teve de lidar com uma depressão. “Eu fui deixado de lado por muita gente que eu achava que ia me apoiar numa situação como aquela, e eu me senti muito, muito sozinho por um momento”, disse ao portal Olympics no ano passado. Ao deixar a piscina em Tóquio na noite deste sábado, o nadador agradeceu a quem o acompanhou neste período, mas também aos que duvidaram que ele conseguiria uma medalha olímpica.
No processo de recuperação, a esposa de Bruno Fratus, a ex-nadadora olímpica Michelle Lenhardt, passou a ser sua treinadora. “Ela tem sido vital. Acho que uma vez que você tem alguém que realmente ama e que pode confiar 100%, mesmo não concordando sempre, estamos brigando pela mesma coisa”, afirmou. Ele dedicou o bronze à atleta, com quem tem dois cachorros, os vira-latas Harrison e Carlos. “O que eu fiz para me reerguer foi querer me reerguer. O primeiro passo para ser ajudado é querer ser ajudado. Escrevam isso, por favor. Pode fazer a diferença para alguém. E amor, diálogo, compreensão”, concluiu um emocionado Fratus ao deixar a piscina rumo ao pódio, no Japão.
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