Nadadora critica Tóquio 2020 por não permitir que ela viaje com seu filho em período de amamentação
Capitã da equipe espanhola de nado artístico, Ona Carbonell reivindica a conciliação entre família e esporte para além da Olimpíada. Apesar da restrição, ela estará na competição da modalidade
Ona Carbonell ergueu sua voz contra o que considera uma falta de respeito por parte dos dirigentes esportivos com as atletas que são mães. A capitã da seleção espanhola de nado artístico tornou pública sua “decepção” porque o Comitê Olímpico Internacional (COI) e as autoridades japonesas não lhe permitiram viajar para Tóquio com seu filho Kai, que completará um ano em agosto.
Ona, de 31 anos, defende o aleitamento materno exclusivo. E assim fez até seu filho completar seis meses. Desde então, combina os primeiros alimentos sólidos com a amamentação, apesar das dificuldades de conciliá-la com sua dedicação ao esporte. Ela se retirou das competições após o Mundial da Coreia do Sul em julho de 2019 e, depois de dar à luz, retornou em maio e se classificou para os Jogos Olímpicos com a equipe espanhola em junho. A nadadora barcelonesa é a que conseguiu mais medalhas na história dos Mundiais, com 23, sendo superada apenas por dois homens, Michael Phelps, com 33, e Ryan Lochte, com 27. A essas conquistas Ona acrescenta duas medalhas olímpicas, em dupla e por equipe em Londres 2012, e 12 nos Jogos Europeus, totalizando 37.
Com o título “Jogos Olímpicos e conciliação familiar”, a nadadora explica em sua conta no Instagram: “Apesar do aparecimento de algumas notícias que sugeriam a possibilidade de que nós, esportistas, poderíamos viajar para os Jogos Olímpicos de Tóquio acompanhados de nossos filhos lactentes ou de tenra idade, fomos informados pelas entidades organizadoras sobre algumas medidas extremamente drásticas que impossibilitam essa opção para mim. Depois de receber inúmeras expressões de apoio e incentivo para ir a Tóquio com Kai, queria manifestar minha decepção e desilusão porque terei de viajar sem ele. Nossa única possibilidade é esperar o fim desta pandemia para que a normalidade volte, e com ela as medidas necessárias para que a conciliação entre família e esporte de elite durante uma competição seja mais fácil para todos. Muito obrigada a todos por seu apoio”.
O vídeo já tem mais de 200.000 reproduções, e personagens do mundo esportivo como Gemma Mengual, treinadora de seleção espanhola de natação artística, e Saúl Craviotto, canoísta e porta-bandeira da Espanha nos Jogos de Pequim, reagiram escrevendo comentários de apoio à nadadora catalã.
Ona contou em janeiro ao EL PAÍS os sacrifícios que tinha de fazer para alimentar seu filho exclusivamente com leite materno. E falou sobre a desvantagem das atletas que são mães na hora de treinar e competir. “A maternidade ainda é um dos handicaps que a mulher tem no esporte. Engravidar não é uma lesão. Falei com outras esportistas, com minha amiga Teresa Perales [também nadadora], por exemplo; ela ficou sem renda, sem nada, não tinha nem raia para nadar, ninguém confiava nela. Percebi que isso da conciliação no esporte não existe.”
Ela assumiu sua maternidade como um novo desafio. “Queria voltar a competir depois do parto como um desafio esportivo, mas principalmente como um dever moral”, destacou. O conjunto de nado artístico da Espanha, com Ona Carbonell à frente, classificou-se para os Jogos no Pré-Olímpico de Barcelona, realizado em junho. O torneio olímpico será disputado de 2 a 7 de agosto.
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